A Covid-19 deixou bem claro que Coimbra precisa de dois hospitais centrais. O Hospital dos Covões tornou-se no epicentro da pandemia, revelando-se determinante para assegurar a necessária resposta aos casos que surgiram, libertando os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) para outras situações de emergência e evitando a instalação de tendas à porta.
Com todas a valências necessárias para o tratamento da doença, o Hospital dos Covões mostrou que é, sem dúvida, uma unidade fundamental para a cidade e região, não só durante mas também depois da pandemia. Essa realidade levou a que fosse lançada uma Petição Pública, que conta já com mais de 4.000 subscritores, que defende que “é imperativo reverter a ‘pseudo’ fusão com os HUC, restabelecendo a autonomia e a capacidade que estava há anos instalada naquele Hospital Central e que resolvia todos os problemas de saúde da população que a ele recorria”.
A Petição pede que, após a pandemia, aquele hospital não continue a ser “um suplemento” mas que seja sim dotado com todas as valências de um hospital central. “Sem qualquer razão assistencial, social, urbanística, científica, ou outra razão aceitável, o Hospital dos Covões tem sido progressivamente desprovido de recursos humanos e recursos materiais, despido de serviços médicos, reduzindo significativamente a capacidade de prestar cuidados de saúde com a qualidade que habituou a população”, refere a Petição, alertando também para o facto de os trabalhadores estarem “tristes, desmotivados e revoltados pelo reiterado assédio moral a uma instituição com 47 anos de existência, que é acarinhada por profissionais e doentes”.
“Insistir na continuação desta fusão é continuar a insistir na negligência de gestão em saúde que se assiste em Coimbra há anos, e num crime contra o direito constitucional do acesso a cuidados de saúde. É um dever do poder político assegurar que todos os portugueses tenham acesso a cuidados de saúde de qualidade e atempados num serviço público. Um Hospital dos Covões a funcionar em pleno é essencial para se cumprir esse dever, continuar a destruí-lo é um crime que lesa a pátria”, lê-se ainda no documento.
O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Fernando Regateiro, assegura que “não há qualquer intenção” de deixar de utilizar o Hospital dos Covões e de nele “localizar funções assistenciais”, cuja tipologia “será a que melhor se adequar, em cada momento, às necessidades dos doentes e ao melhor potencial de eficácia e de eficiência que a estrutura física possa suportar”. Em comunicado divulgado, negou o seu alegado esvaziamento, assegurando que “não há qualquer intenção do Conselho de Administração deixar de o utilizar para nele localizar funções assistenciais relevantes, à luz da resposta global que o CHUC tem o dever de organizar para a procura atualmente registada e que preveja para o futuro”.