O Sport Club Conimbricense (SCC) promove amanhã o primeiro Torneio de Futebol 5 para Cegos, um evento pioneiro no país que, para além da equipa do clube centenário de Coimbra, conta ainda com a participação das Seleções de Andaluzia e da República Checa.
Este torneio vai decorrer, a partir das 9h00, na Casa do Pessoal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), no Hospital dos Covões. Depois das boas vindas pelo presidente do clube, Carlos Ferreira, a competição começa com o jogo entre a Seleção de Andaluzia e a República Checa, às 9h30. O segundo jogo está marcado para as 11h00, entre o SCC e a equipa perdedora do primeiro encontro. Uma hora depois, o Sport volta ao jogo, frente à equipa vencedora do primeiro jogo. Nos intervalos entre os jogos vão decorrer sessões de demonstração das atividades e modalidades do Sport e, a partir das 15h00, vai realizar-se um almoço de confraternização, com alguma surpresas. Este dia dedicado ao desporto termina com a entrega dos troféus e medalhas aos vencedores do torneio e restantes participantes.
De referir ainda que, neste dia, vai decorrer um leilão online, nas redes sociais do SCC, de duas camisolas da Seleção Nacional de Futebol, uma oferecida por Humberto Coelho e outra por Cristiano Ronaldo, estando esta última rubricada por todos os jogadores da Seleção. A coletividade agradece este gesto destes dois desportistas que, desta forma, apoiam o Sport e esta modalidade pioneira em Portugal que conta já com cerca de duas dezenas de atletas invisuais, oriundos de vários pontos do país e com idades muito diversificadas, tendo o mais novo apenas oito anos.
Destes, foram convocados 13 para participar neste torneio internacional, onde se inclui uma mulher, a primeira portuguesa a participar numa competição. De acordo com o treinador da equipa, Márcio André as idades deste grupo variam entre os 15 e os 63 anos.
Carlos Ferreira congratula-se com a forma como esta nova modalidade tem corrido. Recorda que surgiu em tempos de pandemia, apesar de estar idealizada há alguns anos, inserindo-se na filosofia inclusiva do clube que conta já com 111 anos de história. “Está a correr bastante bem, tem merecido o apoio da sociedade e das instituições que regem este desporto, que nos têm ajudado e incentivado”, realça. Considera que é “um projeto que tem pernas para andar e que deve ser acarinhado e impulsionado”, de forma a que surjam outras equipas noutras cidades, proporcionando assim um caráter mais competitivo e uma maior dinâmica a este desporto.
Presente na sessão, o presidente da União das Freguesias de Coimbra, João Francisco Campos, felicitou o SCC por “abrir as portas a esta nova modalidade inclusiva” e reforçou que a Junta está “sempre disponível para ajudar” e mesmo para “fazer a ponte” com as instituições da freguesia, dando como exemplo a própria ACAPO.
Mais atletas e novo pavilhão são prioridades
Com esta modalidade do futebol para cegos a ganhar mais protagonismo, o Sport Club Conimbricense continua a delinear outros projetos. Carlos Ferreira diz que o clube gostaria de ter mais modalidades, também nesta área do desporto inclusivo, mas lembra que o Sport continua a deparar-se com os condicionalismos impostos pelo atual pavilhão, situado na Baixa de Coimbra, onde o clube nasceu. O novo pavilhão está prometido há muito mas continua a não ser dado qualquer passo com vista à sua concretização.
Neste momento, o Sport depara-se também com uma redução no número de atletas, fruto da pandemia. Conta apenas com cerca de uma centena, quando já chegou a ter 300, diz o presidente, assumindo como prioridade criar condições para atrair cada vez mais praticantes.