A gastronomia é um património ímpar, com raízes milenares, que valoriza e promove toda a Região de Coimbra, nas mais variadas vertentes. Esta multiplicidade que envolve, testemunho da identidade e da história dos povos, foi um dos marcos que esteve em evidência na abertura da Região Europeia de Gastronomia 2021-2022, cerimónia oficial que juntou largas dezenas de pessoas na terça feira, na Igreja do Convento São Francisco, em Coimbra.
O presidente da Comunidade Intermunicial (CIM) da Região de Coimbra, José Carlos Alexandrino, congratula-se com este título – atribuído à Região em outubro de 2018 pelo Instituto Internacional de Gastronomia, Cultura, Artes e Turismo – que “oferece à Região de Coimbra, entre outras, a oportunidade para alavancar a interligação da gastronomia com a cultura, o turismo e a economia, através da qualificação e inovação, aumentando a notoriedade da Região e concorrendo para a criação de valor e coesão social”.
Sublinha que o que está em causa não é apenas a perspetiva do alimento mas todas essas áreas que, no seu conjunto, projetam a riqueza, a história e as memórias da Região. “Aqui, as comunidades assumem uma centralidade incontornável, preservando o que é único e autêntico num território vasto e com uma geografia que favorece a diversidade ímpar de produtos endógenos que, aliados às estórias que passam de geração em geração, fazem da Região de Coimbra uma região com um milhão de histórias para partilhar com quem se adentra nos seus sabores”, destacou, acrescentando que “subjacente a este título está o reconhecimento da construção de um projeto que reflete a vontade de valorizar a identidade, diversidade e autenticidade dos territórios e das comunidades locais, através de narrativas em torno da gastronomia”.
A marca comum “Região Europeia de Gastronomia 2021-2022” assenta, como frisou, na “valorização do território e das comunidades, impulsionando a economia e encontrando novas soluções para a sustentabilidade ambiental, económica e social”, fazendo destas comunidades locais o destino.
José Carlos Alexandrino destacou a variedade da gastronomia da Região de Coimbra, que inclui “pratos de peixes de rio e mar, carnes e doces conventuais, que prometem agradar a todos os palatos” e que têm um grande potencial enquanto fator de atração turística. Manifestou, por isso, o desejo de que “cada vez mais cidadãos nacionais e internacionais visitem a nossa Região, procurem conhecer o nosso património e cultura, a gastronomia, os vinhos, a música, a literatura”, sendo certo que “há muito, neste território que vai do mar à serra, para descobrir e desfrutar”.
Gastronomia é fonte de riqueza
O papel da gastronomia, enquanto criadora de fonte de riqueza, foi também realçada pela ministra da Coesão Territorial. Ana Abrunhosa considera que é necessário que esta seja uma oportunidade de investir numa “maior sustentabilidade” do setor agroalimentar, “que respeite o ciclo produtivo” e promova as “cadeias curtas” da comercialização. No seu entender, este título constitui um desafio para “reforçar a identidade e a união” das entidades públicas e privadas, bem como da população, neste território do Centro de Portugal. Destacou, também, a “ligação perfeita” que resulta da união da gastronomia com a cultura, a economia e a área social, contribuindo para a atração de turistas e investimentos para este vasto território.
O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, disse que este título, que a Região de Coimbra vai partilhar com a Eslovénia durante dois anos, “apenas é possível graças ao envolvimento de instituições dos setores público e privado” que valorizam “a diversidade e a riqueza de uma Europa global”. Sobre a Região, considera que “tem sabido potenciar os produtos que a diferenciam” neste domínio.
A encerrar a sessão – que contou ainda com intervenções de outras personalidades e alguns momentos musicais – esteve a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, que, depois de sublinhar a importância da gastronomia para a diversificação da oferta turística, lançou o repto para que, a partir do trabalho que vai ser desenvolvido na Região Coimbra, possa ser constituído “um grupo de trabalho” que dê “os primeiros passos para a elaboração de um Plano Nacional para a Gastronomia que preserve aquilo que é mais autêntico mas que possa introduzir também inovação”. Lembrou que “este é um desejo muito antigo que ficou hibernado por causa da pandemia mas que agora pode desconfinar”, beneficiando não só esta Região mas todos os territórios do país.