A Fundação ADFP, sediada em Miranda do Corvo, manifestou preocupações sobre uma situação que considera grave, envolvendo o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Segundo a instituição, nos últimos meses, o CHUC tem transferido doentes da região de Coimbra para uma instalação em Albergaria-a-Velha após alta hospitalar.
De acordo com uma carta aberta divulgada, a transferência de doentes é particularmente problemática para os residentes de Coimbra e da região sul da cidade, uma vez que dificulta as visitas familiares devido à longa distância envolvida. A Fundação ADFP disponibilizou camas para estes doentes desde novembro de 2021, incluindo no Hospital Compaixão e em outros estabelecimentos, a um custo igual ou mesmo inferior ao que o hospital está atualmente a pagar pela transferência, que fica a cerca de 100 km de distância.
A Fundação ADFP considera “incompreensível que o CHUC mantenha uma atitude de desumanização, causando sofrimento desnecessário aos utentes e às suas famílias, ao recusar as soluções de qualidade e proximidade que a Fundação ADFP pode oferecer”.
Em resposta às preocupações levantadas pela instituição, a administração do CHUC esclareceu que, em janeiro de 2021, durante o auge da pandemia da covid-19, foram estabelecidos contratos com entidades externas para garantir cuidados hospitalares, uma vez que os hospitais da região central precisavam transferir doentes não urgentes, libertando camas para casos mais graves.
Quanto à transferência de utentes para a instalação em Albergaria-a-Velha, o CHUC explica que, na época, foi necessário contratar camas e contar com unidades que já prestavam serviços à Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), como a Fundação Aurélio Amaro Dinis, em Oliveira do Hospital, e as Residências Montepio, em Albergaria-a-Velha.
A administração do CHUC enfatizou que, com base nas informações disponíveis na época, a ADFP não estava entre as instituições com contratos estabelecidos com a ARSC, “pois não possuía os recursos humanos necessários para prestar estes cuidados”.
Conforme consta no esclarecimento, considerando a necessidade contínua de camas, o CHUC retomou o processo de preparação de um concurso público para a compra de serviços de saúde para doentes não agudos em ambiente hospitalar. Esse concurso será divulgado em breve, e a ADFP, juntamente com qualquer outra entidade, poderá apresentar a sua proposta.
A ADFP, em resposta ao comunicado do CHUC, reiterou que disponibiliza camas para estes doentes desde novembro de 2021, incluindo no Hospital Compaixão e em outros equipamentos.
A instituição adiantou ainda que “durante a epidemia covid a Fundação manteve sempre em funcionamento as suas Unidades de Cuidados Continuados de Média e Longa Duração com 66 camas e recursos humanos necessários”. “O CHUC teve sempre conhecimento que estas unidades estavam a funcionar com os recursos humanos adequados, pois ‘diariamente’ há movimento de doentes entre o CHUC e as unidades da Fundação”.
A ADFP refere que terá informado repetidamente a Unidade Hospitalar sobre essa disponibilidade nos anos de 2021, 2022 e 2023. No entanto, “a administração do CHUC não tem respondido aos esforços da Fundação”, conclui.