19 de Abril de 2025 | Coimbra
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Há cada vez mais imigrantes nas terras lusitanas

29 de Abril 2022

Portugal é um país de emigrantes, mas agora a tendência parece estar a mudar. Sem a imigração seríamos numericamente menos, mais velhos e mais pobres. Serão os imigrantes a “salvação” do país?

A imigração assume uma grande importância no país nos dias de hoje. A sociedade portuguesa está cada vez mais envelhecida, sendo Portugal considerado um dos países mais “velho” em população da União Europeia (UE) e já há até quem estime que, em 2050, seja mesmo o país mais envelhecido da UE.

Os dados dos últimos Censos (2021) revelam que Portugal está a sofrer um “duplo” envelhecimento, verificando-se um incremento expressivo da população idosa e uma redução do número de jovens. A taxa de natalidade, embora não seja um problema atual, já viu melhores dias, pois continua muito reduzida para fazer face ao número de óbitos, o que agrava o saldo natural do país.

A tendência é Portugal continuar também a perder pessoas. Os Censos 2021 indicam que o país perdeu 214 mil residentes na última década, encolhendo para 10.347.892 pessoas, o equivalente a menos dois por cento da população. Na região Centro também se verifica uma diminuição em mais de quatro por cento, reduzindo-se a 99.843 indivíduos.

A imigração hoje

Com este retrato, serão os imigrantes vistos como uma solução do emblema nacional? A imigração é um fenómeno que tem vindo a ocorrer de forma crescente, com os estrangeiros a escolher o território nacional para viver. E a verdade é que se não fossem os imigrantes, seríamos numericamente menos, mais pobres e mais velhos. O último relatório (2020) de Imigração de Fronteiras e Asilo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) mostra que nunca Portugal teve tantos cidadãos estrangeiros como atualmente. Há cerca de um ano, eram mais de 650 mil, quase o dobro de 2015.

Os efeitos da conjuntura económica favorável aferida nos últimos anos terão potenciado o aumento da população estrangeira residente entre 2015 e 2020, ano em que se verificou pela quinta vez consecutiva um acréscimo da população imigrante, com um aumento de 12,2 por cento face a 2019, totalizando 662.095 cidadãos estrangeiros titulares de autorização de residência, valor mais elevado registado pelo SEF, desde a sua criação, em 1976.

Na região de Coimbra, em 2015, 11.341 imigrantes já tinham escolhido o território do distrito de Coimbra para viver. Cinco anos depois, totalizava 17.028 residentes estrangeiros.

O concelho onde se verifica uma maior afluência de estrangeiros residentes no distrito conimbricense é na cidade de Coimbra, que soma 2.737 habitantes imigrantes, maioritariamente brasileiros (3.171), seguindo-se Figueira da Foz, com um total de 2.737 imigrantes, essencialmente vindos do Brasil, Nepal e Ucrânia.

Se recuarmos até meados dos anos 80, este fenómeno imigratório estava ligado ao pós-colonialismo, mas atualmente assume uma dinâmica relacionada a globalização. Uns vêm à procura de trabalho, para estudar, outros chegam na ânsia de uma vida melhor ou simplesmente estão de passagem, embora, por vezes, acabem por se fixar no país.

A intensidade e o ritmo com que a imigração se diversificou, bem como o impacto que teve nos vários domínios da sociedade, têm uma relevância que não passa despercebida. Basta observar diariamente as pessoas que se cruzam, oriundas de diversos pontos do mundo, de diferentes fisionomias, línguas e culturas.

Se direcionarmos novamente o olhar para Portugal, damos conta que a imigração se encontra dispersa por todos os cantos do país. De acordo com os dados divulgados pelo SEF (2020), é possível constatar uma grande incidência de residentes estrangeiros na zona Sul de Portugal. Só no distrito de Faro são 103.565 habitantes vindos de outros países. Na zona de Setúbal também já são perto de 61 mil.

Na zona Norte de Portugal também se verifica um aumento de população imigrante. No distrito do Porto são mais de 50 mil residentes estrangeiros, um aumento na casa dos 18% face a 2019, acompanhados por cerca de 21 mil imigrantes da região de Braga e de Aveiro, com 18.517 pessoas oriundas de outros países.

Através da análise do SEF é possível constatar que Lisboa é o distrito que os imigrantes mais escolhem para viver. No total, a capital portuguesa acolheu, em 2020, 285.570 estrangeiros, um aumento de quase 10 por cento face ao ano anterior (260.503).

Mas, independentemente dos locais de origem e de fixação, os estrangeiros residentes em Portugal enfrentam obstáculos socioculturais e legais, que podem dificultar a sua inserção na sociedade portuguesa. Esta situação deu origem à criação de um conjunto de políticas de integração e de estratégias de intervenção social um pouco por todo o país.

Do Brasil chega muita gente

De entre os muitos imigrantes que estão a chegar, a maior comunidade volta a ser a brasileira. E nestes dados não incluímos os estudantes, naturalmente. São pessoas novas, mais mulheres que homens, alguns casais também. O que surpreende é a forma repentina como este fluxo se está a registar, chegando todas as semanas muita gente inclusive na zona de Coimbra.

Trazem duas preocupações essenciais: regularizarem a sua permanência em Portugal, quer com as finanças e com as “Manifestações de Interesse” e arranjarem trabalho. Muitos deles têm habilitações e especializações profissionais, mas para começar sujeitam-se a trabalhos menos qualificados e batem a todas as portas. Surpreende esta avalanche para a qual não é fácil encontrar uma razão suficientemente válida. Em certas zonas do país, sobretudo nos maiores centros, há portugueses que à porta das instituições –Finanças e Segurança Social – se organizam e disponibilizam para ajudar a tratar dos papéis, em troca naturalmente desse serviço lhes ser pago por esses imigrantes.


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