Ano par é sinónimo de festa religiosa em Coimbra. E foi por isso que, esta terça-feira, o presidente da Mesa Administrativa da Confraria da Rainha Santa Isabel (CRSI), Joaquim Costa e Nora deu a conhecer o programa das festas que dá oportunidade aos milhares de fiéis de homenagear a padroeira da cidade.
Com algumas alterações no percurso das conhecidas Procissões de Penitência e Solene, por motivos de segurança, a festa promete e conta com algumas novidades, como o fado-oração que vai ser entoado no momento em que a Rainha Santa atravessar a Ponte.
Durante o evento, a Calçada Rainha Santa Isabel terá pontos de acesso vedados ao público, a fim de evitar acidentes. Já na Avenida Emídio Navarro, desta vez, a procissão irá passar não à beira-rio, mas em frente ao Hotel Astoria, em consequência das obras que também estão a decorrer.
As festas religiosas têm, assim, início marcado para o dia 1 de julho com a pregação do tríduo preparatório da solenidade, pela mão do arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, cerimónia que se concretiza também a 2 e 3 de julho.
O ponto alto, segundo o presidente da CRSI é o 4 de julho, data da Missa Solene que será pregada às 11h00 pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes. Sucede, então, a missa da Real Ordem de Santa Isabel, marcada para as 16h30.
Já nos dias 7 e 10 de julho terão lugar as aguardadas procissões, onde se dará palco ao tradicional fogo de artificio, altura em que se lançam também as “milagrosas” rosas sobre a imagem da Rainha Santa.
Programa Cultural
A par da fé e da religião também há divertimentos, com o programa cultural, de 18 de junho a 17 de julho, que aposta na diversidade, com intenção de aproximar o público aos festejos religiosos e dar mais notoriedade aos eventos da cidade que, tal como Joaquim Costa e Nora afirma “enche a cidade com a sua maior manifestação popular de dois em dois anos.”
Com as iniciativas surgem também algumas novidades, entre elas o concerto pelas Bandas Filarmónicas de Santana e Lares, que interpretam, pela primeira vez nesta cidade, a obra “Suite 2020”, escrita por quatro compositores de quatro diferentes nacionalidades, nos Claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova e serão orientadas pelos maestros de cada uma das bandas e ainda um maestro espanhol, que é também um dos autores da peça. “Este concerto foi apenas apresentado no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira e teve lotação esgotada”, enaltece Joaquim Costa e Nora. A programação integra ainda a Gala das Rosas, um Recital de Canto Gregoriano pelos Coros Psalterium e Vox Aetherea, na Igreja da Rainha Santa Isabel, espetáculo que marca o aniversário da Dedicação daquela igreja, em 1696.
A animação cultural termina, de acordo com a Confraria, com um dos pontos mais altos, o concerto proporcionado pela Orquestra Clássica do Centro, nos Claustros do Mosteiro de Santa- -Clara-a-Nova, que evoca à peregrinação de Santa Isabel de Portugal a Santiago de Compostela.
Casamentos da Rainha Santa Isabel regressam para o ano
Durante a apresentação dos programas religioso e cultural foi anunciado pela Confraria da Rainha Santa Isabel o regresso, em 2023, dos Casamentos da Rainha Santa Isabel, iniciativa que não se realizava há 44 anos.
A festa da Rainha Santa Isabel é uma tradição que remota ao século XVI e que está intrinsecamente ligada à história da cidade e da Universidade de Coimbra. Nomeada para as 7 Maravilhas de Portugal, as festividades em homenagem à padroeira de Coimbra estão de volta à cidade.
Descendente da Casa Real de Aragão, Santa Isabel nasceu, muito provavelmente, em 11 de fevereiro de 1270, em Saragoça. Onze anos depois, por procuração, foi realizado o seu casamento com D. Dinis, consumado em Trancoso, em junho de 1282. Tornada Rainha de Portugal, D. Isabel contemplaria Coimbra pela primeira vez em outubro de 1282, cidade onde se recolheu após a viuvez e realizou muitas das práticas caritativas, acompanhadas de prodigiosos milagres, que viriam a ter como expressão máxima a lenda da transformação do pão em rosas.
Falecida aos 66 anos, a 4 de julho de 1336, em Estremoz, foi sepultada em Coimbra no dia 11 de julho.