O Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão, em Penacova, abriu portas na passada segunda-feira (17), após um processo longo e moroso, para ajudar a contar a história daquele monumento milenar.
O Centro Interpretativo do Mosteiro de Lorvão foi inaugurado após ter sido concluído o projeto de musealização do sobreclaustro daquele monumento, que conta a história do espaço, as suas diferentes ocupações e que expõe vários dos artefatos que por lá se guardavam, nem sempre nas melhores condições.
“Esta era uma aspiração de décadas, das pessoas relacionadas com o Lorvão, que viam o espólio degradar-se ano após ano, em salas sem condições. Com este projeto de musealização, também restaurámos quatro dezenas de peças. Agora, revelamos este tesouro do Lorvão, que estava um pouco esquecido”, disse o presidente da Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra.
As obras de requalificação dos claustros do Mosteiro de Lorvão com o objetivo de criar ali um museu terminaram em 2014, após um investimento do Estado de mais de 1,5 milhões de euros, com projeto de arquitetura assinado por João Mendes Ribeiro. No entanto, a musealização acabou por não avançar.
“Entre 2015 e agora, não aconteceu nada. As paredes começaram a degradar-se e houve infiltrações. Foi celebrado um protocolo com a Direção Regional da Cultura do Centro para passar o espaço para a tutela municipal, a Câmara tratou do projeto, mas quando o nosso executivo entrou em funções encontrou o projeto bloqueado”, contou Álvaro Coimbra.
No sobreclaustro do Mosteiro de Lorvão é agora contada a história daquele monumento milenar cuja origem se estima ser do século VI e que foi ocupado por monges beneditinos, antes de se converter, no século XIII, num mosteiro feminino.
Com o fim das ordens religiosas, o edifício chegou a servir de habitação (foi construído nos anos 1960 um bairro social na vila para acomodar os seus ‘moradores’), de uma espécie de “pedreira” (a população foi-se servindo ao longo dos anos de pedras retiradas do monumento) e foi hospital psiquiátrico, explicou à Lusa o arquiteto Fábio Nogueira, responsável pela museografia.
No espaço, é possível perceber a forma como eram produzidos manuscritos no Lorvão, mosteiro tido como um núcleo muito importante na época medieval, de onde saíram o “Livro das Aves” e “Apocalipse do Lorvão”, dois manuscritos guardados na Torre do Tombo, estando o último inscrito no registo da Memória do Mundo, da UNESCO.
Além do centro interpretativo, o município espera que, face ao parecer favorável já emitido pela Direção Regional da Cultura do Centro, possa avançar a reconversão de uma parte do monumento num hotel de cinco estrelas, no âmbito do programa Revive.