O Centro Comunitário de Inserção (CCI), equipamento da Cáritas Diocesana de Coimbra, promove hoje um debate sobre “Habitação em tempos de pandemia”, um tema que muito tem preocupado as técnicas da instituição e que tem levantado ainda maiores dificuldades no atual cenário de pandemia.
Marcado para as 14h00, no anfiteatro da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), este vai ser o primeiro debate de um ciclo que o CCI vai dedicar às problemáticas com que as técnicas se debatem diariamente e para as quais procuram resposta.
Sociedade civil, entidades e instituições que se encontram no terreno são convidadas a participar e a refletir sobre estes temas, procurando, em conjunto, encontrar soluções para o futuro. A questão da habitação é “um dos principais constrangimentos” com que se confrontam diariamente, uma realidade que já existia mas que se agravou com a pandemia.
Este primeiro debate, que conta com o apoio da União das Freguesias de Coimbra e da FPCEUC, vai envolver “vários atores da cidade”. Carla Marques, Rui Seguro e Íris Barbosa, da Cáritas, juntamente com Pedro Carrana, diretor do Departamento de Desenvolvimento Social, Saúde e Ambiente da Câmara Municipal de Coimbra, vão fazer a caracterização da população mais afetada pela escassez de habitação a preços razoáveis e com condições básicas.
Segue-se depois, a partir das 15h30, um painel que vai abordar as respostas existentes e que contará com testemunhos variados. Para esta mesa foi convidada Justina Dias, em representação do Centro de Acolhimento Farol da Cáritas de Coimbra; Dalila Salvador, do Centro de Acolhimento Noturno da Fundação ADFP – Casa Dignitude, e, ainda, Filomena Folhas, proprietária do Hotel Avenida.
Esta primeira sessão do ciclo de debates vai terminar com o painel sobre as soluções para o futuro, que contará com a participação de Fátima Martins, presidente da Cáritas de Castelo Branco; Assunção Ataíde, presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e João Francisco Campos, presidente da União das Freguesias de Coimbra. A Cáritas adianta que estarão ainda presentes representantes da Câmara Municipal, Instituto da Segurança Social – Centro Distrital de Coimbra e da própria instituição.
Casas caras ou sem condições
Recorde-se que já em meados de março a Cáritas tinha manifestado publicamente a sua preocupação com as questões da habitação na cidade, mais precisamente com a falta de casas a preços acessíveis aos rendimentos das famílias, o que impede a instituição, através do seu CIC, de ajudar muitos dos seus utentes.
“Diariamente, os técnicos defrontam-se com a impossibilidade de ajudar agregados familiares a arrendar uma habitação condigna. A relação entre os baixos rendimentos e as más condições de habitabilidade, é intuitiva! Os valores de renda solicitados são um exorbitância para estas famílias, o que faz com que não consigam fazer face ao seu pagamento”, alertava então a instituição.
De acordo com a Cáritas, as habitações ou quartos encontrados pela equipa do CCI “não têm o mínimo de condições de habitabilidade, têm problemas de humidade, divisões demasiado pequenas e acessibilidade nula ou reduzida”. A chamada pobreza energética, ou seja, impossibilidade de ter aquecimento devido ao elevado preço da energia, é também uma questão de “extrema preocupação” para os colaboradores da Cáritas de Coimbra, principalmente quando acompanham famílias com crianças.
Considerava, por tudo isto, “imperativo encontrar habitações na cidade, compatíveis com os rendimentos da população mais carenciada e que lhes proporcione uma vida digna”, e alertava para a necessidade de “expor esta problemática com o intuito de encontrar soluções concertadas para a minimizar”. O debate de hoje poderá dar importantes contributos nesse sentido.