Começo este meu artigo para O Despertar, avivando alguns leitores para o significação de Autodidata. Na realidade esta palavra, quer dizer, que ou quem se educa por si própria; que ou quem é mestre de si mesmo (in, Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Ou seja, a educação não formal ou informal faz parte permanente da sua vida.
A pessoa a quem me quero referir e que possui esse talento é um pintor.
A pintura acompanha o ser humano ao longo da história. Foi uma das principais formas de representação e expressão dos humanos, ao longo da sua existência. Quando o artista ambiciona simbolizar num quadro uma realidade que lhe é familiar, natural e sensível ou íntima, a pintura é, essencialmente, a representação pictural de um tema: é uma pintura, para simplificar, figurativa. O tema pode ser uma paisagem (natural ou imaginada), uma natureza morta, uma cena mitológica ou quotidiana, sempre manifestada como um conjunto de cores e luz.
A pintura abstracta resulta, na minha modesta e pouco sábia opinião, inteiramente oposta à primeira: enquanto aquela demanda uma certa racionalidade e expõe apenas as relações estéticas do quadro, esta é normalmente desordenada e declara o instinto e sensações do artista a quando da feitura da obra.
As técnicas por mim mais conhecidas são a pintura a óleo, a tinta acrílica, o guache, a aguarela, a caseína, a resina alquímica e a têmpera de ovo. É também possível lidar com pastéis e Canyon, embora estes materiais estejam mais identificados com o desenho. O auto-retrato, ícone, natureza morta, paisagem, retrato, são as que mais aprecio.
Mas afinal de que Pintor quero falar?
Durante muitos anos frequentei o Café Santa Cruz, ícone histórico de Coimbra, onde encontrei e conheci um dos seus empregados, – um dos que mais apreciava e de que me vim a tornar amigo. Era conhecido pelo simplesmente nome Costa.
Apreciava nele a sua vontade de aprender ao longo da vida. Quando havia pouco que fazer, juntava-se à minha mesa e à minha pessoa e discutíamos vários assuntos abrangendo um espectro largo de saberes.
Era também artista com muitos quadros pintados e exposições feitas. Tinha aprendido por si, aprendeu a aprender. Admirava os seus auto-retratos, ícones, naturezas mortas, paisagens e retratos.
Muitas vezes, com um guardanapo de papel em cima da bandeja, expressava o que lhe ia na alma. Bastava-lhe o lápis com que fazia as contas aos fregueses.
Por duas vezes sentindo-me distraído a ler ou escrever, desenhou o meu auto-retrato que sempre me oferecia com enlevo. Deixou-me por vezes com a lágrima ao canto do olho.
Que enorme pintor auto-retratista! Deixo aqui em sua homenagem, uma das representações concebidas, algumas delas consumadas em minutos e que me ofertou. Duas delas, encontram-se expostas na minha sala.
Este meu auto-retrato, feito num guardanapo de papel, aqui fica postado para celebrar a nossa amizade.
Abraço Senhor Costa.