17 de Abril de 2025 | Coimbra
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Segurança é fundamental para recuperar turismo no Centro

4 de Fevereiro 2022

A segurança é um dos fatores fundamentais para recuperar a atratividade turística no Centro de Portugal. A pandemia levou a mudanças significativas nos comportamentos dos turistas que visitam esta região, tornando-se necessário adotar novas estratégias para captar visitantes para este território num cenário pós-covid-19.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo realizado na Universidade de Coimbra (UC), que tem como objetivo “perceber os impactos da atual pandemia nos hábitos e tomadas de decisão dos turistas no Centro de Portugal”.

Conduzido por Catarina Gouveia e Cláudia Seabra, investigadoras do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), este estudo envolveu 320 turistas que visitaram a região entre novembro de 2020 e maio de 2021, na sua maioria de nacionalidade portuguesa (98,4%). Foram questionados sobre as principais escolhas nas suas viagens antes, durante e após a pandemia, designadamente alojamento eleito, planeamento da viagem, segurança e transporte utilizado nas deslocações de férias/lazer.

Ficou claro que os impactos da pandemia foram severos para o Centro de Portugal, uma das regiões mais diversificadas em termos turísticos do país que, até ao início de 2020, se encontrava em franca expansão. Os resultados indicam que os turistas no Centro de Portugal alteraram os seus hábitos, especialmente no que se refere ao tipo de alojamento, segurança e transporte utilizado nas viagens”, afirma Cláudia Seabra.

Antes da pandemia, o alojamento mais utilizado pelos inquiridos era o hotel (23,8%), seguido de casa de amigos e familiares (18,8%), alojamento local (16,6%) e turismo em espaço rural (12,2%). Com a pandemia, a situação alterou-se. A maioria dos participantes no estudo prefere agora “a casa própria, o alojamento local e casas de amigos e familiares, confirmando a importância do turismo doméstico nesta fase de incerteza”. “O hotel, que antes era o tipo de alojamento preferido pelos turistas, após a pandemia passa a ser menos indicado. Ao nível do transporte utilizado para a deslocação para os destinos de férias dentro do país, o carro próprio continua a ser o meio preferido, mas após a pandemia com muito maior expressão do que o avião ou o comboio”, refere a também docente da Faculdade de Letras da UC.

O estudo revela ainda que, na hora de escolher o destino de férias, a segurança será um fator ainda mais decisivo após o contexto pandémico, “devendo assim ser um fator fundamental a considerar na recuperação da indústria turística”, aponta.

De uma forma geral, esta análise apurou que a pandemia teve um efeito muito significativo na perceção de segurança para a prática das várias atividades turísticas. Cláudia Seabra explica que, “em termos globais, os turistas indicam uma perceção de risco mais elevada para a prática de todas as atividades turísticas e de lazer, destacando-se as praticadas em espaços fechados ou de dimensão reduzida, ou seja, com maior aglomeração de pessoas, principalmente os parques de diversões ou temáticos, concertos e espetáculos, eventos desportivos, centros urbanos/históricos, compras em centros e ruas comerciais, casinos e casas de jogo, discotecas e locais de entretenimento noturno”.

Apesar do impacto negativo da pandemia, as atividades ligadas à natureza, como a prática de desportos e a ida a praias oceânicas e fluviais são consideradas as “atividades menos inseguras”. A estas juntam-se, ainda, outras atividades como visitas a galerias de arte, museus e monumentos e a ida a restaurantes.

Segundo as autoras do estudo, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), os principais indicadores apurados fornecem “pistas importantes para os gestores das organizações turísticas readaptarem as suas estratégias de marketing, de forma a reconquistar novamente os mercados desta região no contexto pós-pandémico”. Defendem, por isso, que “o branding destes destinos deve assentar fortemente no fator segurança e as estratégias de segmentação e comunicação devem ter em linha de conta os novos hábitos dos turistas, centrados em alojamentos mais exclusivos e individualizados e em atividades de lazer associadas à natureza e visita a museus, monumentos e galerias”.

Notam, também, que o setor turístico em Portugal “foi um dos que mais sofreu com as medidas e restrições impostas pelo Governo”, não sendo a região Centro exceção. De acordo com os dados divulgados, contabilizaram-se “-53 por cento de dormidas de hóspedes face a 2019, -35 por cento no que toca a dormidas nacionais e -75 por cento de dormidas de estrangeiros”.

Face ao contexto pandémico, prevê-se que os destinos de natureza e sem grandes aglomerados de pessoas, onde os viajantes podem encontrar pequenas unidades hoteleiras e conseguem chegar no seu carro próprio, deverão tornar-se os locais mais procurados pelos turistas numa era pós- covid-19”, realçam.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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