Comemorou-se ontem o Dia Mundial da Visão, um dia de sensibilização e de alerta para a importância da saúde ocular. Criada pela Organização Mundial da Saúde, esta data celebra-se todos os anos, na segunda quinta feira de outubro, chamando a atenção para perigos como a cegueira e a deficiência mental.
Este ano, marcado pela pandemia da Covid-19, que condicionou fortemente todos os setores, incluindo o da saúde, com tratamentos e consultas adiados, esta data serve também para realçar que não se podem descurar os cuidados com os nossos olhos. Aproveitando a celebração da data, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), alertou para as “inúmeras consultas, tratamentos e cirurgias” que, também na área da oftalmologia, foram desmarcadas, apelando aos doentes para retomarem agora os cuidados e não terem receio de irem aos hospitais.
“A interrupção dos tratamentos oculares pode levar a perda grave de visão e cegueira em doenças como, por exemplo, a retinopatia diabética, a degenerescência macular da idade (DMI) e o glaucoma”, alerta Rufino Silva, médico oftalmologista e vice presidente e da SPO. O especialista explica que “a retinopatia diabética é uma complicação da diabetes a nível ocular que tem tratamentos que permitem preservar a visão dos doentes e, em muitos casos, permitem mesmo recuperar a visão perdida”. No entanto, esclarece, “para que tal aconteça estes tratamentos devem ser mantidos de forma repetida e regular”.
“No caso da DMI, onde crescem vasos sanguíneos anormais por debaixo da retina ou na sua espessura, a regularidade necessária é ainda mais urgente. A sua interrupção pode provocar, com maior frequência nesta doença, uma perda irreversível de visão. Por outro lado, doenças como o glaucoma também precisam de vigilância e tratamento para evitar a perda de visão, refere o médico, sublinhando que “mais de 85 por cento da informação que recebemos chega-nos através da visão”, estando “a nossa vida pessoal, profissional, afetiva e relacional suportada na informação visual”.
A SPO reforça que é importante que as pessoas tratem da “sua saúde ocular exclusivamente com o seu médico oftalmologista”, uma vez que “ter uma visão normal não significa que esteja tudo bem”.
Problemas de visão afetam um quarto da população mundial
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado no ano passado, precisamente por ocasião do Dia Mundial da Visão, a deficiência visual afeta mais de um quarto da população mundial. De acordo com o relatório – o primeiro da OMS sobre problemas de visão no mundo -, cerca de mil milhões de pessoas têm uma deficiência visual que poderia ter sido prevenida ou que poderia ser tratada, como problemas de miopia, glaucoma ou cataratas, que poderiam ser resolvidos, por exemplo, com recurso a cirurgia.
A OMS estimava, ainda, que 800 milhões de pessoas tinham problemas na realização das suas atividades diárias apenas porque não têm acesso a um par de óculos, sendo os problemas de visão mais acentuados nos países menos desenvolvidos.