Fernanda Paçó e Randeson Lima
O projeto Se-Mente – Superação e Estimulação da Mente é o mais novo espaço destinado ao tratamento de pessoas com demência e declínio cognitivo ligeiro, bem como aos seus cuidadores, inaugurado no dia 29 de junho, em Coimbra. Este primeiro espaço físico foi construído para ser “estimulante” e “adaptado” aos pacientes e às suas necessidades, trazendo o maior conforto e fazendo com que por muitas vezes os utentes sintam-se em casa. “Estou feliz de termos as portas abertas, numa casa que era assim que eu idealizava”, afirma Raquel Redondo, diretora do Se-Mente.
“Não queríamos infantilizar o espaço, que é algo que eu vejo muitas vezes”, mas sim “algo digno, dirigido a pessoas mais velhas, que merecem carinho, cuidado e serem tratadas com a dignidade que a idade já lhes permitiu conquistar”. Sendo assim, a unidade foi construída de forma a ser “suficientemente estimulante e adaptada para estas características”, completa. Para tal funcionalidade desenvolver-se com maestria, são realizadas diversas atividades, individualmente ou em grupo, e consultas psicológicas que ajudam nos tratamentos dos pacientes.
“Manter a atividade cerebral reduz o declínio. Portanto estimular tem um efeito positivo na preservação das nossas capacidades, mesmo quando existe uma doença, como o alzheimer”, evidencia Raquel Redondo.
Ainda foram construídas uma sala de estar (tanto para ocupações, quanto para descontrair), uma cozinha e uma copa (para refeições e treino de atividades de vida diária) e um ginásio (destinado a programas de caráter mais motor). Além disso, há gabinetes onde, para além dos treinos, oferecem atendimento a pessoas que não tenham qualquer patologia, mas que estejam interessadas na prevenção do aparecimento de doenças.
Por isso, o projeto dirige-se, principalmente (embora não exclusivamente) a pessoas “que tenham já um diagnóstico” e que necessitem “estimular a mente, o corpo e a ocupação”, esclarece.
“Nós sabemos que a idade é um fator crucial para o desenvolvimento da demência e não conseguimos controlar a idade. A população portuguesa está a envelhecer, neste momento estima-se que seremos cerca de 200 mil portugueses com quadro de demência, sendo que este número pode vir a aumentar”, afirma.
Entretanto, embora não se possa controlar o envelhecimento, a diretora destaca que existem alguns fatores de risco que são conhecidos e que, se forem controlados, podem influenciar os resultados (como a obesidade, o consumo excessivo de álcool, a inatividade física, depressão, isolamento, entre outros). “Por isso, o nosso trabalho é fazer uma abordagem que tente tocar estes diferentes fatores”, esclarece.
O Se-Mente também tem as portas abertas a pessoas mais jovens, que busquem, por exemplo, consultas com psicólogos. Além disso, há “uma resposta dirigida para cuidadores”, com grupo de suporte e aconselhamento para estes profissionais.
A unidade oferece, também, o Apoio em Casa, para auxiliar os utentes. Originalmente, o projeto era desenvolvido em domicílio, tendo sido esta a inauguração oficial do espaço físico, na rua Afrânio Peixoto, n.º 92. A unidade já está em funcionamento e oferece uma gama de tratamentos para ajudar nas questões do envelhecimento e entre outros.