Elsa Oliveira aos seus 51 anos dedica-se a “part-time”, desde 2013, à transformação do papel em bijuteria, utensílios, presépios e objetos decorativos. Foi a fundadora da loja online “Mary’s Fairy Hands”, local onde vende os seus trabalhos online. Estão em exposição na sua página do Facebook ou do Instagram (Marysfairyhands) e também nas feiras de artesanato.
O reaproveitamento de um dos materiais mais desperdiçados a nível mundial é o que a fascina. Apesar de poder utilizar nas suas obras outro material reciclável prefere utilizar sempre o papel seja no maior ou no mais pequeno pormenor.
A ideia de dar utilidade ao papel surgiu “no local de trabalho. A empresa onde trabalha é assinante de alguns jornais da região e, por isso, são entregues alguns exemplares a mais. No final do dia iam para o lixo. Eram cerca de seis ou sete por dia”, conta ao Despertar Elsa Oliveira. O desperdício do papel intrigava-a e dessa forma começou por procurar como poderia combatê-lo e reciclá-lo. Assim, através de vídeos que assistia regularmente na internet aprendeu como fazer certos utensílios e a partir daí começou a criar as suas próprias peças.
“O propósito destes trabalhos é mostrar o que se pode fazer com o papel. Consigo transformar um rolo de papel higiénico numa rosa. E isso fascina-me. Eu olho e penso logo o que é possível fazer com aquele pedaço de papel”, sublinha.
As peças mais pedidas, “mesmo não sendo na época natalícia”, são os presépios. A partir dos que são feitos em cerâmica inspira-se para a sua criação através do papel. “Demora cerca de duas horas a fazer um presépio, desde o enrolar o papel ao envernizar a peça”, já as árvores de Natal podem demorar até oito horas a serem concretizadas na sua totalidade.
“Os presépios não levam mais nada que papel e as pessoas nem notam. Significa que está tão bem feito que não conseguem reparar com que material está a ser executada a peça”, confessa ao Despertar.
A nível de vendas desde 2013, ano que iniciou este projeto, já vendeu mais de 500 peças, apenas lamenta não conseguir pagar as suas despesas diárias com este trabalho.
“É o meu refúgio. Sou muito feliz a realizar estas peças, se pudesse percorria o país todo a vender. Mas não consigo pagar as contas. O preço que eu faço pelo que crio muitas vezes não é apelativo porque sinto que as pessoas não sabem o que é o artesanato. Preferem comprar no chinês mais barato do que o que realmente é produzido por nós”, lamenta Elsa Oliveira.
A artesã pretende chamar a atenção para estes projetos pois salvaguarda que a concretização dos mesmos “nasce através de uma paixão e de muitas horas de dedicação. Além do mais o combate ao desperdício e a preservação do meio ambiente, que hoje é muito falado, deveria também incentivar as pessoas a comprarem e a apaixonarem-se, como nós, não só pela preservação do ambiente como pela arte que dele surge e de todo o processo de transformação que envolve”, explica ao Despertar.
Para comprar estes trabalhos é possível fazê-lo através da página do Facebook, instagram e da loja online. Caso prefira pessoalmente numa feira de artesanato, no próximo sábado dia 10 de setembro na Praça do Comércio, em Coimbra, poderá ver os trabalhos desta e de muitos artesãos que marcarão presença nesta iniciativa.