A campanha lançada pela empresa Transportes Pascoal está a criar uma “enorme e comovente” onda de solidariedade. Promovida pela empresa sediada na Estrada Nacional n.º 1, em Santa Luzia, no concelho da Mealhada, envolve as restantes empresas do grupo e sensibilizou tanto familiares e amigos dos cerca dos seus 500 motoristas mas também muitos parceiros, clientes, fornecedores e pessoas da comunidade que querem ajudar.
De acordo com Fernando Lopes, gestor de qualidade da empresa Transportes Marquês de Pombal, que faz parte do grupo Transportes Pascoal, esta campanha solidária surgiu em resposta ao pedido feito por funcionários ucranianos que integram a equipa da transportadora. “Num universo de 500 motoristas que o grupo tem, cerca de um terço são ucranianos. É, portanto, um número muito significativo”, refere, sublinhando que a empresa “não podia ficar indiferente a este apelo” dos seus colaboradores, bem como à “situação absolutamente atroz que se vive na Ucrânia”.
Apesar da maioria dos motoristas ter cá o núcleo familiar mais próximo – esposa e filhos –, todos têm familiares diretos na Ucrânia. “Essa é uma situação que nos deixa a todos muito preocupados e angustiados e procurámos ajudar da maneira que nos é possível, tanto na organização dos pontos de recolha como na triagem dos bens e no seu envio”, realça.
Com o lema “Vamos todos ajudar a encher este camião solidário”, a empresa Transportes Pascoal não encheu apenas um mas vários camiões, prevendo que até ao final desta semana 10 camiões sigam em direção à fronteira entre a Polónia e a Ucrânia. De acordo com Fernando Lopes, os primeiros três camiões saíram das instalações da Transportadora Pascoal a 1 de fevereiro e chegaram à fronteira com a Ucrânia na sexta feira passada, avançando para território ucraniano com destino a Lviv, onde descarregaram a ajuda num armazém civil, requisitado pelos militares para ajuda humanitária. “Os nossos camiões foram escoltados e acompanhados em todo o processo de descarga pela polícia civil ucraniana”, explica, acrescentando que a operação foi “coordenada pela associação SOS Army”.
No dia em que os três primeiros camiões chegaram à Ucrânia, outros tantos saíram do país com o mesmo destino, estando outros a serem preparados para saírem esta semana.
“A nossa intenção era, numa fase inicial, oferecer um ou dois camiões para fazer o transporte mas esta onda de solidariedade ganhou uma dimensão tal, com os nossos parceiros, clientes, fornecedores e comunidade a quererem ajudar também, que só podemos continuar”, realça. Congratula-se com o facto de os donativos não pararem de chegar e lembra que “infelizmente o conflito também não pára e que as necessidades do povo ucraniano irão prosseguir”.
Fernando Lopes realça que “o Grupo Pascoal (Transportes Pascoal e Transportes Marquês de Pombal) ofereceram o transporte de quatro camiões sendo os restantes reservados por clientes e fornecedores a preço de custo”.
Os pontos de recolha foram montados nas instalações Transportes Marquês de Pombal, na Mealhada, e na Loja Social da Mealhada mas também em alguns parceiros de Coimbra, nomeadamente na Associação Integrar, na Associação de Patinagem de Coimbra e na empresa José Borbigão Machado. Aí têm chegado os mais diversos bens, como alimentos, roupas, medicamentos e artigos de higiene. “São os próprios Transportes Pascoal, com a ajuda dos seus parceiros, que estão a assegurar este transporte, numa ação que resulta da entreajuda de todos. Neste momento tão dramático, estamos a receber constantemente telefonemas de empresas e de particulares que querem ajudar de alguma forma, entregando bens, fazendo voluntariado, ajudando no que é possível…”, sublinha.
Contudo, explica que “devido ao elevado número de bens recolhidos, que estão agora a ser triados e organizados pelos voluntários da empresa e ao facto de não estarem a ser asseguradas as condições logísticas de receção dos bens nem na Ucrânia nem nos locais de fronteira, os Transportes Pascoal e os Transportes Marquês de Pombal decidiram suspender esta recolha”. Irão, por isso, “agora trabalhar para que os bens recolhidos até ao momento sejam transportados o mais rapidamente possível e cheguem a quem mais necessita”.
Portugueses unidos conseguem “milagres”
A onda de solidariedade gerada em torno desta causa não deixa de surpreender e mesmo emocionar todos os que nela estão envolvidos. “Quando os portugueses se juntam conseguem, de facto, estes milagres de solidariedade”, sublinha Fernando Lopes, enaltecendo e agradecendo não só a quem está a ajudar com donativos mas também a todos os voluntários que estão a colaborar na triagem dos bens e na sua preparação para o envio.
Muitos destes voluntários são familiares e amigos dos cerca de 500 funcionários dos Transportes Pascoal mas também pessoas da comunidade sensíveis não só às necessidades do povo ucraniano mas também aos seus sentimentos, procurando, com esta ajuda, confortar todos aqueles ucranianos que se encontram em Portugal mas que sofrem pelos seus que permanecem ainda na Ucrânia.
Fernando Lopes deixa um apelo “para que todos se continuem a unir para, de alguma forma, ajudar a minimizar o sofrimento do povo ucraniano”.
“Todos os nossos colaboradores estão muito unidos nesta causa e vamos fazer votos para que rapidamente se calem as armas e a paz regresse de novo àquele território”, sublinha.