O dia do animal celebra-se na próxima terça-feira, 4 de outubro, e o cavalo é um dos maiores apoios terapêuticos dos que mais necessitam não só a nível físico como a nível cognitivo. É um animal que ajuda na melhoria da sociabilidade e na postura corporal combatendo não só a dor lombar como a “síndrome da solidão”. O Despertar para comemorar este dia foi falar com uma escola de equitação especializada em Equoterapia.
Francisca Rodrigues
O cavalo é um animal caracterizado por ser dócil e um grande companheiro. É de grande porte e, para além de competir e fazer as “delícias” dos que gostam deste desporto também ajuda a promover o desenvolvimento dos indivíduos portadores de diferentes patologias.
Este mamífero é a solução para alguns problemas de saúde principalmente na região lombar e muitas vezes são os médicos que aconselham este tipo de acompanhamento alternativo.
A ligação que se cria entre o humano e a espécie equina já é algo que está implícito na genética de cada um. “Normalmente quem procura acompanhamento com cavalos já tem um grande apreço por este animal de grande porte e por si só isso já é algo que os conecta, não só pelo tamanho, mas por todas as histórias de príncipes e princesas que foram acompanhando a vida de cada criança e faz com que se liguem ao animal. Quando não há essa ligação automática são realizadas dinâmicas de forma a promoverem-na”, explica Lídia Soares, professora da Quinta da Muralha.
Como funciona a terapia com os cavalos?
Primeiramente é escolhido o cavalo para acompanhar o aluno. Esta escolha depende das características não só do equino como da própria pessoa e do que é necessário trabalhar. Além disso há sempre a tentativa de conciliar com outras terapias que estejam a ser realizadas.
“Tal como cada aluno tem a sua personalidade, o cavalo também. E é dessa forma que fazemos a escolha do animal para acompanhar a criança/jovem”, refere ao Despertar. Numa fase inicial é feito um questionário aos Encarregados de Educação/responsável ou ao próprio para tentar perceber o que gosta, o que não gosta e o que define ou não o seu carácter. No mamífero. este estudo é realizado através da observação direta e de um longo acompanhamento para que seja possível perceber como é que este funciona e com que tipo de personalidades conjuga melhor.
“A primeira abordagem é feita com o nosso cavalo de referência, que é um Ortigão Costa (de raça), o Cilindro. Já tem muitos anos de terapia, trabalhou com inúmeras crianças e jovens, e temos plena confiança nele. Depois da criança o montar pela primeira vez nós analisamo-la e vamos sempre conversando com ela se for de forma verbal. Se for não verbal falamos com o responsável que a acompanha”, confessa-nos.
A terapia é realizada aos diferentes tipos de pessoas, desde as que têm patologias como défice cognitivo, hiperatividade, espectro de autismo e também às que apresentam dores consecutivas na lombar e músculos. A procura deste animal como fim terapêutico justifica-se com o facto de ser o que mais se assemelha à marcha humana, pois tem um movimento tridimensional e provoca a sensação de caminhar quando nos colocamos na sua lombar.
Terapias e os apoios
Apesar de muitas terapias serem aconselhadas pelo Serviço Nacional de Saúde, o estado não apoia economicamente este acompanhamento alternativo. Os apoios que recebem são de fundos comunitários aos quais se candidatam. Já a nível camarário recebem algum financiamento, mas insuficiente.
“Enquanto professora eu gostava de ressalvar a necessidade que muitas destas famílias têm de inserir as crianças nestas atividades para que se consigam integrar na sociedade. Nós estamos a trabalhar para as colocar no mundo de trabalho e não para ficarem dependentes do Estado, como ficariam se não tivessem forma de aceder a estas soluções alternativas”, destaca Lídia Soares, e acrescenta “a necessidade de apoios para estas famílias conseguirem recorrer a estas alternativas e melhorarem não só a sua vida como a dos seus”.
Escola Quinta da Muralha
A Quinta da Muralha é uma Associação, a Associação Descansorgulhoso, em Miranda do Corvo, que trabalha com a equitação terapêutica, de lazer e de competição.
A escola equestre surgiu da junção de professores e pais como forma de colmatar a lacuna que “existia em Coimbra no que diz respeito à terapia com cavalos”. Esta escola é frequentada por alunos das várias regiões do distrito.
“Para que fôssemos aptos para dar aulas tivemos formações e ao longo do tempo fomos adquirindo conhecimentos sobre equitação e os próprios cavalos. Abraçamos este projeto e criamos a associação. Hoje conseguimos ajudar muitas crianças/jovens/adultos a terem uma vida melhor e mais independente”, conta ao Despertar.
Os alunos que frequentam esta escola têm diversas patologias, mas a predominante são os portadores de espetro de autismo que procuram esta terapia assistida como forma de melhorar a sua integração na sociedade com a criação de uma primeira ligação com o cavalo.
Para se inscreverem nesta escola podem fazê-lo através do Facebook da Quinta da Muralha ou através dos contactos presentes na página da escola.