A tecelagem de Almalaguês volta a estar presente, este ano, na Feira Internacional do Artesanato, que vai decorrer de amanhã a 12 de setembro na Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações.
Cristina Fachada vai representar a freguesia e a região neste certame, onde vai dar a conhecer ao vivo todo o processo de criação que envolve a tecelagem de Almalaguês.
Apesar dos receios que a pandemia ainda levanta, assume que “é hora de recomeçar” e parte para Lisboa com algumas expectativas em relação às vendas mas confiante de que esta arte atrairá, com certeza, a curiosidade dos visitantes, já que estará a trabalhar no tear, de forma a que todos possam apreciar ao vivo este trabalho artesanal.
Com 53 anos, Cristina Fachada começou a dedicar-se a esta arte assim que saiu da escola. Tinha então 13 anos e vai já a caminho dos 40 anos de dedicação à tecelagem de Almalaguês. Mais do que uma arte é “uma paixão”, já que, como diz, “é preciso gostar muito do que se faz para fazer disso a nossa atividade profissional diária”.
Com uma unidade produtiva artesanal em Almalaguês, oficina que tem todos os dias aberta ao público, onde tem os teares e onde executa todos os seus trabalhos, esta artesã diz que este é um espaço aberto a todos, onde qualquer pessoa pode apreciar e conhecer todas as fases que o seu trabalho envolve. Não esconde a felicidade que sentiu neste mês de agosto, com muitos turistas e emigrantes a visitarem a oficina, bem como a satisfação que tem por nunca lhe faltar trabalho.
O facto de esta arte ter sido uma das sete finalistas regionais do distrito de Coimbra do concurso das “7 Maravilhas de Portugal” veio também dar maior visibilidade à tecelagem de Almalaguês, uma arte muito antiga, cuja origem se perde no tempo mas que continua a assumir grande importância na vida da comunidade, sendo ainda muito praticada, de forma artesanal, por muitas mulheres da região.
Tradicionalmente executada em linho, estopa, lã ou trapos, a tecelagem de Almalaguês continua a utilizar estes materiais, a que acresce, hoje em dia, o algodão. Atualmente, são produzidas as mais variadas peças, como cortinados, sacos do pão, peças de vestuário e acessórios como malas e calçado.
As peças são feitas no tear de Almalaguês, de estrutura sólida e composto por uma grande diversidade de peças, sendo construído manualmente com recurso a madeiras locais. O trabalho de preparação do tear é exigente e começa com a urdidura da teia que, quando concluída, se coloca no tear com o apoio de três pessoas. De seguida, aparelha-se e ata-se ao órgão de baixo. Posto isto, a tecedeira pode iniciar a sua obra, colocando-se dentro do quadro do tear e apoiando-se na “cédeira”. Com os novelos de linha dobados na dobadoira, enchem-se as canelas no caneleiro, que são depois colocadas nas lançadeiras, uma com a linha de bordar, com mais fios e outra com a linha de tapar e é nesta fase que a artesã dedica especial atenção ao desenho que quer colocar na peça.
Finalizada a peça no tear, é necessário terminá-la, ou seja, coser as bainhas, atar a franja, cortá-la, acertá-la e passá-la a ferro. Está pronta para ser vendida localmente, em lojas ou nas diversas feiras que se realizam pelo país.
A tecelagem de Almalaguês é uma das “imagens de marca” desta freguesia, ajudando a levar longe o seu nome e esta tradição que tem unido tantas e tantas gerações. É esta arte que vai poder ser apreciada agora na Feira Internacional de Lisboa, através do trabalho de Cristina Fachada.