A “Importância dos profissionais de saúde psicológica na recuperação de acidentados e dos seus familiares” é o tema da sessão que vai decorrer amanhã, às 17h30, na Bertrand do AlmaShopping.

Este debate é promovido no âmbito da apresentação do livro “Estava Morto Mas Não Estou”, da autoria de Pedro Oliveira Leite, que vai partilhar a mesa com Laura Lemos, psicóloga clínica e neuropsicóloga, e Sónia Simões, psicóloga clínica e professora de Mindfulness, numa sessão que termina com um momento musical por Sandra Bullet.

“É fundamental que as pessoas tenham consciência da importância que os profissionais de saúde têm nesta área da recuperação de sinistrados, não só no apoio ao doente mas também aos familiares que, por vezes, estão a sofrer tanto ou mais que o próprio sinistrado”, explica Pedro Oliveira Leite. Por outro lado, este debate pretende também “combater um pouco o estigma de que o psicólogo só trata doenças mentais” e evidenciar que procurar ajuda é um “sinal de lucidez”.

Pedro Oliveira Leite é um exemplo vivo de como a ajuda destes profissionais foi determinante para a sua própria sobrevivência. Este conimbricense, que cresceu nas ruas da Baixa, onde nasceu em 1971, apresenta a sua história de vida neste livro, publicado recentemente pela Contraponto e que foi apresentado na sexta feira na Previdência Portuguesa, seguindo-se amanhã nova apresentação e o referido debate no AlmaShopping.

Ao longo de mais de 150 páginas, o autor abriu o seu coração para contar a sua vida, desde a infância marcada pelo abandono e pela pobreza até às lutas e desafios que foram aparecendo no seu caminho. Um acidente trágico, ocorrido em março de 2010, quando participava numa ação de voluntariado do projeto Limpar Portugal, fez-lhe perceber o quão ténue é a vida. Brutalmente colhido por um carro, ficou em estado crítico, politraumatizado e com três hemorragias cerebrais que o deixaram com 70 por cento de incapacidade.

Oito anos depois e com uma vontade enorme de ultrapassar todas as barreiras que se foram colocando no seu percurso, onde teve que “renascer” e “reaprender a viver”, continua convicto de que o desafio da vida passa por nunca desistir.

“Eu já experimentei o lado de lá e é muito escuro. Já que fiquei cá, quero ter ainda mais uma oportunidade”, realça. E essa oportunidade passa, como explica, por voltar a ter a estabilidade profissional que o acidente lhe roubou mas, acima de tudo, por conseguir cumprir a sua missão de “fazer o bem e ajudar o próximo”.

A sessão de amanhã surge precisamente com esse intuito de ajudar aqueles que, como ele, tiveram que fazer “uma longa travessia no deserto para poderem voltar à vida”. “Embora sentisse uma revolta muito grande pelo que me aconteceu, sofrer um acidente com aquela gravidade quando estava a praticar o bem, percebi que, para resolver muitas coisas dentro de mim e poder lutar, precisava de alguém com experiência para me poder ajudar nessa travessia que durou quatro anos, que foi muito longa e que fez com que eu fosse hoje uma pessoa diferente, com horizontes mais abertos e com outra perspetiva de vida”, assegura.

A psicóloga Sónia Simões foi um “pilar” nesse longo processo de recuperação, como destacou durante a apresentação do livro que decorreu na Casa da Mutualidade da Previdência Portuguesa, sessão que contou também com a participação do presidente da associação mutualista, António Martins de Oliveira, e da presidente da Longevitatis, Isilda Inês.

Martins de Oliveira aproveitou para dar a conhecer a Previdência e a sua missão, uma casa que tem como lema “É no dar que se recebe”, enquanto Isilda Inês apresentou Pedro Oliveira Leite e a sua obra, o resumo, no fundo, de “uma vida onde é preciso saber reinventar-se todos os dias”, que pretende “inspirar outros seres humanos, mostrando que é proibido desistir”.