Quem passa pela Rua da Sofia, em Coimbra, facilmente se deixa encantar por uma das lojas mais conhecidas e respeitadas na cidade – a Livraria Casa do Castelo.
Inicialmente instalada na Alta de Coimbra, em meados do século XX, ganhou o nome por se situar bem ao lado do Castelo, ficando até aos dias de hoje com a mesma denominação. Por ali ficou durante largas décadas, funcionando sempre como editora, papelaria, livraria e com especial foco em vendas de artigos religiosos. Contudo, em 2012 viria a fechar portas e Coimbra perdia assim um espaço de cultura tão prestigiado. Seis anos depois, em 2018, a empresa José de Almeida Gomes & Filhos Lda decidiu voltar a dar vida à livraria e reabriu, então, na Rua da Sofia, com sede em Tovim. Apesar de serem novos donos, a essencial da Casa do Castelo manteve-se inalterada. “Estamos aqui há seis anos e os proprietários quiseram manter os traços originais. Quiseram manter o nome, a fachada exterior para também manter o estilo arquitetónico e a história de Coimbra e desta rua”, revelou Inês Silva, gestora de marketing e publicidade da livraria Casa do Castelo.
Consciente da importância da livraria, a gestora destacou que o espaço acima de tudo “representa história” e que para a Baixa de Coimbra era fundamental continuar a preservar alguns traços. “A livraria mantém a história viva de Coimbra, sobretudo da Baixa porque é uma zona que hoje em dia, com tanta evolução, a parte histórica ficou para trás e é muito essencial ter esse lado. Acho que manter assim a livraria, com as suas faixas e sobretudo o nome, deu uma abertura grande para a Baixa”, denota.
Procura de livros chega de todo o lado
Inês Silva, a integrar o mestrado em especialização de comunicação de marketing, confessa ser uma apaixonada por livros e encontrou na Livraria Casa do Castelo o local perfeito tanto para trabalho como para desfrutar das mais incríveis histórias escritas nos milhares de livros disponíveis neste espaço. Com ambição de “fazer crescer a livraria”, a jovem revela que tem notado uma evolução nas vendas, sobretudo a nível online. “Temos notado uma evolução diferente por causa da internet, que hoje é muito essencial, e notamos um volume de vendas maior desde que começamos a fazer publicidade nas redes sociais”, afirmou, mostrando que o caminho passa sobretudo pelos meios digitais para promover a Casa Castelo.
Atualmente apenas com a área de livraria, a gestora de comunicação contou que devido a essa divulgação a livraria tem chegado além fronteiras. “Aqui é possível encontrar todo o tipo de livro e vendemos para todo o mundo, temos mandado livros para outros continentes”, disse, acrescentando ainda que vendem muito para Inglaterra e França, essencialmente. “Os livros estrangeiros têm sido uma grande aposta, mas até o povo português tem escolhido livros estrangeiros”, revelou.
Para além das centenas de livros expostos à venda nas prateleiras da loja da Rua da Sofia, a Livraria Casa do Castelo fornece todo o género de livros, seja em português ou em língua estrangeira, no seu website.
Apesar de estarmos numa Era em que tudo é direcionado para a internet, Inês Silva sublinha que há ainda quem tenha interesse pela descoberta do livro impresso. “Tenho notado que as pessoas continuam a procurar o papel em si e apesar de haver os kobos e a facilidade de descarregar livros online quem gosta mesmo do livro não dispensa um o papel. Apesar de estarmos nessa Era, sinto que as pessoas gostam de pegar e sentir a página”, destacou.
A época de maior fluxo de vendas de livros na livraria dá-se, sobretudo, durante o início da época escolar, uma vez que fornecem milhares de alunos, sejam do 1.º, 2.º ou 3.º ciclo, do secundário ou mesmo universitário. Porém, a época de Natal também costuma ser bastante elevada, com vendas muito altas.
Todos devem lutar pela Baixa
Com sede no Tovim, onde trabalham entre 18 a 20 pessoas, a Rua da Sofia é o ponto de encontro para quem gosta de estar entre livros e por isso o negócio tem correspondido às expetativas de todos aqueles que trabalham diariamente para proporcionar experiências únicas aos amantes da leitura.
“Estarmos localizados na Rua da Sofia é uma grande ajuda porque está muito visível, tanto de um lado como do outro, conseguimos ter bom acesso e temos sempre movimento durante o dia”, explicou Inês Silva, que embora reconheça que a loja tenha o seu sucesso gostaria de ver uma Baixa mais movimentada. “A Baixa tem sido um bocadinho esquecida, mas aos poucos se formos lembrando o que que é mesmo a Baixa conseguimos melhorá-la”.
Em termos de público alvo, a gestora de marketing verifica que são as pessoas mais velhas que mais vão até à Baixa, uma vez que lhes fornece tudo o que elas precisam, seja a nível de mercado, farmácias, lojas, e etc…, e que é preciso também chegar um pouco mais a outros públicos.
“Acho que a Câmara Municipal de Coimbra já proporcionou muitos eventos e deve continuar a fazer nesta zona de Coimbra, mas deve também publicitar mais na internet para chegar a todos”, notou. Porém, apela a que as pessoas também façam a sua parte e não esqueçam daquela parte da cidade. “Eu acredito que se cada um fizer a sua parte e continuar a apostar na Baixa e no comércio local de Coimbra vamos conseguir reerguê-la, só que é um caminho muito mais longo porque infelizmente tivemos uma fase muito parada”.
Inês Silva afirma que muitos dos clientes que vêm de fora e se deslocam à loja acabam por visitar apenas a Baixa de Coimbra, por uma questão de proximidade, e considera importante que estas pessoas saiam agradadas com o que vêem, por isso todos devem lutar pela Baixa.