Se há partido que em Portugal sempre procurou impor-se com uma postura de superioridade moral face aos restantes foi o Bloco de Esquerda.
O Bloco não se coíbe de lançar suspeitas e calúnias para cima de outros, sendo sempre o primeiro a apontar o dedo, muitas vezes, com um discurso maniqueísta sobre bons e maus sobre sérios e desonestos. Quase sempre, para o BE, existem eles próprios, defensores de uma suposta ética (que ninguém, vê) e de uma oral de esquerda e depois existem os outros, eternos suspeitos de qualquer coisa, sempre com uma intenção malévola ou dissimulada algures. Mas depois, os casos envolvendo bloquistas sucedem-se, uns a seguir aos outros.
Recordamos aqui os tempos da Câmara de Lisboa, no anterior mandato, onde o Bloco gritava contra a especulação e os seus diversos agentes, nos quais aliás incluía muitos autarcas. Que aconteceu depois? Ficámos a saber que o então vereador do bloquista, Ricardo Robles, tinha adquirido e reabilitado um prédio, comprado num leilão da segurança social, e o mesmo estava agora à venda por um valor muitíssimo superior. Pôr o imóvel, localizado na zona histórica de Alfama, era apontado como uma óptima oportunidade para Alojamento Local, atividade que o BE ainda hoje diaboliza e quer suspender. O final da história é conhecido após alguma resistência, o vereador lá apresenta a sua demissão e é substituído.
Mas não é caso único. De Alfama vamos até São Bento, onde o ex-deputado Pedro Soares deu como morada no Parlamento a sede do Bloco de Esquerda em Braga. No apuramento dos factos (feito em tempos pelo “Polígrafo” da “SIC”), ficou demostrado que o ex-deputado teve apartamentos arrendados em Alfama e depois em Lisboa onde também, dava aulas concluindo assim o “Polígrafo” que “no global, o facto é que Pedro Soares beneficiou com a indicação da morada em Braga em vez de Lisboa, recebendo um valor superior em ajuda de custo”. Diga-se que não foi o único parlamentar do Bloco com “problemas de morada”.
De São Bento podemos voar até à Madeira, numa viagem que pode até dar lucro, pelo menos para alguns. O assunto tornou-se público em 2018 quando a imprensa revelou que os depurados das ilhas eram reembolsados por viagens que não pagavam. Entre os deputados lá estava um do Bloco, eleito pela Madeira, e que acabou por renunciar ao mandato na sequência da polémica.
Da Madeira damos um salto rápido até ao Porto, onde um jovem deputado do BE acabou por sair de cena após acusações de violência doméstica, um tema caro ao Bloco, o primeiro partido a propor a criminalização do piropo em Portugal.
De regresso a São Bento, agora foi a vez da mediática deputada Mariana Mortágua que, apesar de estar em regime de exclusividade no Parlamento, auferindo mais por isso, recebeu uma remuneração por parte do canal de televisão onde é comentadora. Confrontada, alegou desconhecer a lei, o que não deixa de ser extraordinário para um deputado, nomeadamente quando outros, nas mesmas circunstâncias, já tinham corrigido a situação. Imagine o espalhafato que não faria o Bloco se fosse com um qualquer deputado à direita do PS…
Vários destes casos nem sequer são crime. Mas quado a sua origem, estão elementos do partido mais moralista que por aí anda, que não se coíbe de fazer processos de intenção a terceiros e que por norma acha que em tudo o que os outros fazem, há interesses ocultos ou comportamentos de má-fé, só nos podemos rir.
Os anos passam, os casos sucedem-se e os dirigentes do Bloco vão caído ou desaparecendo, muito mais por razões políticas do que judiciais, provando do seu próprio veneno. Não tenho pena nenhuma. Afinal de contas estão assim a colher o que andaram a semear. Que lhes faça bom proveito…