14 de Julho de 2025 | Coimbra
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Presidente José Simão quer mais e melhor para Santa Clara e Castelo Viegas

29 de Abril 2022

É natural do Porto, mas veio para Coimbra ainda jovem e são as terras deste território que o encantam há 60 anos. Foi tipógrafo, jornalista e há vários anos que se dedica à política. José Simão, de 73 anos, é presidente da União de Freguesias (UF) de Santa Clara e Castelo Viegas há 24 anos e está no seu sexto e último mandato. Ao longo de mais de duas décadas cumpriu muitos sonhos, mas há dois que ainda estão por realizar, ver o seu património a ter a dignidade que merece e construir uma casa de habitação social para famílias carenciadas

Quem é o presidente José Simão?

O José Simão é um amigo de Santa Clara e de Castelo Viegas e que veio para cá para servir e é isso que tenho feito e as pessoas estão satisfeitas, pelo que acho que votam em mim por aquilo que sou e não pelo partido (PSD), pois esta é uma freguesia que sempre foi socialista e eu estou cá há 24 anos.

Como classifica estes seis mandatos à frente da UF?

Tive o jornal “Folha de Santa Clara” e sempre defendi estas terras. Quando me convidaram para político, era apenas jornalista, mas já fazia muita coisa, mesmo antes de pensar sequer em política. Fiz muitas coisas pela freguesia, inclusive com o jornal, mas infelizmente acabei por ser proibido de exercer jornalismo, porque não podia estar nos dois sítios, por isso, desde 2001, que sou apenas presidente de Junta.

Quais as prioridades para a UF?

Tenho muitas, mas a única promessa que tenho é ter uma casa social, mesmo que pequena, para os meus fregueses. Tenho a ambição de ajudar as pessoas a serem felizes, para quando têm problemas de saúde ou com uma conta da água ou da luz, sejam resolvidos ou pelas excursões que fazemos, os cabazes que doamos.  Mas preciso da colaboração do Município, porque é muito difícil gerir a margem esquerda, pois há uma grande barreira.

Quais as principais intervenções e ações da UF que foram efetuadas?

Não consigo contabilizar, pois já são 21 anos a fazer, a lutar, mesmo que tenha de incomodar pela defesa de Santa Clara e Castelo Viegas. Sei que temos muita coisa para fazer, desde limpeza, alcatroamento, passeios, infraestruturas, mas fazemos o melhor que podemos, pois sou cem por cento dedicado à minha freguesia.

Que grande projeto defende para o futuro?

As Juntas não têm grandes projetos, limitam-se a tentar que outros os façam. Se quiser alcatroar uma estrada, mandar colocar um sinal de trânsito ou um posto de eletricidade, preciso da autorização do Município. A única coisa que a Junta faz, além do “trabalho de casa”, é tentar que as entidades que têm essas competências o façam, pois, as nossas são muito reduzidas.

E como tem sido a articulação com a Câmara?

Uma “mão cheia de nada”. Este novo executivo está há seis meses a exercer, pelo que dou o benefício da dúvida, mas não tenho visto melhorias, mas ainda acredito e tenho esperança de que o Município se consiga instalar.

Que apoios tem recebido a UF? Considera-os suficientes?

Temos recebido os contratos e protocolos que fizemos. De obras, por exemplo, tenho temos aqui centenas de milhares já votadas em reunião e em Assembleia Municipal, mas que tardam em chegar, pelo que estamos um bocado frustrados. Até agora, a Câmara não tem feito grande coisa e daquilo que faz nem sequer dá conhecimento ao presidente de Junta, há falta de parceria e isso tem de mudar, pois de outra maneira não sei o que andamos a fazer.

Quais as principais necessidades da UF?

É a habitação social, que leva parte dos rendimentos das famílias, que estão empobrecidas. Conheço pessoas que recebem da segurança social 130 euros e pagam 250 euros de renda. Como pode? Como comem? Como se vestem? Como vivem? Em Santa Clara, desde 1951, que não existe uma casa de habitação social.

Essa casa de habitação social é o seu maior sonho para a freguesia?

Eu tenho a minha missão cumprida com ou sem habitação social, mas com esse projeto fazia as famílias empobrecidas muito mais felizes. Quando vim para cá tinha outros sonhos, hoje, tenho este, de haver habitação social para pessoas carenciadas.

Alguma coisa ficou por fazer até ao momento?

Ainda por aqui estou mais quatro anos, mas sou uma pessoa insatisfeita, pois não me contento com o que já fiz e ainda há muitas coisas para fazer e algumas que nem imagino, pois, o mundo está a evoluir. O passado a gente sabe, o presente vivemos e o futuro é incerto.

Que referências destaca na sua freguesia a nível de património?

O meu coração sangra quando se fala em património, pois tenho aqui muita riqueza que ninguém liga. O Aqueduto Real do Mosteiro de Santa Clara e o Aqueduto Alves Macomboa estão completamente abandonados. E sabe qual é a grande tristeza? Coimbra ser Património Mundial da Humanidade e não atravessar a ponte nem incluir Santa Clara, que é mais uma prova de que a margem esquerda não conta para Coimbra, mas somos de cá e com orgulho.

Mas há património muito visitado?

O Portugal dos Pequenitos, todos vamos lá, seja quando somos crianças, pais ou avós. A Quinta das Lágrimas, com a Lenda de Pedro e Inês de Castro, em que não há quase nenhum poeta que não falasse dela. Afinal onde está o património?

Por falar em património, como está a freguesia a nível turístico?

Basta olhar para os milhares de pessoas que vão ao Portugal dos Pequenitos, ao Convento de Santa Clara a Velha, à Quinta das Lágrimas e ao Fórum Coimbra. Há também um património louco, que é o Observatório Gastronómico. Por isso, Santa Clara está num bom caminho, embora haja muito a melhorar, e as melhores coisas que estão a aparecer a nível mundial por sorte são de Coimbra, mas são em Santa Clara.

E habitantes. Há aumento ou diminuição?

Cada vez que há Censos a freguesia perde habitantes, porque ninguém está para defender as fronteiras.

Alguma mensagem que queira deixar aos seus fregueses?

Sejam todos amigos uns dos outros, amem o próximo e, acima de tudo, que sejam felizes.


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