O Grupo Recreativo O Vigor da Mocidade completa, na terça feira, 1 de fevereiro, 92 anos de dedicação ao associativismo e ao desporto. Apesar das dificuldades trazidas pela pandemia, que condicionaram as comemorações dos 90 e dos 91 anos e que voltam agora a condicionar mais este aniversário, o histórico clube de Fala, na União das Freguesias de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, chega aos 92 anos cheio de força para continuar o seu percurso, marcado por tantos feitos desportivos e por tantas conquistas que têm ajudado a levar cada vez mais longe não só o seu nome como também o de Coimbra.

Apesar da covid-19 ter condicionado a vida de todos nos últimos dois anos, a verdade é que, de uma forma ou de outra, se foram encontrando soluções para contornar as dificuldades, de modo a não deixar o futuro em suspenso. O trabalho desenvolvido, neste período, pelo Grupo Recreativo O Vigor da Mocidade é um exemplo disso. Com um percurso longo e honroso, o clube de Fala continua a brilhar a nível desportivo, tendo conquistado vários títulos nas últimas épocas desportivas, nas suas várias modalidades – futebol, natação, patinagem e ginástica.

O presidente do clube, Mário Fernandes, destaca todas estas “importantes conquistas”, que resultam de um trabalho integrado que mobiliza a Direção, os técnicos, os atletas e, também, as famílias. “As últimas épocas têm sido fantásticas, apesar da pandemia. Tem sido um desafio, que temos encarado com todo o cuidado, com a realização de muitos testes e as necessárias adaptações, de forma a não termos que parar”, explica. O presidente lembra que, quando o cenário assim o obrigou, os treinos presenciais foram substituídos por “aulas online”, uma forma de manter a ligação com os atletas e de assegurar que se mantivessem ativos e motivados para a prática do desporto.

Mário Fernandes lembra que O Vigor “é um clube eclético”, com “várias modalidades”, que foi preciso ir adaptando à realidade que se ia vivendo. “No ano passado, através dos nossos técnicos, desenvolvemos um importante trabalho”, destaca, dando conta dos vários títulos conquistados. Na ginástica, por exemplo, lembra que os resultados traduziram-se em “sete campeões nacionais e na presença do par misto no Campeonato da Europa, onde conquistou o terceiro lugar, e na classificação para o Campeonato do Mundo, que vai disputar este ano”.

Feitos notáveis foram obtidos também no futebol, onde foi campeão distrital de seniores. Esta conquista abriu a possibilidade de disputar o campeonato nacional mas, tendo em conta a imprevisibilidade dos tempos vividos, a Direção optou por dela abdicar. “Entendemos que não o deveríamos fazer. Foi uma decisão difícil de tomar, tivemos só dois dias para decidir mas entendemos que não deveríamos hipotecar o clube, que não tem só futebol”, realça. Louva, contudo, “todo o trabalho feito, em todas as modalidades e mesmo com a pandemia, um sinal evidente de que O Vigor está cada vez melhor”.

Clube melhora iluminação

Mário Fernandes não esconde o orgulho que tem no percurso que O Vigor tem vindo a trilhar ao longo destes 92 anos. “É um clube com pergaminhos já grandes. São 92 anos de trabalho, onde temos que louvar as pessoas que criaram esta coletividade, bem como todas as outras que lhes sucederam”, elogia.

É todo esse trabalho que tornou possível ao Vigor chegar a esta bela idade. O presidente enaltece todo o percurso mas destaca o trabalho feito nos últimos 30 anos, marcados por “uma forte aposta na construção de equipamentos e infraestruturas suficientes para conseguir colmatar as dificuldades sentidas”. A conclusão do pavilhão, o alargamento do campo de jogos, a construção de uma sede social e a construção do piso sintético são algumas das obras que destaca, “um investimento grande que foi feito ao longo dos anos e que permite que o clube se orgulhe daquilo que tem”.

Mário Fernandes tem acompanhado grande parte deste percurso, uma vez que está na presidência do clube há perto de 30 anos e é dirigente desde os 18 anos. Tem assistido, por isso, às lutas que o clube tem travado ao longo da sua história, assim como tem celebrado as suas muitas conquistas.

A cidade também tem estado atenta a este percurso e tem contribuído para a concretização dos seus projetos. Dois muito importantes foram concretizados já nestes anos de pandemia, nomeadamente a colocação de um novo piso sintético no campo de futebol, que veio substituir o antigo, que tinha já 15 anos e se encontrava muito degradado, e a instalação de saneamento nas instalações do Vigor, duas obras muito importantes para o clube que foram concretizadas graças ao apoio da Câmara Municipal de Coimbra.

Nesta fase, a coletividade está a melhorar a iluminação no campo de jogos, que já foi duas vezes alargado para responder às exigências da Associação de Futebol de Coimbra. Se tudo correr como previsto, os novos projetores LED deverão estar instalados já esta semana. Trata-se de um investimento na ordem dos 25 mil euros que vem criar “melhores condições para a prática do desporto”.

Perto de 400 atletas, cerca de 500 sócios

O Grupo Recreativo O Vigor da Mocidade chega aos 92 anos com muito perto de 400 atletas. De acordo com o presidente, são “cerca de 160 no futebol” e “230 atletas federados nas restantes modalidades”. Apesar da pandemia ter afastado algumas crianças da prática desportiva, O Vigor mantém uma frequência significativa. “Foram dois anos complicados, as pessoas habituaram-se a ficar em casa e é notória a diminuição de atletas nos clubes. O Vigor não fugiu à regra mas podemos dizer que conseguimos ter na mesma todas as equipas no futebol, desde os petizes, benjamins, iniciados, juvenis, juniores…”, realça.

O clube depara-se também com uma quebra no número de associados. Já teve perto de um milhar mas atualmente são cerca de 500. Mário Fernandes lembra que muitos deles acompanhavam o clube desde a sua fundação, assistindo-se, fruto da idade, ao desaparecimento de alguns deles.

Para contrariar esta tendência, a Direção está a fazer uma campanha para captar novos associados. “Hoje é fundamental atrair jovens porque estamos a perder os nossos sócios mais velhos e é preciso assegurar uma renovação. Por outro lado, importa salvaguardar que o clube não tem só futebol e temos necessidade de aumentar o número de associados”, explica, agradecendo aos pais “pelo grande envolvimento e apoio total” que, nos últimos anos, têm dado ao clube, nas suas várias modalidades.

Já a piscar o olho ao centenário, Mário Fernandes admite que “os anos passam muito rápido”, sendo desejo da sua equipa “manter O Vigor da Mocidade com esta força e com este dinamismo, já que se trata de um clube que tem feito muito pelo desporto e pelos jovens do concelho de Coimbra”.