O novo presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Manuel Teixeira Veríssimo, não vê com bons olhos a eventual fusão do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) com os Hospitais de Cantanhede e Rovisco Pais da Tocha.
“O CHUC já é uma megafusão, com vários hospitais, e juntar-se dois hospitais pequenos, um deles generalista, mais de proximidade, que é Cantanhede, e outro um hospital central especializado, numa estrutura tão grande, em princípio só os vai fazer perder importância”, disse Manuel Teixeira Veríssimo.
Eleito em janeiro, Teixeira Veríssimo não vê que a fusão atualmente em análise possa ser “uma mais-valia, nomeadamente para os hospitais mais pequenos e especialmente para o Hospital Rovisco Pais”, que é um Centro de Medicina Física e Reabilitação da Região Centro.
Para o presidente da SRCOM, “os hospitais pequenos vivem muito do amor à camisola, da autoestima dos seus profissionais e, ao juntarem-se a uma grande estrutura, isso perde-se um pouco, até porque as decisões que antes eram tomadas localmente acabam por se perder”.
“Veria como mais lógico, mesmo assim, a haver fusão, que o Hospital Rovisco Pais pudesse ser fundido com o Hospital Distrital da Figueira da Foz. Seriam muito mais complementares, porque são mais próximos, ou então fazer mesmo um centro hospitalar com Cantanhede, Rovisco Pais e Figueira da Foz”, sublinhou, defendendo que “se quisermos ser ainda mais completos, agora que estamos na onda das Unidades Locais de Saúde, fazer-se uma estrutura destas que englobasse a Figueira da Foz, Tocha e Cantanhede e os cuidados primários. Seria uma estrutura diferente, mais individualizada, que provavelmente responderia melhor às necessidades da população e seria uma mais-valia”.
Fusão “foi mal planeada”
A fusão dos hospitais em Coimbra, iniciativa que em 2011 criou o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), “foi mal planeada e não ofereceu vantagens para os doentes”, considerou Manuel Rovisco Pais.
“Na altura, devia ter sido elaborado um plano das mais-valias que daí pudessem advir, que teriam de ser seguramente para a população, em primeiro lugar, mas também para os profissionais e para o erário público”, defendeu.
Para o médico especialista, tratou-se de uma fusão “seguramente mal planeada e o que se exigia nessa altura é que tivesse sido feito um plano a médio prazo, em que claramente se dissesse o que se ia fazer, sempre com o objetivo de haver mais-valia para a população, o que não aconteceu”. “Parece-me que foi uma fusão falhada”, sublinhou o presidente da SRCOM.
O CHUC resultou da fusão dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que geria a Maternidade Daniel de Matos, com o Centro Hospitalar de Coimbra, constituído pelo Hospital Geral (Covões), Hospital Pediátrico, Maternidade Bissaya Barreto e Hospital Sobral Cid.