A luta contra o cancro da mama volta a unir sete cidades da região Centro no próximo sábado, 16 de outubro. Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Covilhã, Guarda, Leiria e Viseu retomam as caminhadas “Pequenos Passos, Grandes Gestos”, embora em modelos diferentes, devido à pandemia e à necessidade de acautelar a saúde de todos. Este é um dos principais eventos deste “Outubro Rosa”, mês dedicado à prevenção do cancro da mama, doença cuja prevalência continua a aumentar e que exige uma atenção especial de todos, uma vez que o diagnóstico precoce é fundamental para salvar vidas.
Zilda Monteiro
A luta contra o cancro da mama é uma luta de todos. Mulheres, homens e crianças são, direta ou indiretamente, “vítimas” desta doença que, infelizmente, continua a ter uma prevalência cada vez maior. De acordo com os números da Organização Mundial de Saúde (disponíveis em Globocan 2021), só no ano passado surgiram 7.000 novos casos em Portugal e morreram 1.800 pessoas. É importante salientar que a doença não afeta só as mulheres. De acordo com os dados divulgados, destes novos casos de doença cerca de um em cada 100 cancros da mama desenvolve-se no homem.
Números de facto muito preocupantes que foram dados a conhecer na segunda feira, pelas responsáveis do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC-LPCC), durante a apresentação das atividades previstas para celebrar o “Outubro Rosa”, um mês que pretende sensibilizar a sociedade para esta realidade e para a urgência de, cada vez mais, apostar na prevenção e no diagnóstico precoce da doença.
Esta continua a ser, como sublinhou Sónia Silva, psicóloga e responsável pela Unidade de Voluntariado do NRC-LPCC, a principal “arma” de combate à doença. Apela, por isso, às mulheres para que “estejam atentas ao corpo”, de forma a conhecê-lo bem e a detetarem qualquer alteração rapidamente. “A solução para o cancro da mama é o diagnóstico precoce. Se for detetado cedo tem uma taxa de cura de 90 por cento”, frisa.
É esta uma das grandes mensagens que o NRC-LPCC quer transmitir neste “Outubro Rosa”, um mês que é comemorado em todo o mundo, onde o rosa surge como uma homenagem às mulheres que sofrem com a doença.
Um dos pontos altos deste mês costuma ser a caminhada “Pequenos Passos, Grandes Gestos”, que conta já com 10 anos de história e que no ano passado foi cancelada devido à pandemia. Vai realizar-se agora novamente, a 16 de outubro, voltando a unir as sete cidades da região Centro mas num modelo diferente, uma vez que o atual contexto ainda não permite grandes aglomerações.
De acordo com Sónia Silva, não pretende “mobilizar ainda milhares de pessoas” e decorrerá de “forma mais simbólica”, em pequenos grupos, que sairão de forma desfasada para evitar grandes ajuntamentos. Em Coimbra o centro deste evento será a Praça 8 de Maio, onde estarão durante a manhã voluntários com os habituais materiais de sensibilização e artigos de merchandising, cuja receita reverte para o trabalho que a LPCC desenvolve diariamente no apoio ao doente e família. A caminhada começa às 15h00, com a partida de grupos separados, de forma sucessiva.
Este deverá ser também o modelo a seguir nas restantes cidades da região Centro, embora sem horários e percursos exatos, de forma a transmitir a mensagem da Liga e a angariar receitas mas salvaguardando sempre a saúde dos participantes.
Ações de sensibilização já começaram em Coimbra
Para divulgar esta causa e alertar para a importância de prevenir e diagnosticar o cancro da mama, o NRC-LPCC está a realizar ações de sensibilização também em dois centros comerciais de Coimbra. De sábado a terça feira esteve no Fórum Coimbra e este fim de semana vai estar no AlmaShopping. Nestes stands encontram-se voluntárias do NRC, que disponibilizam folhetos informativos, assim como têm disponíveis para venda materiais diversos, alusivos a este mês rosa, com vista à angariação de fundos a favor do doente oncológico e familiares.
Recorde-se que o voluntariado hospitalar já foi retomado nos dois hospitais de Coimbra (IPO e HUC). “Sentimos que as pessoas estavam muito carentes deste apoio”, realça Sónia Silva, explicando ainda que “tem sido um período de muita instabilidade”, agravado também pelas obras que estão a decorrer no IPO, que tornam ainda mais importante o acompanhamento dos voluntários aos doentes. “Não é só o suporte alimentar mas também o apoio e orientação ao doente, a palavra amiga, o sorriso e a forma de acolher quem vem de longe. Sentimos que as pessoas estão muito necessitadas de afeto”, sublinhou.
Apesar de ter interrompido o voluntariado hospitalar nos períodos críticos da pandemia, o NRC-LPCC manteve todos os restantes serviços em funcionamento, assegurando sempre o apoio ao doente e família. A secretária-geral do Núcleo, Natália Amaral, disse recentemente a “O Despertar” que a pandemia veio agravar as dificuldades, sobretudo a nível social, com os pedidos de ajuda a aumentarem 40 por cento, um aumento que se verificou, de forma generalizada, em todo o país. Aumentaram, acima de tudo, “os pedidos de ajuda para medicamentos e transportes” mas verificou-se também mais procura a nível do apoio jurídico e psicológico, disse.