4 de Outubro de 2024 | Coimbra
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UF Taveiro, Ameal e Arzila: Cemitério e centro de saúde são obras prioritárias

15 de Maio 2020

A ampliação do cemitério do Ameal e a mudança do Centro de Saúde de Taveiro para a antiga Casa da Criança são as duas obras que a União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila considera prioritárias. O presidente, Jorge Mendes, espera que possam avançar em breve, bem como outras requalificações e melhoramentos que considera essenciais para garantir a qualidade de vida da população.

A União de Freguesias (UF) de Taveiro, Ameal e Arzila tem a vantagem de oferecer aos seus habitantes a tranquilidade e beleza do campo, estando, ao mesmo tempo, às “portas” da cidade. Torna-se, por isso, um destino de eleição na altura de decidir onde morar, fixando aí muitos dos “filhos” da terra e atraindo também alguns casais de fora.

Com cerca de 3.500 a 3.700 moradores, esta UF tem muito por onde crescer mas, à semelhança do que sucede em todas as freguesias do concelho, o “excesso de burocracia”, a morosidade dos processos e o valor das taxas acabam por “pesar”, negativamente, na hora da decisão.

O presidente, Jorge Mendes, assegura que a UF “não tem perdido moradores, apesar de não registar também um grande crescimento”, assistindo à construção de uma média de 10 habitações novas por ano. “A Câmara de Coimbra sempre teve mais exigências a nível da construção do que os municípios à volta. Para além do excesso de burocracia, um projeto na autarquia de Coimbra demora três ou quatro anos, enquanto noutros não vai além dos seis meses a um ano. Isso tem-nos criado algumas dificuldades porque as pessoas da freguesia têm alguma renitência em construir cá”, explica.

Mas, apesar de “não ter vindo a crescer como gostaríamos”, Jorge Mendes assegura que esta é uma freguesia “com muita qualidade de vida”, dotada dos equipamentos fundamentais a todas as faixas etárias – da infância à terceira idade – mas que carece de um maior investimento e de muito trabalho.

“A qualidade de vida começa ao pé da porta. A nossa preocupação maior é que as pessoas se sintam bem e acarinhadas. Temos muitos espaços verdes, parques infantis e geriátricos em todas as freguesias, jardins e temos esta grande vantagem de viver na tranquilidade do campo dentro da cidade”, frisa.

Cemitério do Ameal completamente lotado

Um dos projetos prioritários é a ampliação do cemitério do Ameal. De acordo com Jorge Mendes, esta é uma reivindicação da Junta “há meia dúzia de anos” e que carece de “uma resposta urgente”, uma vez que, neste momento, “não tem sequer uma campa vaga”. Esta obra, que representa um investimento de cerca de 150 mil euros, aguarda pelo financiamento da Câmara de Coimbra para poder avançar. Jorge Mendes adianta que “o projeto está feito”, contemplando o alargamento do cemitério atual para um espaço contíguo, que lhe permitirá ter espaço para “mais cerca de 150 campas”.

“Este é um projeto urgente que estamos a tentar cabimentar no orçamento da Câmara Municipal. Esperamos que haja essa possibilidade porque, neste momento, o cemitério do Ameal não tem capacidade para sepultar mais ninguém”, realça, explicando que este cemitério cobre todos os lugares que formavam a freguesia do Ameal antes da reorganização do território, em 2013, que levou à constituição da UF de Taveiro, Ameal e Arzila.

Centro de Saúde aguarda pela mudança para a Casa da Criança

A adaptação da antiga Casa da Criança, de Taveiro, de forma a acolher o Centro de Saúde é outra das obras ansiadas pela UF. A concretização deste projeto está também nas “mãos” da Câmara de Coimbra que deu já o primeiro passo, ao tomar posse, no passado mês de março, do imóvel, ao abrigo do disposto no Decreto-Lei n.º 106/2018, de 29 de novembro, que concretiza o quadro de transferência de competências para os órgãos municipais no domínio da gestão do património imobiliário público sem utilização, depois de decorrido o prazo legal sem que tenha havido qualquer pronuncia pela administração central do Estado à proposta remetida pela autarquia em julho do ano passado.

A própria Câmara anunciou, na ocasião, esta tomada de posse, avançando também que, após a necessária intervenção de adequação à nova função, será transferida para este imóvel a Extensão de Saúde de Taveiro.

No momento, o Centro de Saúde funciona em instalações arrendadas, que estão em avançado estado de degradação e que carecem de obras de conservação profundas. Atenta às reclamações que têm surgido tanto por parte dos utentes como dos próprios profissionais, a autarquia manifestou, na altura, “a sua total disponibilidade para, em parceria com a Administração Regional de Saúde do Centro, colaborar na concretização rápida deste intento, que se considera comum e se traduz em assegurar a melhoria da qualidade de prestação de cuidados de saúde aos utentes desta zona geográfica de Coimbra”.

A Extensão de Saúde de Taveiro serve uma população de cerca de 5.700 habitantes. “As instalações não têm as devidas condições e este é outro dos projetos que a UF considera prioritários”, realça, congratulando-se por ver esta obra “finalmente a ganhar forma”.

“É preciso criar condições para que esta mudança se concretize. A Câmara já está a trabalhar nisso e esperamos que essa transformação da antiga Casa da Criança em Centro de Saúde aconteça o mais brevemente possível”, sublinha.

Requalificações e arranjos sempre necessários

A par com estas obras consideradas prioritárias, há outras que são também determinantes para a qualidade de vida da população. A manutenção do posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) na UF, depois da autarquia de Coimbra ter realizado obras no valor de cerca de 70 mil euros, é um benefício para todos.

Depois, há que olhar para o terreno, onde é necessário intervir diariamente, seja na limpeza das ruas, matos e ervas, mas também realizar obras de recuperação em espaços existentes, como repavimentações de estradas e passeios. “Temos que apostar na manutenção dos espaços existentes e fazer repavimentações porque há alguns que se encontram muito degradados”, explica o autarca, adiantando ainda que o Parque Desportivo e de Feiras de Taveiro necessita também de obras de melhoramento.

“Nesta fase estamos a apostar muito na requalificação. Há sempre muita manutenção a fazer”, frisa.

Algumas destas obras estão protocoladas com a Câmara de Coimbra, no âmbito dos Contratos Interadministrativos de Delegação de Competências anualmente assinados com as juntas e uniões de freguesia do concelho. De acordo com Jorge Mendes, neste processo estão incluídas “essencialmente requalificações de vias e passeios e também construções de ossários nos três cemitérios”.

A nível social e da infância, considera que a UF de Taveiro, Ameal e Arzila está bem servida, dispondo de equipamentos que respondem às necessidades da população. “Nesta área da infância não temos creches mas temos três jardins de infância com uma capacidade que ultrapassa as necessidades atuais”, realça.

Na área social, mais vocacionada para os idosos, destaca o “importantíssimo trabalho” que é feito pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS’s) da União de Freguesias, bem como de outras das redondezas. Enaltece, ainda, o papel da Comissão Social de Freguesia, que “tem sabido responder a todos os casos que vão surgindo”.

De acordo com Jorge Mendes, “há alguma pobreza encoberta” no território que compõe esta UF, havendo um grupo de pessoas e famílias que está já sinalizado e que continua a ser apoiado. “Acho que a Comissão Social de Freguesia tem sido soberana nesse aspeto, tem feito um trabalho meritório e as pessoas que recorrem à Junta têm tido os apoios necessários”, realça.

Freguesia com associativismo forte

A UF de Taveiro, Ameal e Arzila tem “características diferentes no seu todo”, com parte do seu território mais rural e uma área com uma forte componente empresarial, como sucede com Taveiro. Jorge Mendes explica que apesar destas caraterísticas mais rurais, onde predomina muito ainda o verde e os campos, isso não significa que as pessoas estejam muito ligadas à agricultura. Há algumas que continuam a ter as suas hortas mas a maioria trabalha fora.

“Os moradores, de um modo geral, são daqui. Há alguns que vieram de fora mas é uma percentagem mínima. As povoações que integram esta UF são um pouco um dormitório, já que as pessoas vão trabalhar para a cidade e regressam no final às suas casas”, realça, ressalvando os benefícios que advêm de “desfrutar das vantagens dos meios rurais às ‘portas’ da cidade”, com toda a “tranquilidade e qualidade de vida que isso representa”.

Jorge Mendes enaltece também o “associativismo rico” que há na UF, onde “cerca de 12 coletividades asseguram um importante trabalho a nível cultural e social”, mantendo um bom entrosamento e colaboração entre todas. A UF reúne, habitualmente, de dois em dois meses, com todas elas, no sentido de organizar e promover os vários eventos, como sucede, por exemplo, com as tradicionais Jornadas Culturais (este ano adiadas devido à Codiv-19) e com a FAGIC – Feira Agrícola Industrial e Comercial de Coimbra.

Deste vasto associativismo, destaque, pela sua projeção e longevidade, para o trabalho da Filarmónica União Taveirense, que completou recentemente 151 anos, tendo sido fundada a 21 de abril de 1869, no que era então uma pequena aldeia rural dos arredores de Coimbra, na margem esquerda do Rio Mondego. Desde o início que tem apostado no ensino e divulgação da música e da cultura, sendo, desde 1969, membro honorário da Comenda de Ordem de Benemerência (atribuída pela Presidência da República). Recebeu também, em 1995, a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Coimbra e, em 1997, foi reconhecida como Instituição de Utilidade Pública pela Presidência do Conselho de Ministros. Esta centenária instituição foi-se sempre adaptando aos novos tempos, abraçando novos desafios, como a criação de uma Orquestra Ligeira, uma Big Band e uma Banda Juvenil. Jorge Mendes destaca todo o seu percurso, “reconhecido não só no concelho mas também no país e a nível internacional”.

O presidente deixa, ainda, uma palavra especial ao Grupo de Teatro Locomotiva, ao Grupo Folclórico e Etnográfico de Arzila, ao Grupo Folclórico de Taveiro e aos Fonte da Pipa que, a par com outras coletividades da UF, têm também grande dinamismo e projeção.

Jornadas culturais canceladas, FAGIC em dúvida

A pandemia da Covid-19 tem levado ao cancelamento de várias realizações. A UF de Taveiro, Ameal e Arzila cancelou já as tradicionais Jornadas Culturais, que realiza habitualmente neste mês de maio, e ainda não decidiu o que sucederá com a FAGIC – Feira Agrícola Industrial e Comercial de Coimbra, que se realiza tradicionalmente em setembro.

Jorge Mendes lembra que as Jornadas Culturais procuravam envolver toda a freguesia, integrando também a realização de dois festivais folclóricos, promovidos respetivamente pelo Rancho Folclórico de Taveiro e pelo Grupo Etnográfico de Arzila.

O cenário atual está também a condicionar a atividade cultural do Grupo de Teatro Locomotiva e as suas oficinas, estando já de portas fechadas há cerca de dois meses.

Em dúvida continua a realização da FAGIC, considerada a “grande feira da freguesia”, um evento que se realiza habitualmente em setembro e que “tem crescido muito nos últimos anos, representando um investimento muito significativo”. Jorge Mendes adianta que a decisão deverá ser tomada “até inícios de junho”, sendo certo que, a realizar-se, não terá a dimensão habitual. “Não podemos arriscar a fazer agora um investimento tão significativo como o dos últimos anos, sabendo que a FAGIC poderá não ter, no atual contexto, a afluência de pessoas que gostaríamos e que justifique a sua dimensão”, esclarece.

O presidente realça que a decisão não depende apenas do executivo da UF mas antes de todo o “contexto imprevisível que se vive a nível nacional e internacional”, fruto da pandemia provocada pela Covid-19. “Será uma decisão do país, do mundo e da Organização Mundial de Saúde. Todos nós vamos ter que perceber melhor se devemos fazer ou não este tipo de realizações. Eu, pessoalmente, receio que este ano esteja comprometida a realização da feira”, frisa, lembrando que “este vírus deixou o ano todo inconsistente, não nos permitindo saber o que é que vamos fazer daqui a um mês”.

Covid-19: UF muito atenta às necessidades da população

A população da UF tem correspondido bem aos apelos para que se mantenham em casa e respeitem as normas de segurança, salvaguardando assim possíveis riscos de contágio da Covid-19.

Apesar dos seniores terem, por vezes, mais dificuldades em acautelar estas recomendações, neste caso, segundo Jorge Mendes, “tem corrido bem”. A Junta, em consonância com a GNR, tem feito o seu trabalho de sensibilização, atuando sobretudo nos locais de maior afluência, como o mercado e pastelarias, mas teme que agora, neste período em que vários setores retomam a sua atividade, possa haver menos cuidados.

“Nesta fase temos algum receio. Parece-se que, para além do cansaço, as pessoas estão a ficar com a ideia de que isto está a passar e de que até não era tão grave como parecia. Parecem-me mais tranquilas. Espero que não haja retrocesso, vamos estar atentos e vamos esperar com cautela pelos próximos passos”, alerta.

Para acautelar esta situação, a UF já encomendou cerca de 3.000 máscaras sociais, num valor aproximado de 10 mil euros, no seguimento de compras anteriores de equipamentos de proteção individual que já têm vindo a ser distribuídos pela junta à população.

Apesar da relação de proximidade do presidente da junta com a população ser permanente, neste atual contexto tem havido “uma preocupação excecional”. Jorge Mendes sublinha que “a proximidade é diária” e que “é muito fácil as pessoas chegarem diretamente ao presidente”. Neste cenário, realça que “é ainda maior”, havendo o cuidado por parte do executivo de se manter em contacto com “os habitantes infetados, com as pessoas que estão mais isoladas e com as famílias que possam estar a passar por maiores necessidades”.

Para além do apoio que era já assegurado às famílias sinalizadas, a UF disponibilizou agora mais uma verba de 5.000 euros para fazer face a outras necessidades que entretanto surgiram, a que se somam outros 5.000 que havia disponibilizado já para apoiar as instituições na aquisição de equipamentos de proteção individual. Mas, para além destes apoios, está a assegurar também, através da Comissão Social, apoio às famílias que, fruto da pandemia, viram a sua situação financeira complicar-se, em resultado de “despedimentos ou mesmo da lay-off, que se traduziu na quebra de rendimentos necessários ao pagamento de rendas, água, luz e outras despesas fixas”.

Jorge Mendes assegura que tem sido possível “responder a todos os problemas que nos têm chegado” mas sensibiliza a comunidade para estar atenta porque, para além dos que pedem ajuda, há outros que “têm mais dificuldade em fazê-lo”. Lembra que informou, em carta aberta, as instituições e as “forças vivas” da UF sobre a disponibilidade deste fundo, esperando que, com a ajuda de todos, “seja mais fácil chegar a quem precisa nesta situação especial”.

Autarca há cerca de 20 anos, tendo liderado primeiro a extinta Freguesia do Ameal e assumindo em 2013 esta UF, Jorge Mendes sublinha que o papel de um presidente é estar “ao serviço da comunidade” e ser “pau para toda a colher”, tendo que responder em todas as áreas. Assume, contudo, que este é um cargo que “se tem que abraçar com gosto”, sendo certo que “quem se dedica à causa pública é porque gosta de servir o povo, de estar ao seu serviço, de andar na rua e contactar com as pessoas”.

Três freguesias, três identidades

Apesar da UFde Taveiro, Ameal e Arzila ter resultado bem, estas três freguesias continuam a manter a sua identidade própria. Com um território muito abrangente, que leva a que algumas localidades estejam separadas por alguns quilómetros de estrada, sem construção, a população adaptou-se a estas diferenças.

Jorge Mendes assume que há “algum distanciamento em termos territoriais entre freguesias”, uma realidade que tem procurado colmatar em termos humanos, criando “um maior entrosamento entre os habitantes, as coletividades e os vários eventos”. Considera que, pouco a pouco, “tem sido possível contrariar esse distanciamento” e sublinha que “o caminho é para a frente”. “É evidente que há aquela identificação própria de cada freguesia que ninguém quer perder, aquilo que as carateriza, mas a verdade é que isso é natural e o importante é que tudo tem funcionado bem”, realça.


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