20 de Junho de 2025 | Coimbra
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O cancro da mama

20 de Outubro 2023

Bianca de Matos

O cancro da mama é o mais frequente em Portugal e no mundo. Estima-se que em 2020, no país, cerca de sete mil mulheres foram diagnosticadas com cancro da mama e à volta de 1.800 tenham morrido com a doença.

Esta é uma das doenças com maior impacto na sociedade por ser muito frequente e estar relacionada a uma imagem de gravidade, mas também porque afeta um órgão cheio de simbolismo, quer na maternidade quer na questão da feminilidade.

A investigação continua a ser feita e a contribuir para esclarecer muitas questões sobre o cancro da mama. São descobertos novos dados que abordam as causas e novos métodos de prevenir, detetar e tratar a doença. Assim, os portadores de cancro da mama podem esperar uma vida com melhor qualidade e menor hipótese de morrer devido à doença.

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Cancro da mama no Homem

Em Portugal, cerca de 1% de todos os cancros da mama são no homem. Grande parte da informação apresentada sobre o cancro da mama é, também, aplicável a homens. Apesar de ser o tipo de cancro mais incidente na mulher (com maior número de casos), cerca de 1 em cada 100 desenvolve-se no homem.

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Fatores de risco

 As causas exatas do cancro da mama não são conhecidas. No entanto, foram identificados vários fatores de risco, sendo o maior a idade, em que cerca de 80% de todos os tipos de cancro da mama ocorrem em mulheres com mais de 50 anos.

Uma mulher que tenha tido cancro numa das mamas também tem maior risco de vir a ter esta doença na outra.

As alterações em determinados genes, transmitidas pelos pais, estão na origem de cerca de 5% a 10% dos casos de cancro da mama.

O excesso de peso, o consumo de tabaco ou de álcool estão associados ao desenvolvimento de vários cancros como o da mama.

A primeira menstruação em idade precoce, antes dos 12 anos, e uma menopausa tardia, após os 55 anos, também são fatores de risco.​

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Os sintomas

Qualquer alteração na mama ou no mamilo no aspeto e/ou na palpação.

Qualquer nódulo ou espessamento na mama, perto da mama ou na zona da axila.

Sensibilidade no mamilo.

Alteração do tamanho ou forma da mama.

Retração do mamilo (virado para dentro da mama).

Pele da mama, aréola ou mamilo com aspeto escamoso, vermelho ou inchado. Pode também apresentar saliências ou reentrâncias, de modo a parecer “casca de laranja”.

Secreção ou perda de líquido pelo mamilo.

Nota:  Apesar dos estadios iniciais do cancro não causarem dor, se sentir dor na mama ou qualquer outro sintoma que não desapareça, deve consultar o seu médico. Na sua maioria, estes sintomas não estão associados a cancro, mas é importante ser vista pelo médico para que qualquer problema possa ser diagnosticado e tratado atempadamente.

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Formas de diagnóstico

Exame clínico da mama – o médico palpa cada uma das mamas, procurando a possível presença de nódulos ou gânglios e verifica se há outros problemas.

Mamografia – é constituída por imagens de raio-X da mama, para que sejam obtidas imagens mais claras e detalhadas de qualquer área que pareça suspeita ou anormal.

Ecografia – Através de ondas de som de alta-frequência, a ecografia (ultrassons) pode, frequentemente, mostrar se um nódulo é um quisto, cheio de líquido, ou uma massa sólida que pode, ou não, ser cancerígena.

Ressonância magnética – liga-se um potente íman a um computador para que sejam produzidas imagens mais detalhadas dos tecidos internos da mama.

Biópsia – retirar-se tecido ou líquido da mama.

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O que é o rastreio?

 O rastreio do cancro da mama é uma atividade de medicina preventiva, de base comunitária através do qual se pretende o diagnóstico precoce, descobrindo tumores muito pequenos, muitas vezes não palpáveis e só vistos em mamografia, ecografia ou em fase evolutiva não invasiva permitindo, assim, tratamentos menos mutilantes (cirurgia conservadora) e menos traumatizantes e uma sobrevida livre de doença e global mais longa.

O Programa de Rastreio de Cancro da Mama é desenvolvido em estreita colaboração com os Cuidados de Saúde Primários, abrangendo atualmente as regiões Centro, Norte e Sul do país.

 Como é feito?

Utilizam-se, sobretudo, Unidades Móveis que se deslocam de dois em dois anos a cada concelho e unidades fixas. São enviadas “cartas-convites” às mulheres em idade rastreável (50-69 anos) inscritas nos Centros de Saúde para realizar uma mamografia, um exame que é gratuito.

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Examine-se

Observe, palpe a mama e a axila, tendo em atenção se há alguma alteração na forma da mama ou do mamilo. Esta observação da mama, embora seja importante, não substitui a realização de exames periódicos complementares, nem a observação clínica do médico, que deve ser, no mínimo, anual.

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Cancro da Mama Triplo Negativo

O Triplo Negativo é um subtipo de cancro da mama, caracterizado pela sua diversidade e por ser um género mais agressivo e com pior prognóstico. Ele está associado a uma maior taxa de recidiva a cinco anos. Apesar disso, a longo prazo (mais de 10 anos) esta taxa é menor comparativamente a outros cancros de mama. Este é um cancro da mama diferente da maioria dos outros tipos.

Já o tipo mais frequente de cancro da mama é o carcinoma que tem origem nas células epiteliais. O carcinoma da mama pode ser classificado como ductal (o mais frequente, com origem nas células dos ductos) e lobular (origem nas células dos lóbulos chama-se lobular).

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Tratamento

Antes as opções de tratamento do cancro da mama eram bastante limitadas, centradas essencialmente na quimioterapia. Atualmente, e cada vez mais, são desenvolvidos outros tratamentos e terapias inovadoras. Algumas formas de tratamento são a radioterapia, a quimioterapia, a cirurgia e medicamentos que contribuem para o combate à sua propagação.

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Reconstrução mamária

Algumas mulheres com cancro da mama, que fazem uma mastectomia, decidem fazer a reconstrução da mama durante a cirurgia ou mais tarde. Já outras preferem usar uma prótese.  Há ainda quem decida não fazer nada. No entanto, é importante saber que qualquer uma das opções tem as suas vantagens e desvantagens, variando de pessoa para pessoa.

Na reconstrução da mama podem ser usados vários procedimentos, como implantes, salinos ou de silicone. Pode também ser realizada com tecido retirado de outra parte do corpo (pele, músculo e gordura podem ser transferidos para o peito, a partir da barriga, costas e nádegas). O cirurgião plástico usa estes tecidos para construir a forma da mama. O tipo de reconstrução mamária mais indicado para cada mulher depende da idade, do corpo e do género de cirurgia que realizou.

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Saiba que não está sozinha!

São várias as associações que abraçam esta causa e apoiam mulheres com cancro da mama. Entre elas estão a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Viva Mulher Viva (Associação para o bem-estar e qualidade de vida das mulheres com cancro da mama), Ame e viva a vida (Associação de mulheres mastectomizadas) e a Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama (APAMCM).

 

Se diagnosticado e tratado precocemente, o cancro da mama tem uma taxa de cura superior a 90%. A prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para o aumento da sobrevivência e manutenção da qualidade de vida da mulher.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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