29 de Abril de 2025 | Coimbra
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VASCO FRANCISCO

O resistente

4 de Março 2022

Nasceu a poucos dias da imersão da primavera de 1917, equinócio onde as aguarelas vivas da natureza não se combinavam com a tristeza do mundo, nas franjas da primeira guerra que logo faria parte das suas páginas. Se fosse hoje, já o dávamos logo por corajoso nascer numa época assim. Numa Coimbra de outrora foi-se chegando ao presente, sendo voz fiel da região e do país. Dos seus vultos fundadores às dezenas de colaboradores que com ele se cruzaram, foi evoluindo afirmando sempre os seus ideais, entre tantos títulos que outrora preenchiam os quiosques, essa espécie de autênticos coretos para as letras, essas obras de arte que infelizmente se foram desprezando. Conquistando sempre novos olhos para o ler, pela informação, pelos exclusivos, pela curiosidade, pela simples convivência com que se tornou em muitas famílias e parte da sociedade.

Distam cinco anos desde que celebrámos os 100 anos deste mensageiro Coimbrão. Mais do que um projeto editorial, é hoje património cultural este persistente à vida. Os conflitos sucederam-se desde o seu nascimento, revoluções, pestes, guerras aos desacatos da própria cidade que se descrevia de estudantes e futricas. Entre tudo isto resistiu! Chegando ao dia de hoje em que lhe renovamos os votos de parabéns. Quando o mundo treme por algum motivo, também ele sente esse abanão. Não esperávamos a agressividade dos últimos anos, mas “o velhinho” aí está, gritando à vida com a mesma força com que o ardina o apregoava nas ruas da cidade. Adaptou-se, confinou-se alguns dias, mostrando-se sempre nos seus moldes tão objetivos, subsistiu a mais uma peste, “rijo como o vinho do porto”, resistente há 105 anos.

Se há receita para tal longevidade, é ela prescrita por todos os quanto o leem, pela sua Direção e Redação, pelos seus colaboradores e como tudo na vida, uma dose de bons amigos e muitas famílias que o recebem a cada final de semana, estranhando desde logo quando não se encontra na caixa do correio. É assim um herói de gerações.

“O Despertar” prova a importância e o valor social da Imprensa Regional, sendo já embaixador deste tipo de órgãos que afirmam a necessidade de informar bem e local. Com a desinformação tão contagiosa num mundo cada vez mais digital é urgente valorizar e ser coerente na opção pela informação e jornalismo de qualidade. Com os olhos no país e no mundo, o foco regional é o assumir verdadeiro da liberdade de expressão, por vezes mais direta. Trazer a estas páginas críticas e reclamações que são muitas vezes lidas com atenção e postas em prática, nos vários temas que se possam abordar, é um dos exemplos da capacidade de ação dos meios de comunicação do género.

A dias de findar um inverno que mal se viu, em que os rumores do mundo e da Europa são cada vez mais incertos, assistindo de longe ou de perto, para mais um ano o secular jornal desperta, resiste.

Felicitações a todos os que fazem parte da sua caminhada, com um cumprimento especial a todos os leitores.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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