A Cáritas Diocesana de Coimbra alerta para a falta de habitação a preço acessível aos rendimentos das famílias. A instituição está preocupada com o facto de o mercado de arrendamento habitacional não ser compatível com os parcos rendimentos, o que a impede de ajudar muitos dos seus utentes.
O Centro Comunitário de Inserção (CCI), situado na Baixa, é uma das respostas sociais da Cáritas, onde acompanha beneficiários da prestação de Rendimento Social de Inserção (RSI) e pessoas no âmbito da Ação Social. “Diariamente, os técnicos defrontam-se com a impossibilidade de ajudar agregados familiares a arrendar uma habitação condigna. A relação entre os baixos rendimentos e as más condições de habitabilidade, é intuitiva! Os valores de renda solicitados são um exorbitância para estas famílias, o que faz com que não consigam fazer face ao seu pagamento”, explica a instituição.
De acordo com a Cáritas, as habitações ou quartos encontrados pela equipa do CCI “não têm o mínimo de condições de habitabilidade, têm problemas de humidade, divisões demasiado pequenas e acessibilidade nula ou reduzida”. A chamada pobreza energética, ou seja, impossibilidade de ter aquecimento devido ao elevado preço da energia, é também uma questão de “extrema preocupação” para os colaboradores da Cáritas de Coimbra, principalmente quando acompanham famílias com crianças.
A equipa do CCI explica, ainda, que “consegue também ter a visão da degradação habitacional, quando pessoas que não conseguem efetuar o pagamento das rendas altíssimas praticadas na cidade, optam por ocupar locais abandonados e torná-los as suas casas”. Isso leva a situações em que há “várias famílias a coabitar o mesmo espaço, o que faz com que por vezes se assista à sobrelotação das habitações”.
A Cáritas dá ainda conta que “muitos dos beneficiários da prestação de RSI, que auferem mensalmente 189,66 euros, pagam uma renda de quarto no valor de 140/160 euros, ficando com quase nada para fazer face às suas despesas mais básicas”. Mesmo que tenham algum apoio alimentar, através das respostas sociais existentes, “ficam assim sem o direito de poder usufruir de algo que lhes permita ter uma vida semelhante a outras pessoas, como o simples ato de tomar um café”, acrescenta.
Perante esta realidade, a instituição considera “imperativo encontrar habitações na cidade, compatíveis com os rendimentos da população mais carenciada e que lhes proporcione uma vida digna”. Defende que “é necessário expor esta problemática com o intuito de encontrar soluções concertadas para a minimizar”.