1. Tenho família na Madeira, por esse facto, tive oportunidade de conhecer o lugar do seu Lazareto.
2. Desejava uma monografia da Madeira, em substituição encontrei a História da Madeira, que Olga Teixeira da Secretaria Regional de Educação teve a amabilidade de me oferecer, depois de constatar o meu interesse por diversos assuntos da ilha. É uma obra volumosa, coordenada por Alberto Vieira. É uma reflexão histórica que possibilita ao leitor, qualquer que ele seja, uma porta aberta para o conhecimento do passado do arquipélago.
3. Os Lazaretos possuem características históricas únicas. Estou convicto de que grande parte da população da Madeira não conhece e é bom que entenda. Comecemos, então, pela palavra Lazareto do Funchal, embora a história de muitos outros, noutras regiões, não se afaste muito deste.
4. As regiões portuárias estiveram sempre sujeitas a doenças trazidas do exterior por passageiros e mercadores. Assim, as autoridades estabeleciam lugares de quarentena. Lazareto é sinónimo de locis (isolamento dos Lázaros, mas, também, espaço de quarentena ou isolamento dos doentes).
Lazareto é, pois, local de tormento dos lázaros mas também espaço de quarentena.
5. Edifício próprio para as quarentenas, isolado e destinado a receber e a desinfectar as pessoas e os objectos provenientes de lugares onde reine uma doença epidémica ou contagiosa.
6. A instituição dos Lazaretos é muito antiga, mas só tardiamente é que, à força de serem devastadas pela peste, as cidades do Mediterrâneo trataram de defender-se dessa terrível epidemia. A palavra Lazareto não passava de uns antros imundos, escuros e insalubres, onde os viajantes, que eram obrigados às quarentenas, só achavam muralhas derrocadas, péssimos alojamentos e comidas também detestáveis, tudo por exorbitantes preços.
7. Assim durou, este e muitos outros, até que, em 1867, o governo atendendo finalmente às repetidas queixas dos quarentenários, resolveu-se a construir novos edifícios para os Lazaretos, depois de consultadas as pessoas competentes.
8. Ali se introduziram os melhoramentos apropriados a estabelecimentos deste género, especialmente no serviço de desinfecção e de reverificação de bagagens, sendo a estufa destinada a este fim dotada dos aparelhos mais aperfeiçoados.
10. A cozinha é um monumento célebre em todos eles. Pode alimentar por dia 1.000 pessoas. E só o fogão monstro custou 1.000 libras esterlinas! As comunicações da cozinha com os isolados são feitas por meio do habitual sistema de rodas. O palratório e a sala de visitas estão num semicírculo paralelo ao das quarentenas, e tem 21 janelas sobre um espaço para onde deitam outras tantas aberturas das quarentenas. E assim falam os quarentenários às pessoas que os vão visitar
11.Tem lavandaria e quartel para o destacamento, Encontra-se uma estação de incêndios com material para caso de sinistro, ainda mais elevado está o cemitério com a capela caiada e cruzes engrinaldadas ao rés do solo. Serve para os que morrem de moléstias suspeitas. [Bibliografia alterada da História dos principais lazaretos: História dos principais lazaretos da Europa, acompanhada de diferentes memórias sobre a peste, traduzida em português por José Ferreira da Silva; Lisboa, 1800.]