A Paróquia de São José, em Coimbra, lançou, na noite de sábado (6 de junho), na arcada principal da Igreja de São José, a campanha solidária “AME, São José Cuida!” a favor das vítimas da Covid-19. Apresentada pelo Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, e pelo pároco Jorge Silva Santos, a campanha ‘AME, São José Cuida!’ surge num momento em que a atual pandemia veio expor as principais vulnerabilidades da sociedade, com o agravamento das desigualdades sociais e o crescimento da pobreza.
“Os pobres ficaram ainda mais pobres e surgiram novas formas de pobreza, associadas ao desemprego e à doença. Como nos disse o Papa Francisco na Praça de São Pedro vazia: ‘Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários’. De facto, ‘Ninguém se salva sozinho’, todos somos responsáveis uns pelos outros”, explica a Paróquia de São José.
Na cerimónia, o Bispo de Coimbra realçou que “este gesto vai à essência do que é a nossa fé e do testemunho efetivo que dela somos chamados a dar”.
Com as situações de carência sempre a aumentar e perante as “necessidades urgentes” que estão a exigir “respostas imediatas” de muitas famílias, a Paróquia de S. José depara-se, por um lado, com a diminuição dos apoios recebidos e, por outro, “viu aumentar em mais de 25 por cento o número de famílias a que presta auxílio para responder às necessidades mais elementares”.
Articulada em três áreas de intervenção, designadas por arcos, esta campanha solidária nasce, como sintetizou o padre Jorge Silva Santos, para que “não haja ninguém que bata à porta e fique sem resposta”.
Marisol Simões, do Centro de Acolhimento João Paulo II, relata um quotidiano em que “o telefone não para de tocar todos os dias” com pedidos de ajuda, fruto de um contexto em que a vida mudou radicalmente para dezenas de famílias na zona de intervenção da instituição. Desde famílias em que o pai e a mãe estão em lay-off ou perderam os empregos, a idosos que vivem sozinhos sem ninguém que os visite, a imigrantes que ficaram sem fonte de rendimento, ou aos sem-abrigo que viram agravar-se ainda mais a sua situação num tempo em que a ajuda efetiva na rua foi reduzida.
É a todas estas situações que a campanha “AME, São José Cuida!” quer responder com o seu Arco Material. Todos os fundos recolhidos nesta campanha serão canalizados para o Centro de Acolhimento João Paulo II que depois os utilizará na resposta concreta aos pedidos de ajuda que lhe chegam. Como foi sublinhado na cerimónia de apresentação, a campanha não pretende mobilizar apenas os paroquianos de São José, mas todos os que queiram colaborar nesta iniciativa. Esta angariação de fundos, que vai decorrer até final do mês de julho, será feita pelo IBAN PT50 0035 0185 00023175 030 18, com o Centro de Acolhimento João Paulo II a fazer o devido acompanhamento tanto das angariações como dos casos sociais a apoiar.
A campanha não se limita, no entanto, à vertente material, mas pretende “ir ao encontro da pessoa no seu todo”, como salientou o padre Jorge Silva Santos. Com o Arco Afetivo, pretende desenvolver uma iniciativa comunitária que visa aproximar gerações e combater a solidão através da redação e entrega de 1.000 cartas a pessoas idosas, residentes ou não em lares, identificadas como pessoas de maior fragilidade física, social e emocional no contexto da atual pandemia. Esta dimensão será dinamizada, em primeiro lugar, com a participação dos grupos infantis e juvenis da Paróquia, que serão os principais remetentes, tal como o grupo de escuteiros, estando, no entanto, aberta a todos os paroquianos e não paroquianos que queiram participar.
Já o Arco Espiritual será o âmbito da iniciativa que irá dedicar tempo de oração às vítimas da pandemia. Através do site ame.igrejasaojose.pt é possível identificar situações concretas e pedir à Paróquia uma oração específica. Estes momentos de oração são uma forma da comunidade paroquial de São José, unindo-se ao sofrimento de quem atravessa uma fase de maior vulnerabilidade, apoiar espiritualmente as vítimas da Covid-19 – doentes, famílias enlutadas, desempregados ou outras situações de fragilidade. Ao mesmo tempo, a Paróquia oferece, igualmente, apoio psicológico ou emocional a quem necessitar.
“O que podemos fazer é só uma gota de água no oceano das dificuldades, mas com a colaboração de muitos juntaremos um caudal de água e daremos alegria a muitas pessoas”, referiu o pároco, apelando à mobilização de todos. Todas as informações sobre esta campanha solidária estão disponíveis em ame.igrejasaojose.pt.