Cristina Sá Valentim, doutoranda da Universidade de Coimbra (UC), acaba de vencer a terceira edição do Prémio Internacional de Investigação Histórica “Agostinho Neto” – 2019-2020, com a obra “Sons do Império, Vozes do cipale. Canções Cokwe, Poder e Trabalho durante o colonialismo tardio na Lunda, Angola”. A distinção contempla a publicação do estudo em Angola e no Brasil, a atribuição de um diploma e de um troféu, bem como a quantia de 50 mil dólares. No trabalho agora reconhecido, a autora procurou expor as complexidades das relações coloniais de dominação e resistência a partir de práticas que tiveram como denominador comum a música africana e o trabalho forçado no nordeste angolano. Trata-se da tese de doutoramento desenvolvida no âmbito do programa doutoral “Pós-Colonialismos e Cidadania Global”, ministrada no Centro de Estudos Sociais e na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Na ata de divulgação do vencedor do prémio, pode ler-se que a obra eleita se carateriza como “um trabalho assaz importante, pluridisciplinar, inovador, que usa fontes diversificadas e cruza as fontes escritas com fontes orais e as fontes musicais e, nesse aspeto, é não só inovador como praticamente único, tratando de um grupo muito significativo na história de Angola, os Cokwe, população marcada pela adesão à novidade, pelo dinamismo e pela capacidade criativa e de mudança”.
Este prémio é promovido, de dois em dois anos, pela Fundação António Agostinho Neto e pelo Instituto Afro-brasileiro de Ensino Superior. O galardão destina-se a destacar as obras de investigação sobre Agostinho Neto, Angola, África, Brasil, a Diáspora e Afrodescendentes que contribuam para o melhor conhecimento da história de Angola, do Brasil e de África.