O Grupo Recreativo “O Vigor da Mocidade” comemora amanhã 90 anos, uma vida longa e honrosa que o clube de Fala, na União de Freguesias de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, vai assinalar ao longo de todo o ano, com um programa festivo que pretende envolver os sócios mas também toda a comunidade, mostrando que o clube está bem vivo e cheio de “vigor” para continuar a traçar o seu futuro.
Chegar aos 90 anos é um feito que a todos honra. Tratando-se de uma coletividade pode ser ainda um marco mais glorioso já que, como se sabe, são muitas as lutas e desafios que as associações têm que ultrapassar, dependendo, em muitos casos, da dedicação e “paixão” daqueles – lamentavelmente cada vez menos – que ainda se dedicam ao associativismo.
“O Vigor da Mocidade” é um desses exemplos raros de longevidade. Nasceu a 1 de fevereiro de 1930 e completa amanhã nove décadas de existência. Desde que foi criada até à atualidade, muito mudou nesta coletividade que, ano após ano, década após década, soube enfrentar cada desafio com inovação, crescendo paulatinamente até se transformar no grande clube que é atualmente, como o testemunham os cerca de 350 atletas que integram as quatro modalidades que dinamiza – futebol, patinagem, ginástica e natação – mas também os cerca de 700 sócios e as centenas de pessoas que, ao longo do ano, frequentam as instalações do clube e as suas atividades desportivas e culturais.
Na génese da coletividade esteve, em 1930, um grupo de jovens solteiros, requisito fundamental na altura, já que existia outro grupo direcionado aos casados. Começou por se dedicar exclusivamente à parte recreativa, como uma espécie de grupo de “bairro ou de aldeia”, a exemplo de outros que existiam na época e que funcionavam, acima de tudo, como ponto de convívio para a comunidade. Foi assim que surgiu também “O Vigor da Mocidade”, com os seus convívios e bailaricos, uma parte social fundamental que acabou por trazer muitos frutos, com vários casais a nascerem ali. Mário Fernandes, presidente do clube, lembra que foi também ali que apareceu “a primeira televisão de Fala”, reforçando o papel do clube enquanto ponto de encontro, lazer e confraternização.
Só anos mais tarde, em 1967, é que “O Vigor” entrou nas primeiras competições distritais da Associação de Futebol de Coimbra, começando a trilhar assim um novo percurso que nunca mais abandonou. Ao longo dos anos, foi abrindo este caminho a outras modalidades, como a natação, a patinagem e a ginástica. Em todas elas, tem somado, como é natural, algumas derrotas mas também muitas vitórias, evidentes pelos muitos troféus que o clube ostenta. Mas apesar desses prémios serem importantes, perpetuando as várias conquistas, certo é que os mais relevantes troféus são aqueles que não se veem, como as lutas que as sucessivas Direções tiveram que enfrentar para, pouco a pouco, trazerem este clube do “papel” para aquilo que é hoje, a começar, desde logo, pela construção da sua sede, um processo que, como recorda Mário Fernandes, exigiu muita luta, viagens e, acima de tudo, determinação e mesmo alguma ousadia.
São todas essas conquistas que enriquecem a história deste clube que sempre teve “muito boa aceitação pelas pessoas de Fala” e que sempre procurou acompanhar e corresponder às exigências e inovações que os vários contextos sociais exigiram. Os laços de afetividade criados nos seus primeiros tempos de vida mantêm-se até hoje e refletem-se nos muitos sócios que acompanham o clube praticamente desde a sua origem. Segundo o presidente, há pessoas com 70 e 80 anos de associados, estando o número um ainda vivo, havendo alguns que ainda se continuam a encontrar na sede, no centro de Fala, onde funciona o bar, mas também no complexo desportivo, na Rua do Campo do Vigor, onde está o pavilhão, o campo de futebol e o ginásio.
De olho no centenário
“O Vigor da Mocidade” chega aos 90 anos “forte, com muito vigor e recheado de afetos”, frisa orgulhosamente o presidente, congratulando-se com toda a sua dinâmica e história e não esquecendo, neste momento de celebração, todos aqueles que trouxeram o clube até aqui. Há mais de 40 anos ligado ao “Vigor”, deixa uma palavra de agradecimento às sucessivas Direções, bem como a todos os que passaram pelo clube e outras entidades que o têm apoiado, certo de que sem a ajuda e envolvimento de todos não seria possível continuar a construir esta história.
Por tudo isto, pretende que as celebrações dos 90 anos, que se vão estender ao longo do ano, sejam um momento de festa, enaltecendo “a dedicação de todos quantos fazem o Vigor”, sem esquecer “atletas, pais, dirigentes e treinadores”.
“Só é possível chegar aos 90 anos com muita dedicação e muita paixão”, sublinha. Mário Fernandes diz que o percurso do clube é construído “dia após dia e ano após ano” mas não esconde que é uma emoção pensar no centenário. Assegura que todos estão motivados para lá chegar, continuando a trabalhar de “forma digna, honesta e dedicada”. Os 90 já cá estão, que venham agora os próximos 10…
90 velas apagam-se amanhã
O ano de 2020 vai ser de festa para “O Vigor da Mocidade”, com várias realizações a sucederem-se ao longo do ano. O ponto alto das celebrações é amanhã, 1 de fevereiro, dia em que completa os 90 anos. As festividades começam, às 10h00, com uma arruada de gaiteiros e à tarde, às 18h00, na capela de Fala, é celebrada missa em memória dos sócios e diretores falecidos. O programa continua depois, a partir das 19h00, na sede, com um beberete com matiné dançante. Será neste ambiente de convívio que “O Vigor” apagará as 90 velas.
As festividades continuam no dia 15 de fevereiro, às 21h00, no Pavilhão Gimnodesportivo, com um Sarau de Ginástica e Patinagem. No mesmo mês, no dia 29, realiza-se ainda o jantar de aniversário, marcado para as 20h30, na sede do clube.
O programa festivo prossegue a 26 de abril, às 10h00, no Complexo Desportivo Vigor da Mocidade, com a realização do Torneio Liga Benfica. Em maio as comemorações vão chegar à Baixa de Coimbra, com demonstrações de patinagem artística no dia 2, às 14h00, e de ginástica acrobática, no dia 9, à mesma hora. No dia 16 a festa vai fazer-se, a partir das 15h00, nas Piscinas Luís Lopes da Conceição, em S. Martinho do Bispo, com a realização do 14.º Festival de Natação “A brincar com o Vigor”; e no dia 23, às 19h00, no Complexo Desportivo do clube, os solteiros e casados medem forças dentro de campo, num jogo que promete grandes emoções.
O Complexo Desportivo vai receber ainda, a 13 de junho, às 19h00, a 11.ª Gala do Desporto e, a 3 de outubro, às 18h30, o 2.ª Festival das Sopas.
Piso sintético é a prenda mais desejada nestes 90 anos
Ter um novo piso sintético continua a ser a prenda mais desejada pelo Grupo Recreativo. Mário Fernandes lembra que esta é uma ambição que todos alimentam há já algum tempo, uma vez que o piso atual está “muito danificado”, resultado da “carga intensa, do número de atletas e dos treinos e jogos” que aí se têm feito nos últimos 14 anos, o tempo de vida que tem já o atual piso.
O novo piso é, portanto, a “prenda fundamental” para este ano de celebração, um projeto muito ambicionado e que irá assegurar melhores condições aos muitos atletas que aí treinam e jogam. De acordo com Mário Fernandes, esta obra representa um investimento de cerca de 150 mil euros e, fruto do trabalho e da dinâmica que o clube tem mantido ao longo da sua história, espera que a Câmara de Coimbra torne possível a sua concretização.
“Tem sido difícil, compreendo a demora porque a Câmara, há três anos, colocou-nos um piso em madeira no pavilhão mas acredito que este ano nos irá apoiar. Sabe o trabalho que desenvolvemos em prol do desporto, conhece a realidade do clube e acredito que nos vai colocar o piso sintético. Essa é a prenda que gostávamos de receber nestes 90 anos”, sublinhou Mário Fernandes a “O Despertar”.
O presidente de “O Vigor da Mocidade”, cargo que ocupa há 26 anos, adianta ainda que, antes de deixar a Direção, gostava de poder “adquirir parte dos terrenos adjacentes ao completo desportivo”, um espaço onde pudesse ser construído um campo de futebol de sete, dotando assim o clube de ainda mais dinâmica e melhores condições que, no seu entender, beneficiariam toda a margem esquerda do Mondego.