Leonor Correia não arrefece o seu talento no procedimento a uma fidelidade de sentimentos e das lógicas virtudes em mostrar a sua pintura, os motivos íntimos e os princípios de ética que é o seu modo de ligar a cultura com o público nas suas regulares exposições.
Tem um desenho quase perfeito ou uma apologia de uma doutrina ora renascentista e ora bizantina que envolve a sua arte numa atmosfera extrovertida que não impede de muitas das suas compensações nascerem do subconsciente, inspiradas, pois, pelo impulso criador, nato, sempre em conta nesta artista, de atitude pessoalista, que procura desnudar a sua alma para ser tal como é!
A sua pintura – sobretudo a que enxergamos no Café Santa Cruz – é uma experiência íntima sem ser “intimista” e não está livre de especulações éticas, como convém a um artista que se preza, e ressalva nalguns quadros as teorias psicanalistas de Freud, mesmo sendo a pintura de Leonor Correia intelectualista ou o supra realismo literário no rebuscar a forma, tão ao gosto do academismo rigoroso, já que esta pintora dá um toque pessoal, dominado pela técnica, usando a cor no seu “sítio”, no momento psicológico, numa soberba ocupação do espaço usando os tons na sua verdade, naturalmente, como escrevesse por sua vez um cântico à natureza, visto somente pelos seus olhos e alheio a compêndios.
É uma pintora que faz parte do naipe dos artistas de valor de Coimbra, onde desenvolveu a sua filosofia estética e desprezou nos seus trabalhos a teoria errónea de Aristóteles de que a arte é imitação da natureza.
Há em Leonor Correia uma liberdade, a sua, que a envolve sem rodeios!
Foi para nós que andamos há muitos anos nestas andanças o redescobrir uma pintora que tem a arte como objeto e engrandecimento da cultura, ou seja, o seu “nouveau roman” que pinta com a sua prática e sabedoria modelares.
Excelente presença no Café Santa Cruz, na cidade de Coimbra, de Leonor Correia.