Mais de uma centena de pessoas assistiu, no sábado, no Conservatório de Música de Coimbra, ao lançamento do novo livro de Francisco Andrade, “Quatro Gerações”, uma cerimónia emocionante onde foi recordado o longo e multifacetado percurso de vida do autor.
O presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, a cumprir os últimos meses de mandato, revela muito de si mesmo nesta obra, onde aborda também questões que marcaram a vida da cidade, da região e do país. Personalidade multifacetada, com uma vida recheada na área do desporto e da política e que abraçou também a escrita e a poesia, Francisco Andrade deixa, no fundo, um testemunho neste seu nono livro, onde não esquece também a família e os muitos amigos que granjeou ao longo da vida.
E foram precisamente os amigos da vida que se sentaram à mesa para apresentarem esta obra e também na plateia que, apesar dos limites impostos pelo respeito pela pandemia, estava praticamente lotada, juntando pessoas de todos os quadrantes sociais, políticos e económicos.
Sem tabus, Francisco Andrade abordou alguns dos temas “chave” da sua vida, dando especial destaque ao seu percurso desportivo, onde tem feitos por todos reconhecidos, e à sua vida na política, na Junta dos Olivais, uma das maiores do país, onde soma quatro mandatos, tendo sido eleito em 2001, 2005 e 2009 e tendo regressado em 2017, depois de uma interrupção de quatro anos. Apesar do convite do Partido (PSD) a nível concelhio e nacional, anunciou em abril que não se recandidatará às próximas autárquicas. Voltou a afirmar agora, na presença dos amigos e convidados, que sai porque entende que chegou a hora, apesar de considerar que tinha condições “físicas e mentais para assumir um novo mandato”. Sublinhou que, aos 81 anos de idade, quer “sair pela porta grande, não quero que amanhã me empurrem”, encerrando assim um ciclo de vida na hora por ele escolhida, como diz sempre ter feito. Assegura, contudo, que este – o da política – é apenas um dos ciclos que se fecha, enquanto outros se abrirão, já que garante que não irá parar, nem sentar-se “num banco do jardim ou numa esplanada” a falar dos outros.
No final da sua intervenção, Francisco Andrade recordou o amigo João Calvão da Silva, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, falecido há três anos, a quem prestou uma “homenagem simples e sincera”, numa “mensagem espiritual” partilhada e aplaudida de pé por todos os presentes.
Depois desde momento emocionante, seguido de um período musical e de declamação de poemas do autor pelo Juiz Américo Baptista, José Neto, professor do Instituto Universitário da Maia, recordou também muitas vivências partilhadas com Francisco Andrade. Considera que este é um livro que “grita a palavra saudade”, que fala de “memórias”, “gratidão”, “família” e “amor”. Trata-se, no seu entender, de uma obra onde “o autor se vai transformando, ao longo das páginas, num peregrino do tempo na sua existência”.
João Nuno Calvão da Silva, vice-reitor da Universidade de Coimbra, sublinhou que é preciso valorizar homens como Francisco Andrade, que sempre “foi um verdadeiro líder”, tanto no desporto (sobretudo nas suas passagens pela Académica e União de Coimbra) como na política, tendo vencido por quatro vezes uma das maiores Juntas do país.
“Isto só é possível porque é um homem de obra feita”, disse, recordando o trabalho desenvolvido nesta Freguesia. Destacou, em particular, o crescimento da equipa (de dois para 27 funcionários) e o pioneirismo que teve na área social, ao criar o Gabinete de Ação Social e ao promover o envelhecimento saudável e ativo, tendo sido “um homem à frente do seu tempo”, “um homem incessantemente inovador, um eterno jovem que, como ele próprio o diz, trabalhará até ao último dia”.
“Francisco Andrade foi no futebol e na política o que é na vida – um homem simples, humilde, genuíno, afetuoso”, um “homem de princípios e de valores” e um “homem de família que é um exemplo para todos nós”, disse João Nuno Calvão da Silva, desafiando Coimbra, esta cidade que é “uma lição”, a seguir o seu exemplo.