A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) iniciou já o processo de recrutamento para o seu tradicional peditório nacional, a sua maior fonte de receita anual que lhe permite apoiar os doentes oncológicos e familiares, não só respondendo às suas necessidades mas também proporcionando-lhes ajuda e algum conforto quando se deslocam aos hospitais.
Só o Núcleo Regional do Centro (NRC), que engloba 78 concelhos, tem disponíveis 6.000 cofres para esta iniciativa que vai decorrer de 29 de outubro a 2 de novembro em todo o país, incluindo ilhas.
Com o mote “Jogue em equipa com o melhor do mundo”, esta campanha volta a ter como embaixador o futebolista Cristiano Ronaldo e pretende envolver a sociedade nesta causa solidária, já que todos, independentemente da idade, são convidados a dar um pouco do seu tempo – umas horas, uma manhã, uma tarde, um ou mais dias… – por esta causa que, direta ou indiretamente, a todos toca.
A secretária-geral do NRC-LPCC, Natália Amaral, espera que surjam muitas “mãos solidárias” para levarem estes 6.000 cofres para a rua. Lembra que no ano passado, fruto da pandemia, houve uma forte diminuição no número de voluntários, que se traduziu “numa quebra de 40 por cento nas verbas angariadas”. Os donativos recolhidos atingiram apenas os 300 mil euros, valor que representa, como explica, “o orçamento anual que o Núcleo tem disponível para a humanização dos doentes”, valor que contempla não só o voluntariado hospitalar mas também o apoio social e todas as outras respostas que o NRC-LPCC assegura.
“As receitas ficaram muito aquém do que necessitávamos. Posso dizer que em 2019 tivemos na rua um total de 4.800 voluntários, tendo-se juntado aos 1.200 que colaboraram connosco todo o ano mais 3.600 voluntários pontuais, o que nos permitiu angariar uma verba significativa na região Centro, nestes 78 concelhos onde atuamos”, realça Natália Amaral. Sublinha que este peditório tem “um papel determinante para a sustentabilidade da Liga e para assegurar o trabalho que os cinco núcleos que existem no país desenvolvem” e lança, por isso, um apelo para que as pessoas se associem a esta causa, disponibilizando algum do seu tempo nestes quatro dias.
“Este ano apelamos ao povo de Coimbra, principalmente aos estudantes, para que doem um pouco do seu tempo. Só neste concelho necessitamos de mais de 300 voluntários. É uma experiência fora de série, que não vão esquecer ao longo da vida, porque é tão bom podermos ajudar os outros”, desafia. Não esconde que gostaria de ter os 6.000 cofres disponíveis todos na rua, a serem utilizados, e deixa também uma mensagem de confiança às pessoas, assegurando-lhes que podem fazer os seus donativos com a certeza de que a verba reverte diretamente para a LPCC, estando cada um dos cofres “devidamente identificado e selado”.
Espera que os voluntários se inscrevam, de forma a que o NRC “possa ajudar cada vez mais pessoas”. Para tal podem consultar o site da Liga, em https://www.ligacontracancro.pt/peditorio/, ou contactar diretamente o Núcleo, através do telefone 239 487 490 ou do e-mail nucleocentro@ligacontracancro.pt.
Apoio social aumentou 40 por cento
Natália Amaral não esconde as dificuldades que a pandemia trouxe, sobretudo a nível social, com os pedidos de ajuda a aumentarem 40 por cento, um aumento que se verificou, de forma generalizada, em todo o país. Aumentaram, acima de tudo, “os pedidos de ajuda para medicamentos e transportes” mas verificou-se também mais procura a nível do apoio jurídico e psicológico.
“Estivemos sempre na linha da frente. Nunca parámos e procurámos adaptar as nossas respostas aos condicionalismos impostos pela covid-19. Apesar de termos parado com o voluntariado hospitalar, nunca deixámos os nossos doentes e as suas famílias”, recorda.
O voluntariado hospitalar foi retomado no Instituto Português de Oncologia de Coimbra em junho e esta semana recomeçou também no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. “Os voluntários estavam desejosos de voltar e os doentes também de os terem lá, até porque as necessidades continuam a ser muitas”, frisa.
Dentro de poucos dias começa também o “Outubro Rosa”, mês de sensibilização para o cancro da mama. Esta iniciativa, comemorada a nível mundial, alerta para a importância da prevenção. Natália Amaral pede a todas as mulheres para que “olhem para o seu corpo, façam a palpação, recorram ao médico em caso de dúvida e façam os rastreios”. Lembra que a “prevenção continua a ser a melhor aposta e que “o diagnóstico precoce é fundamental”, pois só assim “se podem tratar cancros cada vez mais pequenos e salvar mais vidas”.