13 de Fevereiro de 2025 | Coimbra
PUBLICIDADE

Geocaching: uma “caça ao tesouro” que promove territórios

13 de Novembro 2020

Quem nunca imaginou participar numa “caça ao tesouro”, fantasiando o que nos contam os livros de histórias? De certa forma, isso é possível no mundo real com o “geocaching”, uma atividade praticada ao ar livre, que tem ganho um novo fôlego nos últimos tempos, para a qual é necessário, apenas, um equipamento GPS e muito espírito de aventura.

O que é o “geocaching”?

Há quem considere o “geocaching” um desporto, um jogo, uma atividade de lazer ou simplesmente turismo. O objetivo é encontrar uma “geocache” (tesouro) escondida em locais estratégicos, através das coordenadas GPS.

Cada vez mais pessoas se vão interessando pelo “geocaching” uma vez que quem o pratica não necessita realizar nenhum investimento específico, pois como funciona através de coordenadas GPS basta utilizar um ‘smartphone’.

Depois, precisa apenas de criar uma conta em www.geocaching.com e descobrir quais as “caches” que existem na zona onde se encontra.

Como saber o que é uma “geocache”?

A típica “geocache”, ou simplesmente “cache” como dizem a maioria dos praticantes da atividade, é uma pequena caixa fechada e à prova de água (muitas das vezes utilizam-se recipientes de conservação de alimentos), que contém um livro de registo e alguns objetos como canetas, lápis, moedas ou bonecos para troca.

Um dos propósitos, para além da partilha de objetos, passa por dar a conhecer um local específico, optando, por isso, os praticantes por sítios com algum tipo de interesse, seja ele histórico, uma bonita paisagem ou até pequenos recantos “secretos”.

As “caches” têm diferentes níveis de dificuldade, que vão do um ao cinco, tanto no que diz respeito à resolução da mesma como na classificação do terreno para chegar até ela.

Qualquer praticante pode esconder e submeter para revisão uma caixa, no website onde criou a conta de utilizador, desde que seja bem planeada e cumpra todos os requisitos. Dizem os entendidos que apenas se deve submeter uma “cache” depois de já ter descoberto várias, de diferentes tipos.

Quais os tipos de “geocaches”?

Existem vários géneros de “caches” para além da tradicional caixa pequena onde os participantes encontram o livro de registo e para as quais as coordenadas cedidas no website são da sua localização exata:

“Multi-cache” – estas envolvem dois ou mais locais a visitar, sendo que na localização final tem de existir sempre um recipiente físico. Existem muitas variantes, mas a maioria das caixas múltiplas têm dicas para encontrar as seguintes. Os pontos intermédios podem ser virtuais, ou seja, podem não ter nenhuma caixa mas sim uma data para recolher, por exemplo;

“Caches mistério ou enigma” – neste tipo de caixas para que os praticantes consigam obter as coordenadas reais precisam resolver alguns quebra-cabeças;

“Letterbox Híbrido” – este é outro tipo de “caça ao tesouro” com várias pistas em vez de coordenadas. As ‘letterbox’ devem conter um carimbo, sendo que este não é um item de troca;

“Wherigo Cache” – é um conjunto de ferramentas para criar e jogar com GPS aventuras no mundo real. O ‘Wherigo’, chamado de cartucho, permite aos “geocachers” (praticantes) interagir com elementos físicos e virtuais, tais como objetos ou personagens, de forma a que no final consigam encontrar o recipiente físico;

“Cache evento” – são convívios entre praticantes. A página do evento tem as coordenadas da localização onde se irá realizar;

“Cahe in Trash Out – CITO” – enquanto procuram “caches” devem apanhar o lixo que vão encontrando pelo caminho e deixá-lo nos locais apropriados;

“EarthCache” – é um lugar especial que as pessoas podem visitar e aprender mais sobre a ciência e os fenómenos naturais do nosso planeta. As páginas das “EarthCache” incluem um conjunto de explicações, juntamente com coordenadas do local a visitar;

“Cache virtual” – estas consistem na descoberta de um local ao invés de uma caixa. Para comprovar que esteve no local pode ter de responder a uma ou mais perguntas sobre a localização, tirar fotos ou executar uma tarefa.

“Geocaching” como produto turístico

Várias têm sido as autarquias a apostar nas redes de “geocaching” como forma de promover os seus territórios, considerando que esta atividade pode atrair visitantes.

Esta atividade, tanto para quem a considera turística, de lazer ou até mesmo para quem a classifica como um desporto, incita à descoberta do território de uma forma original.

Um dos Municípios que tem estado a investir nesta área é a Pampilhosa da Serra, que concluiu a segunda fase de implementação da rede “geocaching”, contando já com 73 “caches” estrategicamente colocadas ao longo dos nove percursos pedestres do território.

A Câmara Municipal, em parceria com o Departamento de Geografia e Turismo da Universidade de Coimbra, iniciou a rede em 2018, com o objetivo de fomentar a visitação não só de pessoas que possam ser da região, como também de turistas.

Enquanto produto turístico, o “geocaching” parece assumir, cada vez mais, um papel importante na valorização e dinamização dos territórios, uma vez que contribui para a diminuição do efeito da sazonalidade na procura de certas regiões, assim como para o aumento do número médio de dias que as pessoas passam na zona, conforme explicou Gustavo Brás, da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra.

“Temos informação que 52 por cento dos registos efetuados no concelho foram nos meses de abril e outubro, o que para nós é ótimo, pois prova que as pessoas procuram a Pampilhosa da Serra noutras alturas do ano para além do Verão. Isto faz com que a própria economia local também se desenvolva mais do que seria normal”, explicou Gustavo Brás.

Como é ser “geocacher”?

“O Melga”, nome (nick) pelo qual é conhecido este praticante de “geocaching”, tem 58 anos e é “geocacher” desde 2009.

Entrou neste “mundo” a convite de um colega que lhe deu a conhecer o que era a atividade e de que forma se praticava. “Na altura achei fascinante o facto de poder conhecer novos sítios e encontrar as ‘caches’. Foi precisamente isso que me fez continuar: conhecer locais novos”, afirmou “O Melga”.

Hoje em dia o que o move no “geocaching” é um pouco diferente: “atualmente continuo a praticar pelo convívio, pelas amizades que se vão criando”.

São milhares as caches encontradas por este praticante, natural da Figueira da Foz, que corre vários pontos do país em busca de novas caixas. “Recordo que a primeira ‘cache’ que fiz foi na Costa de Lavos e ainda hoje ela está ativa”, contou.

Casado e com uma filha, refere que não houve uma grande alteração da rotina familiar, sendo também elas praticantes de “geocaching”. “É uma forma de passearmos juntos”, referiu “O Melga”.

No entanto, apesar da alteração na rotina não ser muita algumas coisas mudaram, pois ser proprietário de 99 “caches” é algo que dá bastante trabalho e ocupa algum tempo. “Tenho de fazer a manutenção de todas as ‘caches’ o que nem sempre é fácil”, confessou.

Como praticante de há bastantes anos, “O Melga” deixa um apelo a todos os praticantes, principalmente aqueles que iniciam agora esta aventura: “não criem ‘caches’ só para fazer número, escolham locais com algum sentido e significado. Para além disso, seria muito gratificante para os proprietários das ‘caches’ se quem as encontra escrevesse algo no livro de registos e não deixasse só uma assinatura ou um ponto final. Contem a história da descoberta daquela caixa, se gostaram ou não, pois esse é o único retorno para o proprietário”, concluiu.

Passo a passo…

Para praticar “geocaching”, o primeiro passo é registar-se no website www.geocaching.com, onde terá de escolher um nome de utilizador. Depois de criada a conta consegue verificar todas as “geocaches”, através da consulta do mapa mundo. Ao selecionar uma delas fica disponível a informação sobre o local que se pretende que o “geocacher” fique a conhecer, assim como as coordenadas que deve inserir no GPS. Os telemóveis são hoje o meio mais utilizado pelos praticantes, que permitem utilizar uma aplicação (geocaching.com) que indica automaticamente as “caches” que se encontram escondidas nas proximidades do utilizador, bastando escolher uma e seguir as indicações que surgem no ecrã.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

Todos os direitos reservados Grupo Media Centro

Rua Adriano Lucas, 216 - Fracção D - Eiras 3020-430 Coimbra

Powered by DIGITAL RM