Francisco Andrade, presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, apresenta amanhã o seu nono livro – “Quatro Gerações”. Não se trata apenas de mais um livro deste homem multifacetado que abraçou o desporto, a política e a escrita sem nunca descurar aquilo que considera mais importante, como a família e os amigos.
E são precisamente os familiares e os amigos que espera ver reunidos amanhã, a partir das 15h30, no Conservatório de Música de Coimbra, apesar de todos os condicionalismos que a pandemia continua a impor. João Nuno Calvão da Silva, vice-reitor da Universidade de Coimbra, e José Neto, professor do Instituto Universitário da Maia, apresentam este livro, numa sessão em que não faltará também o fado de Coimbra, pelo sobrinho do autor, e a declamação de poemas, pelo Juiz Américo Baptista dos Santos.
Francisco Andrade diz que este é “um livro especial, um pouco autobiográfico sem o ser”, uma vez que mistura nas suas páginas muitas das suas vivências pessoais com a história e episódios diversos que marcaram a sociedade, a região e o país.
Viaja para o passado, ao início do século, recordando registos da Coimbra de então, em “recortes” de jornais que eternizam, por exemplo, os primórdios da fundação de dois clubes históricos da cidade, o Sport Clube Conimbricense e o Olivais Futebol Clube. Foi também nas páginas desses periódicos que mantém na sua posse, de 1904 a 1910, que encontrou informações diversas sobre as reuniões de Câmara de então, bem como, para grande surpresa sua, uma evocação ao seu pai.
Desvenda também muito do seu percurso – do desporto, à política e à escrita -, numa abordagem pessoal que vai enriquecendo com os momentos que marcaram este seu percurso, como sucede com a Crise Académica de 69 e outros acontecimentos regionais e nacionais.
Em “Quatro Gerações”, Francisco Andrade revela também como passou do mundo do desporto para o da política. “Conto a minha vida na Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, a maneira como entrei na política, quem eu era antes disso e a imagem que gostaria de deixar”, revela.
Diz que faz também nesta obra “algumas revelações nunca antes feitas”, especialmente passagens que teve “tanto na Académica como na Federação Portuguesa de Futebol”.
Com nove livros escritos, não pode deixar também de fora a sua vertente de escritor e de poeta, presenteando os leitores com uma grande diversidade de poemas da sua autoria.
“Não estou a escrever um livro sobre a minha vida mas ela está ali bem espelhada em muitos momentos, na minha maneira de estar e de ser na vida, nos problemas e dificuldades que passei, quem sou realmente e de onde vim”, sublinha.
“Quatro Gerações” mostra “um pouco mais da personalidade de quem eu sou e explica muitos dos meus atos”, descreve.
Nesta obra, que estava já praticamente concluída quando anunciou que não se recandidataria a um novo mandato nas próximas eleições autárquicas, fala também dos motivos que o levaram a tomar essa decisão, assegurando que, apesar da sua idade biológica ninguém poder alterar (81 anos repletos de vivências e experiência), tinha condições “físicas e mentais para assumir um novo mandato”, tendo inclusive a confiança do Partido (PSD), tanto a nível da Concelhia como nacional.
“Quero sair pelo próprio pé, na altura em que tenho ainda ambição. Acredito que podia vencer novamente e podia governar por mais um mandato. Mas eu quero sair pela porta grande, não quero que amanhã me empurrem”, realça.
Francisco Andrade entende que este “é um ciclo de vida” que se está a fechar mas congratula-se por ser ele a encerrá-lo, “num momento de lucidez, numa escolha unicamente pessoal”.
“Tal como sempre escolhi os momentos em que vou às lutas também sou eu que digo que parou. Foi assim no futebol, na formação, na política e até no dia em que deixei de fumar”, conta.
É esta sua personalidade que vai agora revelar, um pouco mais, na obra que lança amanhã. E vai fazê-lo como nunca antes se “atreveu”. “Comecei a ‘despir-me’, a pôr muito de mim a ‘nu’ neste livro para que as pessoas me possam conhecer melhor. Nunca antes o fiz”, admite.
Apesar de serem o passado e o presente os principais focos desta obra, uma coisa Francisco Andrade garante para o futuro – não vai parar! “Não me vou sentir num banco de jardim ou numa esplanada a dizer mal dos outros. Parar é morrer e eu ainda não estou disponível para isso. Estou a fechar um ciclo mas não digo que não abrirei outro, diferente”, assegura.