Ao completar um século de existência, “O Despertar” enfrenta um acrescido desafio, que consiste em honrar o respetivo nome, carregado de ressonância.
Segundo o psiquiatra espanhol Enrique Rojas, sem ideias claras há mais margem de erro e uma pessoa (ou instituição) fica velha quando não tem mais projetos.
Para mim, “O Despertar” tem de assumir-se como fertilizante de uma consciência cívica que, aqui e além, tarda em fazer-se sentir e, por isso, de vez em quando, cabe-lhe fazê-la despontar.
Um Jornal é um instrumento destinado a tecer relações no seio dos seus destinatários, deve ser visto como um elo – ou o elo por excelência, indispensável numa corrente (vontade coletiva) – e aspirar a ser a «seiva» da comunidade em que se insere.
Como nada é mais velho do que a edição da véspera, num tempo marcado pela instantaneidade da comunicação e pela proliferação de meios, cabe aos jornais uma postura prospetiva e assumir-se como um baluarte da coerência, da memória e da ética, com aquilo que é estruturante a impor-se à «espuma» dos dias.
Felicitar “O Despertar” significa louvar o esforço que lhe dedicaram os criadores, tal como, mais tarde, o saudoso Fausto Correia e, no passado recente, Lino Vinhal.
Espero que, em 2117, Coimbra continue a orgulhar-se do seu Jornal.
RUI AVELAR (Jornalista)