22 de Abril de 2025 | Coimbra
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ANTÓNIO INÁCIO NOGUEIRA

Testemunhos: mensagens de Natal, como eram, como são

21 de Janeiro 2022

Hoje vivemos o Natal do Pai Natal. Quer isto dizer que, nesses dias, tudo roda ao seu redor e do consumismo que o transporta. A descoberta do «Homem das Barbas», Americano típico, foi consumado para escoar a produção desenfreada, fruto do capitalismo.

Toda a gente manda mensagens aos amigos em nome do Pai Natal, no suposto que recebe deles o retribuído.

E o Menino Jesus? Já foi passado?

Há uns anos atrás eram tão diferentes as mensagens que se endereçavam nos dias ditos de Festas! Ontem, predominavam as palavras nos cartões de Natal, bem escritas se possível, dirigidas aos amigos e família. Hoje, enviam-se pelas redes sociais, palavras displicentes, sem valor e conteúdo, quase nenhuma reflexão, sobre esta sociedade que caminha à procura do que procura sem saber o quê…

Deixo-lhes três exemplos mensageiros de outrora, escritos em papel. Cuidam com caneta e tinta preta sobre o mundo de hoje e de amanhã.

Natal Somos Nós! Tu e Eu.

Natal somos nós quando decidimos renascer de novo,

A cada dia.

Somos os enfeites de Natal quando as nossas faculdades, os nossos actos, são Apenas cores que aformoseiam a vida.

Somos as velas do Natal quando distribuímos

Harmonia por onde caminhamos.

Somos as ceias do Natal quando nos saciamos de pão,

De esperança, dividindo os fartos restos pelos mendigos, ao nosso lado, lá Longe.

Façamos da nossa vida uma extensão da noite de Natal,

Todos os dias Natais.

Renasçamos, continuamente, para dar aos outros o que não têm.

Bom Natal amigo António.

Meu Amigo António

Todos os dias deste ano,

Estiveste presente, presente.

Fizeste-me sorrir quando eu mais queria chorar. Todas as tuas palavras Confortaram o meu ser, fazendo-me ver que vale mais ser do que ter.

Para a tua vida, agora difícil, envio-te um intervalo sem dor.

Mereces uma vida melhor neste Natal de todos os Natais.

Um forte abraço, Feliz Natal!

Para o amigo Inácio.

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Querido Menino Jesus

Eu sei que me tenho portado mal, mas prometo que me vou portar melhor daqui para a frente.

Este ano, apesar de te estar a escrever não te quero pedir nada. Não te vou pedir bonecas, pois já tenho muitas; este Natal queria pedir uma coisa muito especial. Bem, vou dizer te directamente aquilo que quero. Quero que dês pão a milhares de pessoas que passam fome diariamente, que dês cobertores e casas aos sem-abrigo que habitam nas nossas ruas, sim! Porque eles não são sem-abrigo por vontade própria.

Queria também que desses uma família a todas crianças que são mal tratadas e que vivem neste mundo cruel sem um carinho.

Se não for pedir de mais, queria que acabasses com todas as guerras, que levasses todas as tristezas e todas as “diferenças” culturais para longe e que tirasses as armas das mãos das crianças inocentes; que não vão à escola, como eu…

Lê com atento amigo António e contribui com uma migalha para um mundo mais igual, neste pandemónio de desigualdades.

(Com a devida vénia para a Ana Margarida Silva)

Meu estimado Amigo António Inácio Nogueira,

A pandemia continua a limitar a nossa vida.

Como se isso não fosse o bastante vemos com angústia que a sociedade está doente! Padece de falta de valores, de princípios, de boas práticas. Notícias devastadoras entram todos os dias em nossa casa, envolvendo figuras de topo do tecido social, que supostamente não deviam ser apontadas.

É desolador!

Neste Natal substituí alguns dos vistosos e coloridos enfeites da árvore de Natal por palavras que parece existirem apenas no léxico português mas não aplicáveis: Valores, princípios, honestidade, solidariedade, respeito, amor, abnegação, dignidade – para que os meus netos, que celebram comigo as festas natalícias, não esqueçam que existem e as pratiquem.

Votos de Boas Festas na esperança que a sociedade em que vivemos melhore.

Virgínia Caldeira…

E assim se escreve com caneta e com tinta negra num mundo que já não escreve.


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