No último Natal, Andreia Santos decidiu oferecer ao seu avô, António Santos, uma prenda especial: uma assinatura do jornal “O Despertar”, que celebra agora 108 anos de existência. Mais do que um presente material, este gesto representou um laço de carinho, uma forma de aproximar gerações e alimentar a paixão do avô pela leitura.
Uma relação em construção
Andreia, de 32 anos, admite que nunca teve uma relação muito próxima com o avô. “Por várias circunstâncias da vida, nunca tivemos uma relação muito próxima. No entanto, nos últimos anos, talvez pela minha maturidade e também por perceber que ele estava a envelhecer mais depressa, comecei a criar mais empatia com ele”, conta.
O avô António, de 83 anos, sempre foi um homem ligado ao trabalho. Foi pedreiro na construção civil e, mais tarde, dedicou-se à agricultura por gosto próprio. Com o passar dos anos e algumas limitações físicas, viu-se obrigado a abrandar o ritmo.
“Ele nunca foi muito de ver televisão, nem de ir para o café. A leitura tornou-se o seu maior passatempo, algo que o entretém e lhe traz algum prazer”, revela Andreia Santos. Foi essa percepção que a levou a escolher uma assinatura do jornal como prenda natalícia.
Um Jornal de proximidade
Curiosamente, António Santos não conhecia “O Despertar” antes de receber a assinatura. “Ele disse-me que talvez já tivesse ouvido falar, mas não estava muito a par”, partilha a neta. A escolha do jornal não foi ao acaso: Andreia Santos queria algo que trouxesse notícias da região, evitando os grandes temas nacionais, de forma a manter o avô ligado à sua terra, Figueira do Lorvão, em Penacova.
“Numa das edições que eu pesquisei antes de fazer a subscrição, havia uma reportagem sobre os Bombeiros Voluntários de Brasfemes, uma terra perto da nossa. Isso fez-me perceber que era um jornal de proximidade, que podia despertar o interesse dele por reconhecer os locais e as histórias”, explica a jovem.
A reação do avô não podia ter sido melhor. “Ele brinca e diz que agora tem muita coisa para ler. Mas a verdade é que o vejo a folhear o Jornal com interesse e a reconhecer que é uma publicação variada”, revela a neta com um sorriso.
A magia do papel impresso
O impacto do presente revelou-se ainda mais profundo do que Andreia Santos esperava. Com o avançar da idade, a leitura tornou-se uma janela para o mundo para António Santos. “Esta descoberta do gosto dele pela leitura não foi algo que eu sempre soubesse. Mas, quando ele começou a passar mais tempo em casa, percebi que isso lhe dava prazer”, conta.
A neta confessa que também prefere a leitura em papel ao formato digital, o que tornou a escolha ainda mais significativa. “Apesar de ser de outra geração, nunca adquiri o hábito de ler digitalmente. O papel tem outra magia”, afirma.
Com este presente, Andreia Santos não ofereceu apenas um jornal ao avô; ofereceu-lhe histórias, ligação à sua terra e, sobretudo, um gesto de amor que fortaleceu os laços familiares. “O Despertar” trouxe-lhes não só notícias, mas também momentos de partilha e cumplicidade, mostrando que, por vezes, são os gestos mais simples que têm o maior significado.