Neste ano pandémico bastante se falou de Ludwig van Beethoven (1770? – 1827), um compositor alemão de que eu gosto sobremaneira. Nascido em Bonn, Alemanha, aos 13 anos já era solista de cravo na corte. Filho e neto de músicos, com apenas cinco anos, sob a orientação inflexível do pai, começou a estudar cravo, violino e viola. Com sete anos participou num recital na Academia de Sternengass. Beethoven criou aproximadamente 200 obras, algumas delas tornaram-se clássicos da música ocidental. As principais criações do compositor talvez sejam, na minha modesta opinião, a Nona, a Quinta e a Terceira Sinfonia.
Em 1801 Beethoven escreveu ao seu médico contando que estava há alguns anos perdendo a audição. Essa perda progressiva do sentido que mais utilizava, arrastou-se durante aproximadamente três décadas, entre os 20 e os 50 anos do compositor. Convém lembrar que 1800 foi o início do período mais brilhante da carreira de Beethoven, quando o criador produziu as grandes sinfonias que lhe dariam imortalidade. O génio criador continuou compondo grandes peças porque, como não nasceu surdo, tinha memória auditiva e era capaz de criar composições na sua cabeça transformando-as, posteriormente, em partitura. Aos 48 anos, Beethoven já estava inteiramente surdo e em sofrimento, porque ouvia barulhos de modo constante.
Ludwig van Beethoven faleceu em março de 1827, após uma longa agonia causada por uma hepatite crónica e cirrose hepática. O seu funeral foi um dos maiores já realizados em Viena.
Ludwig refletia sobre a sua arte e sobre o que cada uma das suas peças podia transmitir e significar para a humanidade. Por exemplo, segundo Swafford, o ponto central do movimento lento da Nona Sinfonia era evocar uma paz perdida. Quase dois séculos depois, a Nona sobrevive pujante, exercendo seu fascínio, sendo um ícone da cultura universal. Desde 1985, uma versão puramente instrumental da Ode à Alegria é o hino oficial da União Europeia. Antes, em 1970, a melodia conquistara as paradas de sucesso mundiais na versão pop A song of joy.
A criação desta sinfonia, que me arrebata e trago permanentemente no carro, ocupou dois anos de trabalho, intercalados com as criações de outras composições menores. Inovador para o seu tempo, Beethoven revolucionou ao incluir numa sinfonia, na sua parte derradeira, solistas e coro. A Nona Sinfonia, que foi a última das suas sinfonias, também é especialmente lembrada porque nela o compositor aproxima-se do povo, provocando um sentimento de união e unidade. A Ode à Alegria, também conhecida como Hino à Alegria (no original Ode an die Freude), encontra-se na parte final da Nona Sinfonia de Beethoven e louva a humanidade, que passa a encontrar-se novamente reunida e em estado de contentamento. O desejo de celebrar a fraternidade e a igualdade entre os homens já acompanhava Beethoven, há bastante tempo, desde que o compositor teve um maior contacto com os valores pregados durante a Revolução Francesa. Transformou-se em 1985, nunca é demais sublinhá-lo, no hino oficial da União Europeia. Com o passar do tempo, a composição converteu-se num símbolo de paz e comunhão entre os povos. A criação possui um célebre verso onde anuncia que “todos os homens se tornam irmãos”.
A ópera Fidelio é outra das suas produções. O regime nazista usou sistematicamente a música de Beethoven para propósitos políticos. Após a Guerra, ditadores e activistas em todo o mundo usaram as obras do génio musical para seus próprios fins.
Talvez a mais famosa ode “política” de Beethoven tenha sido a sua Terceira Sinfonia, composta em 1803 e publicada em 1806. Com ela o compositor chegou à maturidade, unindo o espírito da Aufklärung (iluminismo) à sua música. O Herói invocado na peça não surge da aristocracia, mas a sua origem provém do povo. Torna-se, assim, um paradigma de todo o potencial humano. [Saiba mais sobre o tema através das obras de Jan Swafford, Dilma Frazão, Gaby Reucher, Augusto Valente e no link