O título de campeão nacional de futebol conquistado pelo Sporting Clube de Portugal, acabou com um longo jejuar de 19 anos. A vitória final, foi, a todos os títulos justa e merecida.
Justa, pois foi a equipa mais regular, mais consistente, e aquela que durante mais tempo praticou, a meu ver, o melhor futebol nos relvados portugueses.
Merecida, também, uma vez que tudo fez para alcançar o feito, acreditando, mesmo nos piores momentos, que seria possível inverter o rumo dos acontecimentos. Teve alguma sorte? Sim, é verdade, mas a sorte dá muito trabalho, transpiração, rigor, concentração. A estrelinha brilhou mais que a dos outros concorrentes ao ceptro? Também é verdade, mas quantas batalhas foram travadas e feridas sangraram para que Varandas chorasse como um menino, quando viu o sonho concretizado?
Amorim foi, sem dúvida alguma, o grande obreiro. Um jovem treinador, que soube agarrar num punhado de jovens, a maioria sem estatuto, colocá-los a remar para o mesmo lado, dignificando um clube com poucos recursos financeiros e a recuperar da agonia do ataque a Alcochete, para cujo feito muito contribuiu o referido presidente – que quase sempre soube estar, no sítio certo e na hora certa.
Talvez um feito desta natureza não se repita tão brevemente no panorama nacional, mas o exemplo perdurará na história glorificada do futebol nacional. Eu, que não sou sportinguista, tenho orgulho na forma como do quase nada se construiu uma equipa, levando a que David vencesse, contra todas as expectativas, os Golias!
Quanto à festa foi bonita, como se esperava, mas exagerada para os tempos que correm. Em tempos de pandemia, talvez tivesse sido preferível prevenir a remediar. Adivinhava-se o caos, as autoridades pareciam preparadas para lidar com a situação, mas tudo se descontrolou. Quando não se cumprem as regras elementares de segurança, não há carga policial que resista. Esperemos que os efeitos do que pudemos assistir, em direto, não se traduzam em aumentos de casos de covid.
Uma boa notícia para muitos sportinguistas, que andavam há anos descrentes. Resta saber se a boa nova pode mudar o rumo do futebol nacional, ou se foi um mero acaso desportivo ditado por circunstâncias irrepetíveis.