Serenamente e em procissão recolhiam a “remise” da Alegria os eléctricos de Coimbra…
Sobre o final dos elétricos de Coimbra, escreveu em 1981, um entusiasta de elétricos da Holanda:
– “(…) a rede de carros elétricos da cidade de Coimbra, desapareceu no dia 9 de janeiro de 1980. (…)
(…)Um ambiente único no mundo desapareceu, é o que um amigo dos elétricos de qualquer parte do mundo pode afirmar seguramente!
(…)A rede de elétricos de Coimbra, era composta por complicadas linhas em via única, em algumas ruas estreitas, sendo percorridas em várias direções. (…)
(…)O efeito curioso deste sistema de carros elétricos era quem viajava num elétrico não via outros elétricos a circular; mas um amigo dos elétricos, que estivesse num local estratégico, podia ver passar uma procissão de elétricos sem fim…”.
Mas, também eu, guardo algumas lembranças desse dia, recordo-me do relato do meu pai, nessa noite foi das poucas pessoas que viu, no Largo da Portagem, os elétricos a recolher vagarosamente, rumo à Alegria.
Diz a lenda que os guarda-freios tocaram sem parar as campainhas dos elétricos quando entraram pela última vez na “remise” da rua da Alegria.
No dia seguinte visitei a “remise” da Alegria e assisti e colaborei nas operações de fecho dos pesados portões de entrada.
Foi assim, sem pompa e circunstância, mas com muitas saudades que terminaram 69 anos de serviço dos elétricos na cidade de Coimbra.
Os elétricos deixaram de circular em 9 de janeiro de 1980, mas não foram esquecidos.
Hoje… Lisboa, Porto e Sintra, orgulhosamente mantêm os elétricos a funcionar… e Coimbra!?
Quando reabre o espaço de museu que existiu na Rua da Alegria de 1982 a 2000?
Por que razão está um elétrico quase centenário, o elétrico nº 15, à mercê do tempo e a ficar danificado, há já vários anos na Rua da Alegria? Não estava melhor protegido dentro do Museu que teima em não reabrir?