Noa interroga-se e fica triste. Pensa para si… Até quando caminharemos para o abismo, sem saber o que andamos a fazer? Imagina, quantas vezes, se deu conta que foi agressiva e que não era isso que desejava. E por que razão isso terá acontecido? Falta de paciência, conclui.
Porque está andando a 200 à hora, num ritmo alucinante que o seu corpo nem aguenta e não consegue parar?! Pior que isso, nem sabe bem o que anda a fazer. Como gastou o seu tempo. A net? Os telefones? A televisão?
Tanta coisa e tanta solidão, pensa Noa. Afinal quem é que controla sua vida, o seu tempo? Quem é que a empurra para o caos? Para a inconsciência? Para a tal impaciência que só lhe trás desgostos?
Ambição? Falta de consciência? Pára. Caie si. Precisa saber quem é. Uma amiga, um livro, uma palestra… Percebe que… a disciplina é precisa!
Percebe que tem compromissos a mais. Só quer estar onde não está. Tem pressa de viver. Perceber que está viva. Realizar os seus sonhos de dia para a noite. Quando não consegue, culpa os outros. Diz que já fez tudo e não tem sorte. Desiste. Fica ansiosa. Tem crises de pânico. Deprime!
Felizmente aparece uma luzinha, no fundo do túnel que lhe diz: Não percas o pé. Não penses que são os médicos que têm magia ou químicos que te curam. Resolvem os teus problemas.
Noa sente falta daquelas amigas verdadeiras. De uma família coesa e grata. De um mundo solidário. Compassivo e bom. Ela sabe que abrir-se, escutar a opinião de alguém em quem confie, mesmo que ouça coisas que doem, podem ajudá-la a abrir-se para dentro. A sair do rodopio infernal dos barulhos e das ilusões impostas por sistemas e modelos, de grande controle e violência subliminar.
Recupera o bom senso. O juízo perfeito. Percebe que se esqueceu de esperar, sem desânimo. Faltou-lhe a paciência. Enquanto estiver viva, tudo lhe é possível. Tudo está em aberto. Não corre mais ao vento.
Repara que muita gente partilha. Partilha, mas quando partilha, não percebe que sai do seu centro. Perde o deleite de saborear o momento que passa e não volta.
Advêm o stress. O desencanto. A insatisfação. E corre. Corre. Corre. Fica doente…Seu corpo lança SOS.
Gosta de viver. Resolve aquietar-se. Sentar-se. Pensar o que anda a fazer da sua vida. Quando entra no seu íntimo, gosta mais de si.
Entende que tudo tem o seu tempo. Acordou. Sabe agora que a pressa é inimiga da perfeição. A precipitação leva a cometer erros. Tudo o que é rápido dura muito pouco.
As grandes árvores têm fortes raízes, só com o tempo. A paciência faz parte da Natureza.
Noa deixou de correr. De fugir de si mesma. Há dias, escutou: “Mal chego a casa, abro a televisão e rádio. Tudo ligado. Gosto de barulho ao meu redor”.
Teve pena. Pensou para si: Puro engano. A alma alimenta-se de silêncio e quietude. Exige paz para ter equilíbrio.
Noa pensa : Telemóveis? Outra praga inimiga da paciência.
Noa repara que na rua, ninguém está onde está. O momento presente não existe. A inconsciência cresce. As pessoas falam e negam o que disseram. Falam no ar. Ao vento. Nos restaurantes. À mesa, junto da família, o telefone continua a debitar chamadas. Não foi desligado…
Num evento, mandam-se fotos: se o outro não responde imediatamente, julgam que teve um ataque.
Exigimos e não sossegamos: Queremos partilhar a vida, para termos a certeza que estamos vivos. Temos medo de viver, mas assim não se vive por falta de atenção, ao momento presente. Fica-se num desassossego. Nervosíssimo. Somos vítimas da realidade que criamos, arrastados na corrente.
Quer-se aparecer. Quer-se para ontem o resultado de tudo que é feito. Pressas e impaciência nas filas. As esperas desesperam, por impaciência.
Um dos frutos do espírito, a paciência, falta na família. No trabalho. Nos relacionamentos. Na promoção da saúde. Na harmonia de uma vida feliz.
Observar a Mãe-Natureza numa sementinha que espalhamos, ajuda a perceber o ritmo da vida. Colhem-se preciosas lições, pois somos obra do mesmo Criador.
Regar a nossa alma é dar-lhe um espaço de serenidade. Calma. Paz. Alimentá-la com oração. Silêncio. Uma atenção especial com a certeza que o corpo e espírito, intimamente ligados, têm necessidades diferentes.
Aceitar o ciclo, respeitar o fluxo da vida, observando o tempo passar, sem correrias, nem as loucuras das pressas que alucinam. Destroem a paciência, é agora a grande prioridade de Noa!
Os vencedores são pacientes. Persistentes. Disciplinados. O sucesso não cai do Céu. A falta de paciência é causa de todos os males!
Noa acha que, vítimas das correrrias, se desaprendem as virtudes essenciais, para saborear e agradecer a vida tão rara!
Treinar a paciência é o segredo de todas a coisas, diz hoje, Noa! Tudo está em nossas mãos, afinal. Diferimos dos animais pela auto consciência e responsabilidade ou o leitor acha que não?
Já agora, tenha paciência… Repare no que diz Beethoven – “Tenho paciência e penso: todo o mal traz consigo algum bem”.