Há uma série de anos que escrevo para este Jornal, agora, aniversariante. Com abnegação e despretensiosamente o realizo, – embora tudo fazendo para informar e agradar. Escrevo com a leveza de quem tem a plena convicção de que só sabe «escrevinhar». Mas procuro a crítica, a atualidade e a verdade.
Se estou longe das expectativas de todos, é uma boa altura para me penitenciar.
Apesar de todas estas limitações que carrego, confesso-vos não ser fácil escolher um assunto e descrevê-lo. Encontrei uma solução que me ajuda, a tal do «caderninho» de rua que comigo trago. Se me esqueço de o levar, o que acontece muitas vezes, arranjo sempre uma alternativa para apontar o que naquele momento me perpassou pela cabeça.
Tudo se descobre para suprir a falta e eu encontrei uma forma de construir frases e quase sempre o tema a tratar.
Aprendi a escrever em comboios e salas de espera nos folhetos da CP e enquanto caminho e ouço o murmurinhar das águas e o cantar dos passarinhos no Parque Verde. Tiro apontamentos, durante um almoço, no guardanapo de papel; à mesa do Café no jornal acabado de comprar. Habituei-me a anotar na rua, ou em casas de banho com papel higiénico. Escrevo nos carros, se não for a conduzir, bem entendido, e encostado à berma de qualquer caminho. Tomo notas em tudo, tudo serve: em pedacinhos de papel, na pele da outra mão, nas margens das páginas dos livros. Na maioria das vezes, são apenas frases curtas ou modestos esboços, para começar a tecer uma história, um bom assunto, uma atualidade, uma crítica.
No entanto, andar com um «caderninho» facilita; e podem crer, é um bom método. Estou a aprimorá-lo a cada ano que passa e tudo fazer para não me esquecer dele em casa.
Como vês, caro DESPERTAR, escrever-te não é fácil e para tal resultar é preciso conceber estratégias. Procuro-as para te agradar. Desta forma mantenho o meu cérebro e o teu, permanentemente, ocupados, despertos para a vida.
Que resistas muitos anos para me suportares também vivo!
NUNCA DEIXAREI DE TE ESCREVER.