Ando a ler um livro de qualidade extraordinária da autoria do historiador Jaime Nogueira Pinto, sob o título “Contágios 2500 Anos de Pestes” que se coaduna com os tempos atuais, onde o enigmático Coronavírus transmuta a dita «sociedade do saber» em «sociedade da ignorância».
Este livro demonstra como o Covid-19 se entranha na linhagem das epidemias e pandemias que vêm assaltando e condicionando, pelo medo atroz, os homens e os povos ao longo de quase 3000 anos de história. É obra!
Ao refletir sobre o conteúdo do livro, é inaceitável não admitir que, de peste em peste, de praga em praga, “dentro das diferenças do tempo e do espaço geográfico e apesar da ciência e tecnologia, há comportamentos que se repetem. Comportamentos não só dos homens, mas também das sociedades”. Meu Deus, – como é possível aprender tão pouco com o que foi descoberto e feito no passado!
Enchem-nos a boca e o cérebro com a palavra inovar, mas ainda não se conseguiu acelerar a morte de quem, hoje, – ainda que de ínfimas dimensões – dizima populações e famílias inteiras.
Desde as pestes e pragas de Tebas, de Atenas, Constantinopla, e muitas outras, às pestes medievais, tantas, tão negras e mortíferas – às do nosso tempo, todas estão confinadas ao medo, dispersas por muitos e desvairados sons, números e imagens de cidades vazias, prédios fechados e pessoas limitadas no espaço e no tempo, espreitando timidamente atrás das janelas, fome, desemprego. E, quase todos nós (deixem-se alguns de fanfarronices estéreis), sempre apreensivos, titubeantes, estupefactos com o receio que nos causa algo tão pequeno que a nossa vista não alcança.
Depois de 2500 anos de calamidades desastrosas, tantos anos, perante estes mistérios de Deus ou da natureza, todos estes seres impalpáveis, que se movem, que esperam o momento e o lugar propício para atacar, que se rearmam e transmutam, que se propagam por contágio epidérmico e que nos chegam «de noite» como ladrões, sem que a ciência dê conta, é caso para dizer, – Oh ciência, Oh cientistas, onde estais? Distraídos?
Há quem diga que se está perante a geração mais bem preparada de sempre, então de que estais à espera? Morte ao Covid, já.
Pois, tudo bem, o pior é que lhes faltam as armas…