Túmulo do Insigne Poeta Camões no Mosteiro dos Jerónimos
No dia 10 de Junho, a Universidade de Coimbra deu início às comemorações dos 500 anos do nascimento de Camões e outras instituições da cidade o têm feito também. Nada mais a propósito falar, hoje, de assuntos relacionados com esse poeta épico.
Recentemente encontrei em saldo, vejam bem, numa grande superfície comercial da cidade, um livro de Ricardo Raimundo intitulado Episódios da História de Portugal Que Não Aconteceram Bem Assim…
Ao longo das suas páginas, o autor reúne um conjunto de acontecimentos da História de Portugal que não ocorreram bem assim como nos contaram. São episódios essenciais das nossas memórias e identidade que nunca ocorreram: milagres que não viram a luz do dia, factos e acontecimentos mal explicados, figuras e heróis criados à posteriori, mitos engendrados anos ou até séculos depois, frases atribuídas a quem não as disse. O autor, segundo atesta, tentou sempre explicar como surgiu o equívoco, mito ou erro. Por tudo isto, Raimundo, seduz os leitores a embarcar numa extraordinária aventura que é a nossa História, oferecendo a verdade dos factos.
Na realidade, conseguiu esse embarque já que o livro atingiu a 4ª edição.
Uma das figuras de relevância tratadas foi Luiz de Camões (Assim o escreve Raimundo).
Como se sabe, a mais alta figura das letras portuguesas, pode ser relembrada no seu túmulo colocado no Mosteiro dos Jerónimos [obra prima nacional] desde 1880. O mausoléu é da autoria do escultor Costa Mota Pinto. É todo em mármore, inclusive a estátua de Camões que tem as duas mãos juntas e viradas para cima. Destaca-se ainda uma espada colocada ao lado. A decoração é minuciosa e de estilo Manuelino.
O poeta morreu de peste, tendo sido sepultado numa vala comum em lugar pertença da igreja do convento de Santana, em Lisboa, como era habitual à época, para os pobres e não privilegiados. Quem o refere é o cronista Diogo Couto que, no manuscrito das suas Décadas, anotou [citado pelo autor]: “…deixei-o no reino, pobre e sem remédio e estado, que quando morreu o enterrou a Companhia dos Artesãos e o depositaram à porta do mosteiro de Santana na banda de fora, chãmente.” Este convento, diz Raimundo, localizado no Campo de Santana, ficou parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, sendo posteriormente objecto de obras de reconstrução e finalmente demolido em 1892.
Em 1880, ano do tricentenário da sua morte, procedeu-se a uma transladação dos restos mortais para os Jerónimos. No relatório da comissão constituída para proceder aos trabalhos pode ler-se a uma certa altura [palavras de Ricardo Raimundo]: (viram-se) ossos em forma que se lhe não tinha mexido. Alguns desses eram pois sem dúvida os de Luiz de Camões, mas quais se nem era possível distinguir a sepultura. Logo, é de probabilidade elevada que tivesse sido enterrado numa vala comum, num terreno circundante ao convento, como já se acentuou supra.
Nestas circunstâncias é quase impossível reverter a ideia ou ter qualquer certeza sobre a pertença das ossadas do poeta no seu túmulo do Mosteiro dos Jerónimos.
Os que lá estão, o mais provável, é não pertencerem ao Luiz de Camões, diz o autor, por clarificação de todas as suas deduções anteriores.
Verdade Ou Incerteza?
Porventura, a nossa Desilusão.