Reforçar a aposta no setor cultural, apostando em eventos mais diversificados, é uma das grandes prioridades de Francisco Rodeiro. O presidente de Santo António dos Olivais, eleito nas autárquicas de setembro, pretende levar a cultura a mais pontos da freguesia mas vai mais longe e quer que alguns dos eventos já realizados e com grande tradição se assumam como “acontecimentos de Coimbra”. A área social continua a ser também uma das grandes prioridades do seu Executivo que, nestes primeiros meses de trabalho, avançou já com algumas medidas inovadoras para ajudar a população mais fragilizada, sobretudo os mais idosos.
Fazer de Santo António dos Olivais uma freguesia ainda mais cultural foi um dos desafios que Francisco Rodeiro assumiu desde o primeiro dia. O presidente desta freguesia, uma das maiores do país, quer que esta área seja “um marco” no seu mandato e está já a trabalhar nesse sentido. Quer aliar “tradição e modernidade”, mantendo todos os eventos que são uma referência e que fazem parte da identidade da freguesia. Mas quer também ir “mais longe”, apostando noutras realizações, na sua descentralização pelas várias localidades e afirmando algumas a nível municipal, de forma a que se assumam como eventos de Coimbra.
Uma das iniciativas com grande tradição é a célebre Romaria do Espírito Santo, cuja história se perde no tempo e que mantém todas as características que, ano após ano, continuam a atrair comerciantes e visitantes ao Largo dos Olivais. Este ano vai decorrer de 14 de maio a 19 de junho e o programa está ainda a ser elaborado. O presidente adianta, contudo, que dará primazia às coletividades e instituições da freguesia. “Vamos fomentar a dança, a música e o teatro, mas sempre com as instituições da freguesia, que terão aqui um palco para se apresentarem e para mostrarem o seu trabalho”, assegura.
Mas, antes deste evento que tem um forte cariz popular, a Junta vai celebrar os 800 anos da fundação da abadia de Santa Maria de Celas. As comemorações estão marcadas para amanhã, com um colóquio que decorre entre as 9h30 e as 17h30, no auditório do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). O presidente destaca a singularidade deste acontecimento, já que realça a importância da abadia de obediência cisterciense na história de Portugal. Este colóquio será composto por quatro painéis, que contam com a participação de reputados especialistas em história da Idade Média e que irão evidenciar a importância que este monumento, que remonta a 1221, teve “na formação da nacionalidade portuguesa”.
Francisco Rodeiro assume que o desejo era que esta celebração decorresse no Mosteiro mas, devido às obras de requalificação em curso, não é possível que tal suceda, impedindo assim que possa ter a dimensão desejada. “A nossa intenção era fazer uma ceia medieval no claustro, com música medieval e visitas guiadas ao Mosteiro. Já tinha contactado alguns grupos de dança medieval, seria um evento ‘marcante’ que iríamos prolongar por dois dias mas não há condições devido às obras de requalificação”, explica.
Um concurso internacional de violoncelo (um evento pioneiro que se realizará este mês no Conservatório de Música de Coimbra); os Santos Populares; as Marchas Populares; os Sons, Saberes e Sabores da Lusofonia; o programa Música no Jardim; as Noites de Verão; um Concurso Nacional de Dança; um Encontro Ibérico de Tunas; e uma Semana de Teatro são alguns dos eventos previstos para os próximos meses.
Francisco Rodeiro pretende, contudo, introduzir algumas novidades em alguns destes eventos. “Eu tenho o princípio que as Juntas de Freguesia, como as Câmaras e o Estado, devem dar oportunidade às instituições para se afirmarem, elas próprias. Ou seja, temos de lhes dar condições para elas executarem as suas iniciativas, com o nosso apoio, mas com total liberdade”, explica. Assim, por exemplo, no caso dos Santos Populares e das Noites de Verão, caberá a cada uma das entidades participantes escolher o local da freguesia onde realizar os eventos tradicionais, como as marchas, as fogueiras e as festividades dos Santos Populares. “Só se as coletividades quiserem é que as festas serão feitas no recinto ao lado dos Bombeiros Sapadores, caso contrário não. No fundo, o que queremos é que as possam promover em várias zonas da freguesia, apostando na descentralização e aproximando os eventos das pessoas”, frisa, realçando que a Junta assegurará sempre “o necessário apoio às instituições sem lhes tirar a liberdade de escolha”.
Francisco Rodeiro está convicto da importância que estas iniciativas têm tanto para as coletividades como para a população que, depois destes dois anos de condicionalismos provocados pela pandemia, estão ansiosas para retomar as atividades.
Mercado de Natal e Carnaval devem envolver toda a cidade
Já no que toca ao Mercado de Natal e ao Carnaval do Bairro Norton de Matos, o presidente defende que são eventos que podem “crescer para outra dimensão”, assumindo-se como realizações de Coimbra, que devem “ser liderados pela Câmara, envolvendo todas as freguesias do concelho”.
“Se for o Município a responsabilizar-se pelo Mercado de Natal, este evento passa a ter outra dimensão. Acho que era importante que todas as freguesias lá tivessem a sua representação”, realça, dando conta que este será um tema a abordar com o presidente da Câmara, José Manuel Silva.
Defende a mesma filosofia para o Carnaval do Bairro Norton de Matos. “Acho que este deve ser o Carnaval de Coimbra, com outra dimensão e projeção, sem esquecer a tradição, envolvendo toda a cidade”, frisa.
Área social sempre prioritária
Outra das áreas prioritárias continua a ser a social. O trabalho iniciado pelos anteriores Executivos está a ser continuado mas Francisco Rodeiro tem procurado ir mais longe, apostando em novas respostas para fazer face às necessidades da população mais fragilizada.
A Junta e a Comissão Social de Freguesia criaram, no início do ano, um grupo de trabalho para sinalizar e acompanhar os idosos que se encontram em situação de vulnerabilidade e sem suporte familiar ou institucional.
Já em fevereiro, a Junta estabeleceu uma colaboração com as Irmãs Hospitaleiras – Unidade de Saúde de Condeixa-a-Nova, do Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, que se centra mais nas questões da saúde mental. Este acordo assenta, no projeto “Samaritano”, apoiado pelo Programa BPI Sénior, Fundação “La Caixa”, que esta instituição dinamiza e que, neste caso, tem como finalidade prestar apoio à população sénior residente na freguesia que se encontre em situação de vulnerabilidade e isolamento social. Pretende também, numa ótica de promover o envelhecimento ativo e saudável, garantir a saúde mental, através de atividades terapêuticas que estimulem e mantenham as capacidades cognitivas, sensoriais e funcionais do idoso.
Francisco Rodeiro congratula-se com o trabalho desenvolvido pela Junta, sempre em articulação com as cerca de 40 instituições, que permite “chegar a cerca de 600 famílias”.
Os apoios são muito variados e não se limitam à alimentação, roupa e pagamento de rendas, medicamentos e outras despesas essenciais. Destaque, também, para as múltiplas atividades que a Junta dinamiza, há já muitos anos, de forma gratuita, com vista ao envelhecimento ativo e saudável da população, como ateliers, atividades desportivas, artes e iniciativas diversas.
Freguesia vai ter Espaço Cidadão
Ter um Espaço Cidadão é outro dos desejos que Francisco Rodeiro quer concretizar em breve. Recorda que esse projeto fazia parte do seu programa eleitoral, estando tudo bem encaminhado, tendo sido assinado recentemente um protocolo entre o Estado e a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra com esse fim.
“Com o Espaço Cidadão a Junta fica habilitada a prestar serviços ótimos aos residentes, continuando a garantir os habituais e todos os restantes que são prestados pelas Lojas do Cidadão”, explica o autarca.
De acordo com Francisco Rodeiro, a ideia é que este novo serviço fique instalado no edifício da antiga Junta, onde funciona o posto dos CTT. Lembra que estas instalações vão ser requalificadas muito em breve, na sua totalidade, e considera que dispõe de “uma sala devidamente apetrechada e devidamente qualificada para este objetivo”.
A requalificação dessas instalações é uma das obras que integra os contratos interadministrativos assinados entre a Câmara de Coimbra e a Junta. Quanto ao funcionamento do Espaço Cidadão, Francisco Rodeiro explica que compete ao Estado e à Câmara assegurar a formação e a equipa que irá prestar os serviços à comunidade.
Requalificação da Calçada do Gato e mais parques infantis
Em termos de obras, e ainda na área cultural, o presidente de Santo António dos Olivais pretende levar a cultura a toda a freguesia mas quer também criar um espaço central, que possa acolher diversos eventos. Para tal, pretende requalificar o anfiteatro da Calçada do Gato e dotá-lo de algumas infraestruturas novas. Espera que com a ampliação da DIATON aquela zona fique mais atrativa e que o anfiteatro se possa assumir “como um palco cultural de excelência da freguesia”.
Construir mais parques infantis na freguesia é outro dos desejos de Francisco Rodeiro. O presidente explica que está já em construção um novo parque no Bairro Norton de Matos e que estão previstos outros para a Urbanização da Quinta da Fonte, na zona do Areeiro, e para a Maínça, neste caso infantil e geriátrico, de forma a promover o convívio intergeracional. “Se juntarmos estes aos já existentes penso que a freguesia fica relativamente bem servida nesta área”, realça.
A nível de obras, há ainda outras intervenções que o autarca considera prioritárias e que integram os contratos interadministrativos assinados com a Câmara, como sucede com os projetos de requalificação da Praceta D. Sebastião, da Quinta da Fonte, da Ladeira da Santiva (na zona do Chão do Bispo), de várias ruas e passeios, entre outros projetos.
Requalificação do parque habitacional
Francisco Rodeiro alerta também para a necessidade urgente de requalificar algumas habitações. “Temos muitas pessoas que não têm uma habitação condigna, que vivem em casas decadentes, em ruína completa. É preciso intervir nestes casos”, alerta.
Lembra que a Freguesia de Santo António dos Olivais tem duas realidades muito diferentes, uma muito urbana, onde “o custo da habitação é dos mais altos do país”, e outra ainda muito rural. Esta zona rural é ainda “muito vasta” e há áreas que estão em “forte expansão” a nível de construção, até porque há muitas famílias que preferem viver nas zonas mais rurais do que no centro urbano.
De uma forma geral, no seu todo, a Freguesia de Santo António dos Olivais está bem dotada a todos os níveis. Contudo, nas zonas mais rurais, sentem-se ainda algumas carências em determinadas áreas. Francisco Rodeiro explica que há, por exemplo, necessidade de reforçar a rede de transportes públicos em algumas localidades mais rurais, durante a semana, mas, acima de tudo, aos fins de semana, e defende também uma maior aposta em algumas infraestruturas de apoio que respondam à população residente, nomeadamente para as crianças e idosos, como parques infantis e geriátricos.
Qualidade de vida sempre em primeiro lugar
A grande preocupação de Francisco Rodeiro assenta, acima de tudo, na qualidade de vida e bem estar da população. Convicto de que os presidentes de Junta são os que estão mais perto das pessoas, considera que o seu trabalho “é recompensador” mesmo que possa “ser, por vezes, ingrato”. Assegura que está sempre disponível para todos os cidadãos desta freguesia, num trabalho e numa missão que sabe ser permanente.
“Ando muito no terreno, entro nos estabelecimentos comerciais e nas sedes das coletividades para falar com as pessoas. A qualidade de vida da população será sempre a nossa maior missão e é muito importante que todos saibam que podem contar com o presidente e com toda a equipa”, termina.
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Ligação aos Olivais vem desde a juventude
Francisco Rodeiro (PSD) foi eleito nas autárquicas de setembro de 2021 presidente da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, sucedendo a Francisco Andrade. Apesar de ocupar este cargo pela primeira vez, recorda que conhece bem a freguesia, à qual mantém ligações de grande proximidade desde a sua juventude, desde que, em 1969, com apenas 17 anos, deixou a sua terra natal, no concelho de Sabugal, e veio para Coimbra estudar, onde frequentou o Liceu D. João III e depois a Faculdade de Direito.
Sendo Coimbra uma cidade que “apaixona”, acabou por cá se fixar e sempre manteve uma relação estreita à Freguesia de Santo António dos Olivais, onde assumiu a Direção do Olivais Futebol Clube e, mais recentemente, durante oito anos, a presidência da Assembleia de Freguesia, nos mandatos dos presidentes Manuel de Oliveira e Francisco Andrade.
Abraça agora este “grande desafio” de dirigir a freguesia, uma das maiores do país, com mais de 41 mil habitantes e por onde se movem diariamente muitos milhares de pessoas.
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Dimensão da freguesia exige muito trabalho
Santo António dos Olivais é uma das maiores freguesias do país, sendo mesmo maior do que muitos concelhos portugueses. O presidente da Junta, Francisco Rodeiro, recorda que os dados dos Censos de 2021 apontam para mais de 41 mil habitantes, destacando que, em termos nacionais, está posicionada na 31.ª posição em termos populacionais. “Em termos populacionais está, de facto, nesta ordem de grandeza. E só está nessa posição porque, com a reforma de 2013, muitas freguesias se uniram, o que lhes conferiu maior dimensão. Se não fosse a reforma, a Freguesia de Santo António dos Olivais estaria, certamente, nas primeiras 10 freguesias mais populosas do país”, realça.
É a toda esta população que o Executivo que lidera tem que responder, indo ao encontro das suas necessidades e anseios. Mas não só. Há que ter em conta também que se movem diariamente muitos milhares de pessoas pelo território da freguesia, onde se situam tantas unidades hospitalares, escolas (de todos os níveis de ensino), forças policiais, centros comerciais, hipermercados, entre outros serviços que contam com grande movimento constantemente.
Francisco Rodeiro admite que é preciso estar muito atento e presente para responder a todas as solicitações, tanto dos residentes como das pessoas que por ali se movimentam. “Após estes meses à frente do Executivo da Junta, constato que a equipa é manifestamente insuficiente”, admite.
“É verdade que, de acordo com a lei, esta Junta de Freguesia pode ter dois dos seis vogais, mais o presidente, a tempo inteiro. Mas, eu acabei por distribuir as tarefas por todos e estamos cinco a meio tempo”, explica, assegurando, contudo, que acaba por estar ao serviço dos cidadãos “a tempo inteiro”, seja a nível interno, na Junta, ou no exterior, já que “há muito para fazer”.
Lei das autarquias devia ser revista
Francisco Rodeiro defende que a lei das autarquias devia ser revista, “atendendo à dimensão destas freguesias e, consequentemente, devia permitir que os vogais estivessem a tempo inteiro como acontece com os Executivos Municipais”, uma vez que “uma freguesia desta dimensão, em termos populacionais e até mesmo em termos de prestação de serviços públicos, não se diferencia de muitos concelhos do país”.
Essa dimensão reflete-se também na afluência verificada diariamente nos serviços da Junta, por onde passam diariamente “largas dezenas de pessoas”, já que os serviços asseguram uma grande diversidade de respostas.