Uma coisa é a pandemia. Outra coisa, bem diferente, é o pandemónio em que nos meteram. Estou cada vez mais convencido que os governos estão a ir além da pandemia, um pouco à semelhança da crítica que fizeram ao Passos Coelho, quando lhe imputaram responsabilidades por ir além da troika.
É incompreensível que se esteja a deixar morrer a economia, a paralisar setores fundamentais da atividade humana, a sacrificar postos de trabalho, a deixar falir empresas, a deixar que doenças mentais como stress, ansiedade e depressão galopem – tudo girando em torno de um suposto confinamento mundial que pretende fazer da Europa um exemplo.
É excessivo o que nos estão a pedir, em especial aqueles que pouco têm para dar e que de si já deram quase tudo. Não existe Estado Social europeu que nos proteja; nem em pequena escala, quanto mais em larga, e os mecanismos de solidariedade são uma treta. Cada país transmite a imagem de safar-se por si próprio, mas nem todos têm a riqueza e disponibilidade para os seus cidadãos como a Alemanha, França ou Holanda. As disparidades são grandes e Portugal não é de todo um país rico – embora tenha as contas em dia, se bem que pesadas, e seja um destino seguro.
A este propósito recorde-se o que o Reino Unido nos fez, amesquinhando e impedindo o tráfego aéreo, considerando-nos um país não seguro! O que eles querem sabemos bem: desviar e captar o máximo de turistas, vitais que são para o modelo de estrutura europeu onde os pibs se alimentam dos fluxos turísticos.
Nós, portugueses no individual e coletivo, não vamos aguentar muito mais tempo esta situação, e os efeitos dramáticos das medidas tomadas em prol da higiene e segurança médico-sanitária, cairão como espadas afiadas no mercado laboral daqui a um tempo de gestação humana, fazendo adivinhar uma histórica crise económica lá para 2021/2022.
Não percebo como é que a União Europeia não consegue definir, por acordo entre todos os seus estados membros, um protocolo de segurança rodoviário e aeroportuário que viabilizasse a circulação automóvel, o movimento portuário e a aeronáutica civil. Também não compreendo como é que os países da Lusofonia não realizam uma cimeira ao mais alto nível, regularizando entradas e saídas, e promovendo voos seguros – há famílias em desespero, com pais, mães e filhos separados, estudantes que desejam prosseguir os seus estudos, que querem vir conhecer Portugal e estão dispostos a investir, e negócios quase arruinados.
Estará tudo doido aguardando pela vacina ou medicamento milagrosos? Na verdade, já todas as instituições de todos os estados mundiais sabem o que têm a fazer para se proteger – basta seguir as recomendações da OMS.
Tirem-nos quanto antes deste pandemónio. Deem primazia à fiscalização, ao rigor no controlo da doença, aos estudos e investigação médica, mas não impeçam o livre trânsito de pessoas e mercadorias. Isso é matar a humanidade, que desde a sua génese sempre foi livre e exploradora.
Parar é morrer, lá nos ensina um ditado bem antigo….quo vadis covid?