Pedro Aumari de Oliveira tornou-se, na passada quarta-feira (2), no primeiro aluno cego a concluir com sucesso o curso de doutoramento pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC).
Aos 34 anos, o estudante luso-brasileiro defendeu com muita garra e sucesso a sua tese em Direito Público e mostrou-se orgulhoso pela sua conquista.
“Não posso dizer que foi uma jornada fácil. Sendo cego é algo bastante complicado”, revelou o agora doutor. No entanto, a sua resiliência e dedicação levaram-no a não desistir dos seus sonhos e encontrou na Universidade de Coimbra o suporte necessário para prosseguir com a sua vocação.
Pedro Oliveira ficou cego aos 20 anos devido a uma reação alérgica a um medicamento, sendo diagnosticado com síndrome de Stevens-Johnson. A frequentar já o primeiro ano de Direito foi obrigado a abandonar o curso, uma vez que a faculdade que frequentava não proporcionava condições de acessibilidades para estudantes cegos. Em 2014 rumou a Portugal para frequentar o curso na FDUC e aqui encontrou uma educação de excelência proporcionando-lhe um serviço de conversão de livros em suporte físico para suporte digital, que lhe tornaria possível ouvir a bibliografia.
Em Coimbra licenciou e tornou-se Mestre em Direito, com especialização em Ciências Jurídico-Empresariais. Agora concluiu o doutoramento tendo tido como tema de tese a harmonização do Direito de Trabalho da União Europeia. O estudante nunca esteve sozinho e a acompanhá-lo na sua apresentação esteve Java – o seu cão-guia, tornando-se num momento único e de superação.
A Faculdade de Direito destacou ser um “marco histórico”. “Este feito simboliza a importância da inclusão e da perseverança no mundo académico”, sublinhou.
Pedro Aumari de Oliveira espera que o seu exemplo possa inspirar outros jovens, quer tenham ou não algum tipo de deficiência.