O centenário do Café Santa Cruz, emblemático espaço da Baixa da cidade de Coimbra, foi comemorado no passado domingo (7), recheado de partilhas e muitas histórias marcadas pela emoção e carinho a este local com tantas memórias dignas de serem recordadas.
Um espaço onde ao longo de um século se cruzaram momentos que nunca mais serão esquecidos, com a garantia de que este local ficará sempre na lembrança, num passado bonito, mas também no presente e com toda a certeza no futuro.
Neste dia de festa, a Banda Filarmónica União Taveirense deu as “honras” de uma programação que marcou este centenário. Pelas ruas da Baixa ouvia-se o som dos instrumentos, misturados com a alegria e espírito festivo visível nos olhos de quem por ali passou. O Conservatório de Música de Coimbra também proporcionou aos presentes um espetáculo de jazz na esplanada do Café Santa Cruz, que se fez ouvir e encantar o público também no interior do estabelecimento nas perto de duas horas que se seguiram.
No decorrer das comemorações, o passado, como já era de esperar, foi, claro, lembrado. Através de Adriano Callé Lucas, neto de Adriano Viegas da Cunha Lucas, um dos três fundadores do café, num discurso lido por João Luís Campos por não ter podido estar presente, foi abordada a polémica da construção da fachada do Santa Cruz, que atualmente, “está em perfeita harmonia com a da Igreja de Santa Cruz e com toda a sua envolvente”.
Um dos atuais gerentes, Vítor Marques, partilhou que desde aquele 7 de maio de 1923 até aos dias atuais, o Santa Cruz vivenciou muitos acontecimentos, fossem eles históricos, económicos, sociais, culturais e políticos, “tendo sido palco de alguns deles”. Aliás, o próprio Café sofreu momentos de crise, basta pensar nos pós – 25 de Abril ou até na pandemia, que assolou o país e o mundo muito recentemente.
Mas não é só de passado que é feito este emblemático espaço. É também ele feito do presente, mas com olhos bem postos no futuro. Caminho esse que Vítor Marques, José Cruz e Paulo Gonçalves fazem questão de vincar que só será possível “com aqueles que fazem o presente” deste local centenário.
Ao focar nesta visão dos gerentes do Santa Cruz, é de bom tom partilhar um dos momentos mais emotivos naquela tarde de domingo (7). Foi no palco, quando a atual gerência e alguns elementos de outras, bem como antigos e atuais colaboradores e até clientes se juntaram para homenagear aqueles que são a essência e razão da longa vida do Café.
Presente na comemoração, esteve o presidente da Turismo do Centro Pedro Machado que durante a sua intervenção realçou o sucesso deste espaço e todo o carinho e amizade que representa para todos os que ali convivem. Opinião também confirmada pelo presidente da União das Freguesias de Coimbra, João Francisco Campos, que salientou a importância daquele local enquanto um espaço de cultura, aberto a todos os que o queiram frequentar, sejam artistas, visitantes e toda a comunidade.
Que o Santa Cruz é um Café com história e para a história já não é novidade. Como prova basta nos debruçarmos nas várias conquistas e distinções, como a placa descerrada no domingo ou a certificação de café da Rota de Cafés Históricos, da Rota Cultural do Conselho da Europa. Mas não só, pois outros projetos se juntaram, desde a implementação do Dia Nacional do Café Histórico, o acolhimento em Coimbra de um Training Academy para as Rotas Culturais Europeias e até o desafio de realizar-se em Coimbra o Forum Consultivo das Rotas Culturais Europeias.
Após um dia intenso e com muita emoção, a celebração culminou com o bolo de aniversário dos 100 anos deste emblemático espaço que vai continuar a fazer história nas gentes, em Coimbra, no país e até no mundo, quem sabe, nos próximos 100 anos.
“Os cafés históricos são muito mais do que os edifícios que os contêm. São livros de História abertos com pessoas dentro e o Café Santa Cruz é um desses livros, recheado de peripécias e acontecimentos”, foram as palavras sentidas de Fernando Barrias, gerente do Café Majestic e do Guaranay, ambos situados no Porto.
Selo e postal do centenário Café Santa Cruz
O selo e o postal do centenário do Café de Santa Cruz foram lançados na segunda-feira (8) pelo diretor de Filatelia dos CTT, Raul Moreira, que presidiu à cerimónia, no âmbito da programação da comemoração dos 100 anos daquele emblemático espaço da Baixa de Coimbra. Para um dos sócios do café, Vítor Marques, este é um lançamento que vai levar a história do Café Santa Cruz além-fronteiras.